Segundo Planalto, Biden disse querer trabalhar em "estreita colaboração" com o Brasil. Bolsonaro apoiou a reeleição de Trump e foi um dos últimos líderes a parabenizar Biden. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden
Carolyn Kaster/AP
O Palácio do Planalto informou nesta quinta-feira (18) que o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, enviou uma carta ao presidente Jair Bolsonaro na qual defendeu que os dois países "unam esforços" para enfrentar a pandemia do novo coronavírus e desafios da agenda ambiental.
A nota foi divulgada pela Secretaria Especial de Comunicação Social (Secom), vinculada ao Ministério das Comunicações. A Secom não divulgou a íntegra da mensagem de Biden.
Segundo a secretaria, a carta é de 26 de fevereiro e respondeu mensagem enviada por Bolsonaro a Biden para cumprimentá-lo pela posse em janeiro. O presidente brasileiro apoiou a reeleição de Donald Trump.
Vice-presidente dos EUA no governo de Barack Obama, Joe Biden venceu a eleição disputada em novembro, mas Bolsonaro não o cumprimentou na ocasião em razão das alegações de Trump, sem provas, sobre fraudes na votação. Bolsonaro endossou a tese de Trump e só enviou mensagem a Biden em 15 de dezembro.
Já em 2021, Bolsonaro enviou outra mensagem a Biden por causa da cerimônia de posse, realizada em 20 de janeiro. Na carta, o presidente brasileiro disse ser “grande admirador dos Estados Unidos” e que, desde de que assumiu o poder no Brasil, passou a “corrigir” o que chamou de “equívocos de governos brasileiros anteriores”, que, segundo o presidente, “afastaram o Brasil dos EUA”.
Conforme o governo brasileiro, Biden “salientou que seu governo está pronto para trabalhar em estreita colaboração com o governo brasileiro neste novo capítulo da relação bilateral”.
Conforme o Planalto, Biden “sublinhou que não há limites para o que o Brasil e os EUA podem conquistar juntos” e destacou o histórico dos dois países na “luta pela independência, defesa de liberdades democráticas e religiosas, repúdio à escravidão e acolhimento da composição diversa de suas sociedades”.
Biden, de acordo com o Planalto, saudou a oportunidade para que EUA e Brasil “unam esforços, tanto em nível bilateral quanto em fóruns multilaterais, no enfrentamento aos desafios da pandemia e do meio ambiente”.
O Brasil, onde a vacinação não tem a mesma velocidade dos EUA, tem até o momento 285 mil mortos pela Covid-19 e convive com um colapso do sistema hospital, com falta de leitos em todo o país.
Na área ambiental, a mensagem citou a COP26 e a Cúpula sobre o Clima, esta última que será sediada pelos EUA em 22 de abril. Biden destaca desde a campanha a importância de preservar a Amazônia, enquanto a política ambiental de Bolsonaro é criticada desde o início do governo, em 2019.
Ainda como candidato, o presidente dos Estados Unidos disse que buscaria "organizar o hemisfério e o mundo para prover US$ 20 bilhões para a Amazônia". Afirmou ainda que o Brasil pode enfrentar "consequências econômicas significativas" se não parar de "destruir" a floresta.
Após a fala, Bolsonaro afirmou, sem citar Biden, que "quando acaba a saliva, tem que ter pólvora" ao se referir à Amazônia.
Íntegra
Leia a íntegra da nota divulgada pelo governo brasileiro:
NOTA
Em atenção à mensagem de cumprimentos recebida por ocasião de sua cerimônia de posse como 46º Presidente dos Estados Unidos da América, o Presidente Joe Biden dirigiu carta de agradecimento ao presidente Jair Bolsonaro, datada de 26 de fevereiro último.
Ao referir-se às diversas vezes em que esteve no Brasil como vice-presidente, o presidente Biden sublinhou que não há limites para o que o Brasil e os EUA podem conquistar juntos. Destacou que as duas nações compartilham trajetória de luta pela independência, defesa de liberdades democráticas e religiosas, repúdio à escravidão e acolhimento da composição diversa de suas sociedades.
Após enfatizar a responsabilidade comum dos dois líderes em tornar o Brasil e os EUA mais seguros, saudáveis, prósperos e sustentáveis para as gerações futuras, o Presidente Biden saudou a oportunidade para que ambos os países unam esforços, tanto em nível bilateral quanto em fóruns multilaterais, no enfrentamento aos desafios da pandemia e do meio ambiente, em alusão ao caminho para a COP26 e para a Cúpula sobre o Clima, esta última a ser sediada pelos EUA em 22 de abril próximo.
Ao final, o presidente Biden salientou que seu governo está pronto para trabalhar em estreita colaboração com o Governo brasileiro neste novo capítulo da relação bilateral.
Secretaria Especial de Comunicação Social / MCom