São pelo menos sete bairros com relatos de falta de água desde a última sexta-feira (22/9), a exemplo do Morada Nova, Pequis, Monte Hebron, Lago Azul, Parnomara, Manaain e Jardim Europa. Desde o fim de semana, a água deixa de correr para as caixas d’água das casas e, quando chega, é em quantidades muito pequenas. A dona de casa Maridalva da Silva contou que os problemas dela vão além de não poder lavar roupa ou das descargas. “Meu filho é autista e uma das formas de acalmá-lo nesse calor é um banho. Ele ficou agitado e mesmo com medicação ele não se acalma. O banho é essencial. Se a gente já sofre com o calor, imagina meu filho, que não consegue entender o que está acontecendo”, afirmou.
Leia: Pedro Leopoldo entra na Justiça contra Copasa depois de cinco dias sem água A assistente Aline Araújo contou que, no fim de semana, racionam água e ainda assim a caixa foi esvaziada. “Ontem não correu água e fomos buscar com um condomínio que comprou. Foi para fazer comida, porque eu não lavo roupa com isso. A máquina de lavar está cheia para outras necessidades. Como mando meus filhos para escola? Eles não tomaram banho. Se eles forem, até levam uma garrafinha para beber, mas e o banheiro? e o alimento lá?”, questionou. “Não fizemos nada que precisávamos nesse fim de semana. Fui dar descarga e meu banheiro estava sem água. E eu com criança, como faço?”, disse a dona de casa Maria de Souza.
Dmae
Segundo o Dmae, “um dos desafios enfrentados, no momento, é a dificuldade para abastecer as caixas d’água das residências localizadas nas partes mais altas dos bairros” e o motivo é o consumo excessivo registrado nos últimos dias, que aumentou 170% além do recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em relação à média de consumo diário. “Residências que ficam nas partes mais baixas estão utilizando grande parte da água disponibilizada antes que esta chegue ao restante dos moradores. Como solução, uma das manobras, tem sido restringir o registro destas residências, no período noturno, para que seja possível chegar mais água aos demais moradores da parte alta, abastecendo assim, seus reservatórios domésticos”, informou a autarquia. O departamento afirma ainda que, para atender a alta demanda ligada à onda de calor, “está captando e tratando cerca de 3.980 litros de água por segundo, 36,9% a mais em relação ao mês de agosto desde ano”. Caminhões pipa também são usados pelos município. Apesar disso, o departamento espera regularizar, por hora, o abastecimento nas localidades. Foi repassada a informação de que os reservatórios que abastecem a região amanheceram com níveis satisfatórios, possibilitando o abastecimento contínuo dos bairros.
Recomendação
Diante da questão do desabastecimento e por se tratar de um serviço essencial, o Procon estadual recomendou que o Dmae deve fornecer água em caminhões pipas para os bairros com populações não vulneráveis e atender pela rede as comunidades mais carentes, sem qualquer custo. A recomendação partiu de uma representação feita pela vereadora Amanda Gondim (PDT). O promotor Fernando Martins ainda pede que haja desconto nas faturas de serviço dos dias ou dos picos em que a prestação de serviço não foi prestada e que seja apresentado relatório para a promotoria. O prazo para isto é de 10 dias. Foi determinada a instauração de investigação preliminar sobre o caso. Sobre a recomendação, o Dmae confirmou o recebimento e que os pedidos estão de acordo com as medidas tomadas desde o início da onda de calor. Informa ainda “que estão sendo realizadas manobras hídricas para priorizar os setores mais afetados, disponibilizando caminhões pipas para moradores e instituições como escolas e órgãos de saúde e também acelerando obras de extensão de rede que já estão em andamento desde o início do ano”.