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Em 1920, BH recebeu a Monarquia Belga com 'tapete de alpiste'

Em 1920, Belo Horizonte recebeu a realeza belga com um coral de 6 mil vozes, uma repaginada no Palácio da Liberdade e um belo tapete de alpiste.

Por Redação

08/09/2023 às 19:23:55 - Atualizado há
Em 1920, Belo Horizonte recebeu a realeza belga com um coral de 6 mil vozes, uma repaginada no Palácio da Liberdade e um belo tapete de alpiste. Neste quarto episódio da nova temporada do Sabia Não, Uai!, contamos como foi essa inusitada recepção para o rei Alberto I e a rainha Elisabeth, os primeiros monarcas europeus a visitarem o Brasil após a Proclamação da República (1889), e a herança que os hóspedes reais deixaram e podem ser vistas até hoje em BH.

A capital mineira mal tinha completado 23 anos, quando entrou na lista de cidades brasileiras visitadas pela Monarquia Belga. O propósito da viagem não era apenas conhecer a jovem cidade planejada, mas também estreitar a relação econômica entre os países. Alberto I e Elisabeth ficaram no Brasil entre 19 de setembro e 15 de outubro de 1920, período no qual estiveram no Rio de Janeiro e São Paulo, além de conhecerem BH, Nova Lima e Lagoa Santa.
Em Belo Horizonte, o então presidente de Minas, Arthur Bernardes, cargo que hoje a gente conhece como governador, queria que os belgas se sentissem em casa. E, a hospitalidade mineira fez o casal se hospedar num lugar muito especial: o Palácio da Liberdade. A chegada dos ilustres hóspedes levou à primeira grande reforma do prédio que era o centro do poder político de Minas e também da Praça da Liberdade, na Região Centro-Sul de BH. 

Influência francesa na praça

Como a França servia de inspiração para muitas estruturas na Bélgica, Arthur Bernardes decidiu transformar o interior do palácio e os arredores para que tivessem um estilo francês. Assim, a nova versão dos jardins desse cartão-postal de BH ganhou os traços com influências de Versailles como conhecemos atualmente.
A reforma terminou a tempo para a recepção planejada a Alberto I e Elisabeth. Porém, os jardins não estavam prontos. A grama demoraria tempo demais para ser recomposta. Foi então que veio a solução: plantar alpiste. A gramínea leva em média três dias para crescer e cria um efeito bonito de jardim bem cuidado. Uma solução prática e temporária para a ocasião. 

Coral e uma multidão de curiosos

casal real desembarcou em Belo Horizonte na Estação de Ferro Central, em 2 de outubro de 1920, recebidos pelas autoridades mineiras e uma multidão de curiosos que queriam conhecer o rei Alberto I e a rainha Elisabeth. De lá, os monarcas seguiram para o Palácio da Liberdade em um cortejo que contava com 15 carros.
Na Praça da Liberdade, seis mil alunos de escolas públicas de BH e região surpreenderam o casal real. As crianças foram divididas em grupos, e cada uma delas carregava um emblema com nomes das províncias belgas. Em coro, cantaram o Hino da Bélgica.
Segundo relatou Affonso Penna em edição da revista O Cruzeiro, o coral agradou tanto os monarcas que teria arrancado lágrimas da rainha. No fim da visita, Alberto I e Elisabeth presentearam Arthur Bernardes com um casal de cisnes negros. A tradição de ter cisnes negros no lago atrás do Palácio da Liberdade se mantém até hoje.

Obras na Praça da Liberdade 

Depois dessa primeira grande mudança, a Praça da Liberdade passou por algumas outras revitalizações. Segundo o arquiteto e professor de pós-graduação da PUC Minas Ulisses Morato, a praça passou por duas mudanças de grande porte em sua história. Além do projeto do alemão Reynaldo Dierberger para receber os monarcas belgas, houve uma restauração para a celebração do centenário de Belo Horizonte, em 1997, desta vez com projeto da arquiteta mineira Jô Vasconcellos.
Além das grandes obras, pequenos ajustes para manter o espaço, preservando o traçado, são feitos com mais frequência. O Palácio da Liberdade e seu conjunto herdado dessa mudança pensada para receber a Monarquia Belga é um patrimônio cultural tombado desde 1975 e conta com esculturas e uma flora múltipla, como as famosas palmeiras, flamboyants, ipês, azaleias e outras.

Sabia Não, Uai!

O Sabia Não, Uai! mostra de um jeito descontraído histórias e curiosidades relacionadas à cultura mineira. A produção conta com o apoio do vasto material disponível no arquivo de imagens do Estado de Minas, formado também por edições antigas do Diário da Tarde e da revista O Cruzeiro.
Sabia Não, Uai! foi um dos projetos brasileiros selecionados para a segunda fase do programa Acelerando Negócios Digitais, do Centro Internacional para Jornalistas (ICFJ), programa apoiado pela Meta e desenvolvido em parceria com diversas associações de mídia (Abert, Aner, ANJ, Ajor, Abraji e ABMD) com o objetivo de atender às necessidades e desafios específicos de seus diferentes modelos de negócios.
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