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Cães de moradores em situação de rua são achados com sinais de abuso sexual

Duas cadelas foram encontradas com sinais de abuso sexual no Bairro Santo Antônio, na Região Centro Sul de Belo Horizonte.

Por Redação

15/09/2023 às 22:47:15 - Atualizado há
Em maio, um morador do bairro encontrou a Lobinha agonizando de dor e a levou ao veterinário, mas a cadela não resistiu aos ferimentos. Relatos de outros habitantes do bairro dão conta que, dias antes de ser resgatada, Lobinha teria sido agredida pelo seu tutor. O animal foi encontrado ferido e sozinho. Ao fazerem o exame de necropsia, sinais de abuso sexual foram constatados.
Camila já foi encontrada sem vida. Em entrevista ao Estado de Minas, a terapeuta ocupacional Caroline Machado Barini contou que um dia, ao passar pelo tutor dela, percebeu que a cadela estava no cio e parecia sentir dor. Ela e uma amiga perguntaram ao homem se podia ver se seria possível castrá-la. Depois que conseguiu o aval de um veterinário para a realização do procedimento, ela voltou a procurar o tutor da cadela, mas ele disse que ela havia morrido. 
“Eu consegui a castração para a Camila, mesmo ela estando no cio. Eu fui atrás do dono dela e ele primeiro agradeceu. Eu disse que precisava pegá-la, por conta dos preparativos e da internação, e aí ele me falou que ela estava morta. Eu falei que não acreditava porque, em um primeiro momento, eu achei que ele só não queria que a gente levasse ela para castrar. Aí ele me levou até o barraco dele e ela estava morta”, relata. 

Abusos

Camila foi encontrada jogada nos fundos do barraco onde seu tutor fica. Ela estava sem as orelhas e com várias marcas pelo corpo. Em um vídeo que a moradora fez é possível ver que a vulva da cadela estava manchada de sangue e bastante deformada. 
“Quando ele me disse que iria jogar o corpo dela na barragem eu pedi a ele e falei que iria enterrá-la. Nós fizemos a necropsia, que apontou que ela foi abusada sexualmente”, conta Caroline. 
No laudo emitido por uma clínica veterinária consta que Camila teve a vulva lacerada e o canal vaginal rompido. A causa da morte foi dada como “inconclusiva”, mas a especialista constatou que os ferimentos pelo corpo da cadela e a remoção das orelhas aconteceram depois de sua morte. 
“As alterações visualizadas na região genital, como a laceração presente na vulva e a ruptura do canal vaginal são compatíveis com lesão causada pela introdução de algum objeto/instrumento de comprimento superior a 8 cm, o que caracteriza violação sexual”, escreveu a veterinária. 
Já no caso de Lobinha, a necropsia apontou que a cadela estava com edemas na vulva e a vagina dilatada. Em sua conclusão, o veterinário responsável pela necropsia apontou que não foram encontrados espermatozóides no corpo da cadela, mas que o abuso sexual poderia ter sido feito com objetos. 
“Os achados de vaginite hemorrágica e ulcerativa associados ao hematoma renal e hemorragia retal são compatíveis com lesões de origem traumática infligida. Quadros de vaginite, semelhantes ao encontrado na cadela, podem ser causados inclusive por abusos sexuais frequentes. As lesões ulcerativas na comissura labial e na língua podem também ser causadas pela contenção do animal durante o ato”, afirmou o especialista. 

Demora na investigação 


Assim que teve acesso à conclusão dos laudos confirmando os abusos contra as cadelas, Caroline e a amiga fizeram uma denúncia na Delegacia Especializada de Crimes Contra o Meio Ambiente e Apropriação Indébita, da Polícia Civil de Minas Gerais. O boletim de ocorrência foi registrado no dia 19 de julho, no entanto, conforme as mulheres, até esta sexta-feira (15/9) elas ainda não foram intimadas para mostrar os laudos veterinários e para depor. 
A dupla e outros moradores do bairro têm medo de que, enquanto alguma providência não é tomada pelo poder público, outros animais possam ser vitimados e abusados. 
“Eles sempre andam com muitos animais, principalmente o dono da Camila. Ele sempre é visto com cerca de dez cachorros e às vezes alguns gatos. E a rotatividade dos animais é muito alta, toda semana ele consegue novos animais. Ele alega que não os vende, mas eu tenho pessoas conhecidas que já compraram animais com eles. Normalmente, as cadelas ficam pouco tempo com ele, muito provavelmente porque ele costuma abusar sexualmente delas”, desabafa Caroline. 
A reportagem procurou a Polícia Civil para saber como está o andamento das investigações do caso, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.
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