Se está já calor para todo mundo, imagina só para quem trabalha debaixo do sol usando uma fantasia pesada? Apesar de ser penoso, Cleber Antônio dos Santos, também conhecido como o Homem de Ferro da Feira Hippie, afirma que é suportável. “O nosso organismo consegue absorver o calor. Os superpoderes também ajudam”, comentou ele entre as várias fotos que tirou com o público. É praticamente unânime: “o sol está de rachar” em Belo Horizonte.
Batendo recordes de temperaturas nos últimos dias – e com expectativa de aumentar nos próximos –, moradores da cidade e turistas compartilham o que planejaram fazer neste domingo (24/9), quando não tinha mais como controlar o calor dentro de casa.
A
Feira Hippie da Afonso Pena, já ponto tradicional entre belorizontinos e turistas pela variedade de produtos e de comidas, reuniu as mais diversas atividades – e necessidades. Leonardo Costa, de 50 anos, e Gabriela Andrade, de 31, estiveram na avenida por motivos diferentes e têm pareceres bastante distintos sobre o calor.
Ele, que foi à Feira para encontrar material de marcenaria – e não encontrou –. aproveitou para passear pelos arredores da avenida. “Tem que aproveitar esse calor, porque depois dessa fase, chegando no final do ano, é só chuva”, contou. Já ela, que está em BH de passagem e foi à Feira apenas para comprar um trocador de fraldas, afirma que o
calor atrapalha a rotina. “Sou de João Monlevade, e até ia ficar mais [tempo em BH], mas não está dando. Está muito quente”, disse ela enquanto se protegia do sol com o trocador sobre a cabeça. Leia também:
Primavera chega com flores e contrastes Também na Feira, além dos trabalhadores nas barraquinhas de comida – geralmente de frituras –, que afirmaram que a temperatura debaixo dos toldos pode chegar facilmente aos 50 graus celsius, teve turista lutando contra o sol. Maria Inês, de 51 anos, é de Santa Catarina e diz amar a cultura mineira e, não à toa, costuma voltar com frequência. Passeando com uma sombrinha pela Afonso Pena, gosta de preservar sua pele dos raios de sol.
“Eu sou o tipo de pessoa que o calor acaba com o ânimo, com a criatividade. Eu sou branca, a gente queima, e a gente adora o sol, porque faz bem, mas se você pegar o sol no rosto e no pescoço, você fica velho muito rápido, e está realmente calor demais”, explica.
A região esteve cheia e agitada. No
viaduto Santa Tereza, Túlio Graciano, de 30 anos, pegou seus óculos escuros e fones de ouvido para andar de skate. Em contraste com a opinião popular, ele considera a onda de calor “refrescante”. “Eu ando de skate, né? Pego um vento, tomo um bronze, então para mim é bem refrescante”, conta ele.
Já no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, o concerto da Orquestra Sinfônica realizou uma apresentação especial para celebrar os 60 anos do Clube da Esquina. Além da presença ilustre de
Márcio Borges, o público lotou o gramado – até para comemorar ocasiões especiais.
Com taças nas mãos, Isabela Campolina, de 37 anos, e Dener Rodrigo, de 34 anos, estavam celebrando o aniversário dela. O casal tem acompanhado todos os concertos no parque, mas destacam: “essa é uma grande oportunidade, temos que prestigiar”. “Na parte da manhã, vamos ficar pelo parque mesmo e mais tarde vamos fazer outras coisinhas para comemorar. Mas como o dia está quente, serão ambientes abertos mesmo para aproveitar o sol”, disse Dener.
Mas houve, também, quem não resolveu sair tanto da rotina, mesmo com o calor. Edu Pampani, de 60 anos, mora no bairro Santa Tereza e costuma andar de bicicleta no dia a dia. Hoje, para fugir do sol, foi ao Parque Municipal se refugiar nas sombras das árvores. “É mais fresquinho para pedalar, mas agora que está dando 10h, também está esquentando demais mesmo com as sombras. Já estou indo embora”, declarou.
Já Priscila Patta, de 40 anos, não saiu para se divertir. Caminhando pelo Viaduto Santa Tereza, voltava para casa depois de fazer suas compras num sacolão próximo. “Tem que ser no calor, né? Se não, quando vai ser?”, questionou.