Mariana Cultura

Zé Pereira da Chácara: Uma Tradição Centenária Ameaçada pela Dívida

Desfile de Bonecões em Mariana corre o risco de não acontecer devido a processo e dívida de R$170 mil

Por Redação

30/11/2023 às 09:35:21 - Atualizado há

No coração histórico de Mariana, a tradição de Zé Pereira da Chácara, enraizada desde o século XIX, enfrenta um desafio sem precedentes. O grupo, conhecido por seus imponentes bonecões que desfilam pelas ruas durante o Carnaval, está à beira da extinção devido a uma dívida que ultrapassa os R$ 170 mil, somando-se a um processo no Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCE- MG).

Darlan Ferreira, o atual presidente da Organização Folclórica Zé Pereira da Chácara, expressou com pesar: "Podemos dizer que essa é a pior fase que o Zé Pereira aconteceu desde a sua criação". Uma dívida ativa no município e a ausência de prestação de contas sobre o apoio financeiro da prefeitura desencadearam esse capítulo amargo na história do bloco.

O presidente revelou ter descoberto o valor exato da dívida após assumir a carga em outubro de 2023. Em 2017, após ser tombado como patrimônio imaterial da cidade, o grupo recebeu cerca de R$ 90 mil para a reforma dos bonecos e da sede. Contudo, o relatório do TCE-MG aponta uma omissão no dever de prestar contas sobre esse apoio financeiro.

Darlan destaca a dificuldade em rastrear o destino dos recursos, revelando que páginas da ATA das reuniões foram arrancadas. O valor da dívida, agora em R$ 177 mil devido a juros, coloca a organização em uma situação delicada, impedindo-a de receber recursos municipais. O presidente está considerando medidas legais para obter respostas sobre os recursos de 2017.

A aproximação do Carnaval de 2024 aumenta a ansiedade dos membros, pois a dívida impede a obtenção de recursos, e o tempo para que as imprescindíveis reformas nos bonecos gigantes se esvai. Apesar do apoio de uma empresa com uma contribuição de R$ 5 mil, o montante não é suficiente para garantir a continuidade das atividades do grupo.

Um Legado Cultural Ameaçado

O Zé Pereira da Chácara carrega consigo um legado cultural que remonta ao século XIX. Os cortejos dos catitões "Zé Pereiras" têm suas raízes nas festas do Rei Momo do Brasil do século XIX, importadas de Portugal. A tradição de desfilar com bonecos cabeçudos durante o Carnaval foi incorporada em diversas cidades brasileiras.

O dossiê de registro do grupo revela que a primeira menção à tradição data de 1899, quando um jornal católico falou a festa que teve início com batuques feitos por pessoas escravizadas da Chácara do Barão. Antes disso, em 1846, um sapateiro português confeccionou os primeiros catitões, marcando o início de uma tradição que perdura até os dias atuais.



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