“Espero que futuros estudos colaborativos incluam um compartilhamento de dados mais oportuno e abrangente”, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS. Tedros AdhanomJNO diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou nesta terça-feira (30) que a China ocultou dados dos pesquisadores de uma missão internacional que foi ao país para investigar as origens do Sars-CoV-2, o vírus que causa a Covid-19.Fiocruz vai apresentar pedido à Anvisa para testar vacina da Covid em criançasEm declarações aos países-membros da OMS, Tedros afirmou que a China se recusou a fornecer dados brutos sobre os primeiros casos de covid-19 para a equipe liderada pelo órgão, o que pode ter complicado os esforços para entender como e quando a pandemia começou.“Em minhas discussões com a equipe, eles expressaram as dificuldades que encontraram para acessar os dados brutos”, disse Tedros. “Espero que futuros estudos colaborativos incluam um compartilhamento de dados mais oportuno e abrangente.”A OMS divulgou oficialmente nesta terça o relatório completo com as conclusões da missão, que já havia sido vazado à imprensa ontem. A hipótese mais provável é que o vírus tenha surgido em morcegos e foi transmitido aos humanos por um animal intermediário. No entanto, a entidade afirmou, hoje, que outras teorias não podem ser descartadas e pediu estudos mais aprofundados.“No que diz respeito à OMS, todas as hipóteses permanecem sobre a mesa. Este relatório é um começo muito importante, mas não é o fim. Ainda não encontramos a fonte do vírus”, afirmou Tedros. “Não acredito que esta avaliação tenha sido extensa o suficiente. Mais dados e estudos são necessários para chegar a conclusões mais robustas.”Os integrantes da equipe da OMS já haviam reclamado, publicamente, da postura das autoridades chinesas em relação ao acesso aos dados completos sobre os primeiros casos de Covid-19. A informação era considerada crítica para descobrir quando o vírus começou a se espalhar pelo país.PressãoEm uma entrevista coletiva para comentar o relatório, o líder da equipe da OMS que foi à China, Peter Ben Embarek, afirmou que é possível que o Sars-Cov-2 já estivesse circulando em Wuhan em outubro e em novembro de 2019, o que poderia ter provocado a disseminação da doença no exterior antes do que se imagina. Ele também considerou como “improvável” a teoria de que o vírus escapou de um laboratório da cidade.Questionado sobre as questões políticas que envolveram a missão, Ben Embarek afirmou que ele e a equipe se sentiram pressionados, inclusive fora da China, mas destacou que nunca recebeu um pedido para retirar informações do relatório final publicado nesta terça.Um ano de pandemia: veja a cronologia das declarações e alertas da OMS