De acordo com os pesquisadores, os testes têm custo até 100 vezes menor do que os que utilizam kits importados. Desenvolvimento de testes de detecção da Covid-19 realizada em laboratório da UFV em ViçosaUFV/DivulgaçãoA Universidade Federal de Viçosa (UFV) anunciou nesta terça-feira (23) a conclusão de dois testes rápidos para detecção da Covid-19 desenvolvidos por pesquisadores da instituição. A UFV ressaltou ainda que os testes têm custo até 100 vezes menor do que os que utilizam kits importados.De acordo com a UFV, a instituição será uma das primeiras a desenvolverem testes sorológicos com tecnologia própria no Brasil. O primeiro, que usa uma técnica já conhecida, será utilizado para um inquérito epidemiológico em Viçosa e o outro é um novo teste para detecção rápida de anticorpos contra o vírus, que dá resultados seguros em até dez minutos.O professor Tiago Antônio de Oliveira Mendes, do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, que chefiou a equipe que desenvolveu os testes explicou que o primeiro utiliza a proteína N do coronavírus, a mesma usada em outros testes comerciais.“Por meio de engenharia genética nós conseguimos fazer com que uma bactéria produza esta proteína em larga escala no próprio laboratório da Universidade”, afirmou.Segundo levantamento realizado pelos pesquisadores, enquanto um kit importado custa cerca de R$ 200,00 o valor dos testes desenvolvidos para UFV será em torno de apenas R$2,00. Com o baixo custo e a independência tecnológica, a Administração da UFV planeja realizar um inquérito epidemiológico do coronavírus em Viçosa, em colaboração com professores dos Departamentos de Microbiologia, Fitopatologia e Medicina e Enfermagem. Para o procedimento, serão coletadas amostras de sangue de parte da população para verificar a porcentagem de pessoas que já foram infectadas e já apresentam anticorpos. O inquérito vai permitir um melhor acompanhamento da evolução do vírus e embasar medidas de biossegurança mais efetivas. Os laboratórios da UFV têm capacidade de analisar mais de 300 amostras de sangue por dia para realização deste inquérito.Já para a segunda tecnologia desenvolvida pela UFV, os pesquisadores desenvolveram um antígeno para testes de detecção do SARS-CoV-2 baseado em uma proteína quimérica, ou seja, que não existe na natureza e foi totalmente desenvolvida por meio de bioinformática. O grupo selecionou pedaços de proteínas diferentes do coronavírus, eliminou, inclusive, partes que são parecidas com outros vírus que também causam doenças respiratórias, como a gripe, e que poderiam confundir o diagnóstico de Covid-19. O novo antígeno também é capaz de detectar o sinal da presença de anticorpos com maior precisão e será possível usar este teste sorológico já a partir do sétimo dia de sintomas, com acompanhamento da quantidade de anticorpos produzidos. Nos testes comerciais a detecção só se dá a partir do 14º dia. A acurácia, ou seja, a exatidão performance diagnóstica dos testes é de 97% e foi validada em análises de amostras de sangue de pacientes de Viçosa, Belo Horizonte e Salvador.Por ser inédita, a produção da proteína quimérica está em fase de transferência de tecnologia para uma empresa que cuidará do registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e ficará responsável pela produção do antígeno e pela comercialização dos testes rápidos. A patente será dividida entre a UFV e a empresa em regime de cotitularidade.A equipe do projeto foi composta pelo professor Tiago Mendes; os doutorandos Edson Andrade, Higo Sette e Renato Senra; e as pós-doutorandas Ramila Rodrigues e Thaís Fialho Martins. VÍDEOS: veja tudo sobre a Zona da Mata e o Campo das Vertentes