Porém, esses números foram puxados por cargos que não exigem essa escolaridade. Em 4 anos, ocupação de pessoas com nível superior completo tem alta de mais de 15% no país
Num intervalo de 4 anos, a ocupação de pessoas com ensino superior completo teve alta de mais de 15% - no país. Porém, esses números foram puxados por cargos que não exigem essa escolaridade.
Entre 2019 e 2022, o número de ocupados com o nível superior completo subiu 15,5%. Mas se fizermos o recorte só do aumento em cargos que não necessitam do diploma o crescimento passou dos 21%. Destaque para posições como balconistas (22,1%) e comerciantes de lojas (18,2%).
Alguns motivos ajudam a explicar esse fenômeno:
Um deles, o aumento da escolarização no Brasil, fruto da ampliação do acesso às universidades públicas e programas federais de financiamento do ensino privado;
Além disso, o mercado de trabalho não vem acompanhando a oferta de profissionais formados;
E o setor de serviços - que é o que se recupera mais rapidamente depois da pandemia -normalmente não exige formação superior.
"Nessa recuperação do emprego, que começou no segundo trimestre do ano passado, a gente observa um grande destaque para o setor de serviços como gerador dessas vagas, e o setor de serviços, naturalmente, ele demanda menos mão de obra especializada. Isso não significa que a formação educacional dessas pessoas não seja relevante no mercado de trabalho. Significa uma sinalização com o mercado de que esse trabalhador ele se esforçou mais, ele tem uma formação melhor e tem outras habilidades que podem ser utilizadas no mercado de trabalho também", destaca Renan Pieri, economista da FGV EAESP.
Em 4 anos, ocupação de pessoas com nível superior completo tem alta de mais de 15%
Reprodução/TV Globo
Atuação no mercado de trabalho entre os mais pobres e mais ricos
A pesquisa ainda mostra uma evidência da desigualdade no país. A maioria das pessoas com ensino superior em famílias de baixa renda não atua em cargos que exigem esse nível de escolaridade.
Já entre os mais ricos, a situação é a inversa. Entre os que têm diploma, é uma minoria que não trabalha em empregos que condizem com a formação.
"A tendência é que as melhores universidades sejam ocupadas pelas famílias mais ricas ou pelas famílias que têm mínimas condições. É segundo que de alguma forma também, a gente vai assistindo um fenômeno que a gente viu em vários países. Acessar algumas ocupações não tem a ver só com a qualidade com o nível educacional acessar alguns postos de trabalho tem a ver também com a rede de contatos, tem a ver com os processos de entrada", comenta Fausto Augusto Junior, diretor técnico do DIEESE.
"É fundamental que você tem apoio para as classes mais pobres quando entra a universidade para que primeiro eles continuem. Eles concluam seus cursos segundo que eles tenham condições de se dedicar efetivamente aos cursos que demandam mais exigência e por fim de alguma forma você criar políticas que intermedeie o mundo do trabalho com as próprias universidades que é um outro grande problema", conclui.
Em 4 anos, ocupação de pessoas com nível superior completo tem alta de mais de 15%
Reprodução/TV Globo