Minas Gerais Economia & Política

Chapada de Minas premia os melhores cafés de 2024 em Capelinha

Em noite que contou com a presença de cafeicultores e lideranças empresariais, o Sebrae Minas e o Instituto de Café da Chapada de Minas (ICCM) premiou na última quinta-feira (24/10) os melhores cafés da região localizada no Vale Jequitinhonha.

Por Redação

25/10/2024 às 16:46:29 - Atualizado há

Em noite que contou com a presença de cafeicultores e lideranças empresariais, o Sebrae Minas e o Instituto de Café da Chapada de Minas (ICCM) premiou na última quinta-feira (24/10) os melhores cafés da região localizada no Vale Jequitinhonha. A terceira edição do Prêmio de Qualidade do Café da Chapada de Minas, que aconteceu na sede do Sicoob, em Capelinha, reconheceu o trabalho de produtores em cinco modalidades.

Ao todo, 73 amostras passaram pela avaliação a partir da metodologia de análise sensorial da Specialty Coffee Association (SCA), considerando dez critérios: fragrância/aroma; sabor; retrogosto; acidez; corpo; uniformidade; ausência de defeitos; doçura mínima; balanço; e conceito final. O café do tipo Cereja Descascado, produzido na Fazenda Primavera, foi o grande vencedor da noite, ao terminar com uma pontuação de 88,5. Cerca de 85% do café já é considero especial, com classificação acima de 80 pontos na escala que vai até 100. Atualmente, 45% da colheita da propriedade são voltadas para a categoria natural, e os 55% restantes envolvem o tipo cereja descascado.

Em 2018 e 2019, a Fazenda Primavera já havia vencido o Cup of Excellence (COE), principal concurso do mundo que avalia a qualidade de cafés especiais. O clima ameno, a altitude e o relevo conferem características peculiares às amostras produzidas na região. A fazenda ainda exporta o produto para o Japão, Emirados Árabes, Austrália e países europeus. A propriedade tem mais de 500 hectares de cafés especiais.

André destacou o trabalho de excelência da Primavera ao longo dos últimos anos. Crédito: Marlon Fernandes

Além do prêmio na modalidade "Cereja Descascada", a fazenda localizada em Angelândia foi vice-campeã na modalidade "Tradições Naturais". "No ano passado, levamos alguns prêmios neste mesmo evento, o que mostra nossa vertente de sempre produzir cafés com excelência e obter o reconhecimento no mercado. Nossos principais clientes são do exterior e isso mostra que nossa origem demonstra qualidade. Isso gera confiança dos consumidores", explica o engenheiro-agrônomo André Anbrellini, gestor da Fazenda Primavera.

O cafeicultor Rodrigo Crimaudo Mendes, da Fazenda Sequóia, levou a melhor na modalidade "Tradições Naturais", acima de 20 hectares. A propriedade produz uma média de 30 mil sacas de grãos anualmente, conciliando a produção de café com a preservação dos recursos naturais. Dos 3.900 hectares da propriedade, 3.100 hectares são de área de proteção ambiental. "É uma conquista não somente minha, mas de todos os funcionários que compõem a fazenda. Temos colaboradores que fazem um trabalho maravilhoso diariamente. Nosso café amarelão tem sido diversificado e gera resultado resultados maravilhosos", afirmou o produtor. Além da Primavera, Sérgio Meirelles, da Fazenda Alvorada, completou a lista dos três campeões.

Rodrigo Crimaudo Mendes dedicou o prêmio aos funcionários da Sequóia. Crédito: Samuel Martins

Uma novidade na premiação de 2024 foi a inclusão da categoria Microlotes Naturais, como forma de valorizar a agricultura familiar. A disputa foi vencida pelo produtor Tarcísio Costa Barbosa, da Fazenda Marmoreio. José Cunha Fernandes, da Fazenda Brejo do Cunha, e Gilson Pereira, da Fazenda Oda, completaram o grupo dos três melhores colocados.

Tarcísio participou pela primeira vez do prêmio. Crédito: Marlon Fernandes

Para Tarcísio, o troféu teve um sabor mais que especial. "É uma satisfação enorme ser reconhecido em um prêmio tão importante para a região, pois é a primeira que participo do evento. Mesmo sendo um pequeno produtor, sempre me esforcei, ao lado de minha esposa, para entregar aos clientes um café cada vez melhor. Me sinto muito orgulhoso pelo trabalho. Nas próximas edições, tentaremos repetir o resultado", conta o produtor, que começou a atuar na cafeicultura no fim dos anos 1980.

O Prêmio do Café da Chapada de Minas fez uma homenagem especial na terceira edição. Pioneiro na cafeicultura da região, o produtor Dailton Ribeiro, de 85 anos, foi lembrado pelo legado deixado na região do Jequitinhonha. Ele atualmente é empresário do ramo de postos de combustíveis em Belo Horizonte, mas tem a agricultura como paixão. “Fui um dos pioneiros no Jequitinhonha a trabalhar com café, quando meu tio foi prefeito em Capelinha. Amo muito esse território e fico lisonjeado por receber essa homenagem especial. Considero essa cadeia um negócio promissor para aqueles empreendedores que são organizados, tem um objetivo à vista e querem progredir com produção de cafés diferenciados", afirma Dailton.

Trip com compradores

Pela primeira vez sendo realizada em Capelinha – as duas edições anteriores aconteceram durante a Semana Internacional do Café (SIC) -, a premiação da Chapada de Minas contou com a participação de 10 compradores de café vindos de vários estados do país. Eles participaram de visitas a duas propriedades locais, em uma troca de experiências e conexões com o objetivo de expandir seus mercados.

Durante a estadia no Vale do Jequitinhonha, os empresários tiveram a oportunidade de participar do leilão que envolveu as amostras vencedoras no prêmio. Depois de várias rodadas de negociações, o total leiloado das sacas foi de mais de R$ 33 mil.

"Vivenciar o território da Chapada é fundamental para conhecermos o potencial do café da região. Até então, não havia tido a oportunidade de verificar de perto a produção local, que é reconhecida pela sua variedade. Fico muito satisfeito com os contatos e a expectativa de negócios", afirma o torrefador Alex Lima, cuja empresa fica situada em Mococa, no interior de São Paulo. Ele arrematou uma saca do café campeão do Cereja Descascada, da Fazenda Primavera, por R$ 5,5 mil.

Uma das fazendas visitadas pelos compradores foi a Alvorada, conduzida por Sérgio Meirelles. Ele administra o local com a ajuda da mulher, Carmen Lydia, e da filha Raquel, de 33 anos. "Estamos em uma região relativamente nova, com pouco mais de 40 anos, e eu pesquisei variedades do café. Ninguém havia feito isso. A qualidade e resistência do café se deve a três coisas: solo, clima e variedade. Nesse período, investi na genética de café para obter o melhor produto. Foram mais de 100 espécies pesquisadas ao longo dos anos", afirma Sérgio.

Sobre a região

A Região da Chapada de Minas é formada por 22 municípios e conta com cerca de 5,8 mil produtores de café. Pelo menos 20 mil trabalhadores vivem da cafeicultura, responsável pela produção de 600 mil sacas de grãos por ano. Em 2019, o Sebrae Minas desenvolveu a estratégia territorial para posicionar a região como produtora de cafés de alta qualidade com identidade e origem com a criação da marca-território voltada para o café na região.

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