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Ovos de Páscoa artesanais viram alternativa e geram renda para confeiteiras em Juiz de Fora durante a pandemia

Por Redação

28/03/2021 às 22:45:56 - Atualizado há
Segundo economista, valor do cacau e insumos aumentou no mercado internacional, resultando na alta dos preços dos tradicionais ovos vendidos em supermercados. Cake designer comentou sobre os tipos de chocolate que estão mais em alta atualmente. Ovos de Páscoa artesanais: conheça histórias de confeiteiras e a alta demanda do período

Layla Tomaz/Arquivo pessoal

A Páscoa será celebrada no próximo domingo, 4 de abril, e, além de ser uma celebração religiosa importante para os cristãos, marca também a tradição de comprar chocolates para toda a família. Outra característica desta época é o aumento do preço dos ovos a cada ano, que tem que ser observado pelas famílias brasileiras.

Em 2021, em meio à pandemia da Covid-19, esta situação se agravou ainda mais. Em entrevista ao MG1, o economista Fernando Agra explicou que o preço do cacau está mais caro no mercado internacional, assim como de insumos como plástico e papel (veja o vídeo abaixo).

Também por causa causa deste cenário, muitas fábricas precisaram diminuir a produção de chocolate. Tudo isso resulta na alta dos preços: ainda de acordo com a reportagem do MG1, tem ovo de 100 g sendo vendido por R$ 45 nos mercados de Juiz de Fora.

Ovos de Páscoa: confira preços, novidades e dicas de chocolates saudáveis

Por isso, para as famílias que não abrem mão do chocolate, mas buscam um maior custo-benefício, o G1 conversou com algumas confeiteiras da cidade sobre a produção de ovos artesanais.

A instrutora de Confeitaria e cake designer Michelle Peixoto, do Instituto Gourmet de Juiz de Fora, comentou sobre os tipos de chocolate que estão mais em alta atualmente. Assista abaixo:

Instrutora de confeitaria em Juiz de Fora fala sobre tipos de doces vendidos na Páscoa

Faturamento maior na Páscoa

A jornalista e confeiteira Juliana Duarte trabalha com produção de doces, bolos e pães desde 2017, durante todas as épocas do ano. Mas, segundo ela, não tem pandemia que faça cair a demanda na Páscoa.

“Na Páscoa, meu faturamento chega a ser três vezes maior que em alguns meses. 2020 foi o ano de maior procura. Acredito que por fazer divulgação e venda pela internet, por trabalhar com entrega e por haver cada vez mais valorização de produtos artesanais", contou.

Juliana Duarte vende doces desde 2017, e o faturamento aumenta na Páscoa

Juliana Duarte/Arquivo pessoal

Questionada pelo G1 sobre o motivo do crescimento nas vendas de ovos artesanais, Juliana afirmou acreditar que a valorização do artesanal se deve a uma qualidade cada vez maior deste tipo de produção, além da possibilidade de escolher sabores especiais e ingredientes frescos.

Além do aumento nos preços dos ovos industrializados, o bolso também está pesando para as produtoras artesanais: segundo Juliana, os materiais para a produção dos ovos também estão mais caros.

“Para tentar reduzir o impacto para os clientes, pesquisei com mais antecedência matérias-primas e embalagens, incluí produtos menores e mais baratos no cardápio e reduzi minha margem de lucro para conseguir manter e aumentar minhas vendas”, explicou.

A confeiteira conta com a ajuda de uma outra pessoa na cozinha

Juliana Duarte/Arquivo pessoal

Juliana contou ao G1 que sempre gostou de cozinhar e fazer doces para a família, mas decidiu investir nessa paixão como uma carreira quando foi demitida de um emprego e precisou se reinventar.

A profissional conta com ajuda de apenas uma outra pessoa na cozinha, e afirma que precisa de muita disciplina e planejamento para conseguir atender a todas as demandas pascais.

Por sempre ter tido muito cuidado e atenção na produção dos chocolates, Juliana explica que os protocolos de biossegurança não alteraram muito o processo de produção dos ovos artesanais.

Sobre a entrega dos ovos, a jornalista e confeiteira afirmou que o cliente pode escolher entre retirada e entrega, que é terceirizada, de carro, já que é mais seguro para o produto. Entretanto, é cobrada uma taxa de acordo com o endereço.

Doces como renda extra

Raquel decidiu começar a fazer doces durante a pandemia

Raquel Bonaldi Mendes/Arquivo pessoal

Em busca de novos caminhos profissionais e uma renda extra na pandemia, a assistente administrativa Raquel Bonaldi Mendes começou a fazer bolos caseiros e doces em 2020.

Por ter começado por volta de maio, a Páscoa de 2021 vai ser a primeira enfrentada pela profissional, que faz os doces sozinha e ainda entrega aos clientes.

Apesar de não ter como comparar com o feriado em outros anos, Raquel afirma que o público está em busca dos ovos artesanais como alternativa aos industrializados.

“Os [preços dos] ovos de supermercados aumentaram demais e os ovos artesanais tem todo um cuidado específico. Você pode escolher o tipo de recheio, cobertura e decoração para cada presenteado”, opinou.

Raquel também produz ovos e outros tipos de chocolate

Raquel Bonaldi Mendes/Arquivo pessoal

Cuidado na fabricação

Já a terceira confeiteira entrevistada pelo G1, Layla Tomaz, também está passando pela primeira Páscoa como produtora de ovos artesanais. Ela começou a fazer e vender doces em junho de 2020, como forma de melhorar a renda durante a pandemia.

Apesar de ser novata nessa época do ano, Layla diz já estar sentindo a diferença. “Vários de meus produtos já estão esgotados”, afirmou.

Ainda segundo ela, a população, em grande parte, parou de consumir os produtos industrializados e passaram a consumir produtos artesanais.

"A pandemia contribuiu um pouco para que essa mudança ocorresse, pois vejo que os produtores passaram a ter mais cuidado na fabricação e o cliente quer saber de todos os detalhes da produção”, acrescentou.

A demanda está alta durante a Páscoa para Layla

Layla Tomaz/Arquivo pessoal

Outro ponto levantado pela confeiteira é a condição dos ovos: os industrializados, por serem produzidos em larga escala, são feitos meses antes da venda. Enquanto isso, os ovos artesanais são frescos e produzidos em menor quantidade, o que pode influenciar até mesmo na qualidade da produção.

A confeiteira faz a produção dos doces sozinha e conta com a ajuda dos pais para fazer as compras do material e as entregas.

“Na confeitaria, nós temos um protocolo de higienização dos produtos e materiais utilizados, desde a chegada dos ingredientes do supermercado, fabricação até a entrega ao cliente. Além disso, usamos todos os EPIs necessários para estarmos trabalhando adequadamente para a produção dos doces, como, avental, toucas, máscara, luvas, etc”, disse.

O fato de produtos artesanais serem manuseados por um número menor de pessoas também é um ponto a favor desses em detrimento dos industrializados durante a pandemia, já que isso reduz o risco de contaminação pelo coronavírus.

“Nosso respeito e zelo pela vida do cliente é nosso lema, sabor e prazer é nossa finalidade. Fazemos com carinho, porque colocamos amor em tudo que é fabricado”, finalizou a profissional.

Layla explica porque acha que as vendas de ovos artesanais aumentaram

Layla Tomaz/Arquivo pessoal
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