A escolha de Gustavo Pimenta, atual CFO (vice-presidente financeiro) da Vale, para suceder Eduardo Bartolomeo na liderança da empresa sinaliza uma continuidade na estratégia de negócios da companhia e reduz o risco de possíveis interferências do governo Lula, de acordo com analistas consultados pelo Estadão/Broadcast. No entanto, questões em aberto, como o acordo final da Samarco relacionado ao desastre de Mariana, continuam sendo um desafio significativo para a empresa.
"Para o futuro, a renegociação do passivo da Samarco deve permanecer como a principal questão para a Vale, e esperamos que essa situação se resolva nas próximas semanas", afirmam os analistas Leonardo Correa e Caio Greiner, do BTG Pactual. Eles acreditam que a resolução desse assunto pode fortalecer a posição da mineradora junto aos investidores e ajudar a melhorar o sentimento negativo que tem cercado a empresa nos últimos meses.
Ilan Abertman, analista da Ativa Investimentos, compartilha uma visão semelhante. Ele observa que os três principais riscos que vinham pressionando as ações da Vale eram a sucessão na liderança, a desaceleração econômica na China e o acordo de Mariana. "A sucessão de CEO foi resolvida, a situação na China está fora de controle da Vale e somente o tempo irá definir os desdobramentos. A prioridade agora é solucionar o caso de Mariana", afirma.
Gestão financeira de Pimenta
A Genial destaca que a experiência de Gustavo Pimenta na empresa, especialmente como vice-presidente financeiro, onde gerenciou a alocação de capital, faz dele uma escolha estratégica e bem informada, conhecendo profundamente os ativos, os projetos de expansão e o papel da Vale na transição energética.
Sob a gestão financeira de Pimenta, a Vale manteve uma alavancagem controlada e tomou decisões estratégicas quanto ao capex (Investimentos em bens de capital), destacando-se nos projetos como Capanema, MegaHubs e Vargem Grande, além de iniciativas voltadas para a descarbonização, como a VBM (níquel e cobre) e os briquetes verdes. A nomeação de Pimenta também reduz a possibilidade de influências políticas na gestão da empresa, o que beneficia sua imagem e operações.
Há expectativas de que Gustavo Pimenta possa acelerar as negociações com o governo, abordando temas críticos para a empresa como o acordo de Mariana, o ambiente regulatório e a renovação das concessões ferroviárias. Segundo o Itaú BBA, esses pontos devem ganhar mais destaque sob a nova liderança.
Futuros desafios para o novo CEO
Entre os desafios que Pimenta enfrentará estão a melhoria contínua das operações e o enfrentamento de questões regulatórias no Norte, além de otimizar a eficiência dos ativos subutilizados no Sistema Sul, como apontam os analistas Marcio Farid, Gabriel Simões e Henrique Marques, do Goldman Sachs.
Outro desafio mencionado pelos analistas da Genial é a indefinição sobre quem assumirá o cargo de CFO após a saída de Pimenta, já que a Vale ainda não anunciou um substituto.
Por outro lado, a Guide destaca o crescimento econômico moderado da China como um desafio relevante para a Vale. Como a China é responsável por 50% da demanda global de aço e 70% da demanda por minério de ferro, o mercado chinês é um destino chave para as exportações da empresa, e a queda nos preços do minério de ferro é uma preocupação adicional.
Com mais de 20 anos de experiência nos setores financeiro, de energia e mineração, Gustavo Pimenta traz um extenso currículo que inclui posições de destaque na AES e no Citigroup em Nova York, além de sua formação em Economia pela Universidade Federal de Minas Gerais e seu mestrado em Finanças e Economia pela Fundação Getulio Vargas.