Parecer dos bombeiros faz parte do relatório de análise que será divulgado pelo Operador Nacional do Sistema. Relatório afirma que apagão no estado foi causado por 'contingências múltiplas'. Relatório do corpo de bombeiros afirma que a subestação de energia elétrica de Macapá que pegou fogo e levou a um apagão de mais de 20 dias no Amapá não tinha os sistemas preventivos contra incêndio.
O parecer dos bombeiros faz parte do relatório de análise de perturbação (RAP), documento produzido pelo Operador Nacional do Sistema (ONS), com uma análise detalhada do episódio.
O documento, ao qual a TV Globo teve acesso, será divulgado na tarde desta segunda-feira (7).
“Durante as conversações e coletas de dados para o preenchimento do relatório de ocorrência, questionamos sobre os sistemas preventivos daquela planta, bem como do plano de ação em caso de sinistro. Obtivemos a resposta que não possuíam", diz o relatório dos bombeiros.
"De fato, não conseguimos identificar sistemas preventivos no entorno da região sinistrada, salvo uma parede que separava o transformador sinistrado dos demais e o deck que o cercava", completa o relatório.
Ainda de acordo com o relatório, as estruturas não eram suficientes e havia, no entorno do transformador que pegou fogo, outros equipamentos que poderiam ter se incendiado, como caminhões.
Comitê do Setor Elétrico divulga hoje relatório sobre possíveis causas do apagão no Amapá
Segundo os bombeiros, técnicos tentaram religar a energia ainda durante o incêndio, o que poderia colocar em risco os profissionais que agiam no local.
"Durante o combate por vezes [os bombeiros] tiveram que repreender os técnicos que se encontravam na zona fria do local de sinistro, visto que insistiam em querer durante o combate às chamas religar o sistema que alimentava de energia os transformadores que ficavam no entorno, o que traria um risco em potencial à guarnição que estava em atuação", diz o documento. A religação não ocorreu.
Procurada pelo G1, a empresa Linhas de Macapá Transmissora de Energia (LMTE), responsável pela subestação, disse que o local opera com todos os sistemas necessários de prevenção de incêndio.
"A subestação de Macapá opera com todos os sistemas de combate a incêndio, tais como extintores e paredes corta-fogo, que funcionaram na noite do acidente. Prova disso é que somente o transformador TR01 sofreu o incêndio. Quando o Corpo de Bombeiros chegou ao local, o equipamento já havia sido isolado eletricamente de forma preventiva pela equipe da LMTE", informou a empresa em nota.
O incêndio deixou quase 90% do Amapá ficaram sem energia no dia 3 de novembro depois do incêndio na principal subestação de energia do estado, que integra ao Sistema Interligado Nacional (SIN). O governo federal e a distribuidora de energia dizem que o fornecimento foi normalizado no dia 24 de novembro.
'Contingência múltipla'
No relatório, o ONS afirma que a queda de energia elétrica na região foi resultado de "contingência múltipla" e recomendou ações para evitar que falte novamente energia elétrica na região. De acordo com o relatório do ONS, a "perturbação" teve início com a ocorrência de um curto-circuito na fase B de um transformador, resultando em sua explosão e incêndio, seguido da perda de outros dois transformadores. "As condições climáticas no local no instante da perturbação apresentavam chuva volumosa com descargas atmosféricas intensas", acrescentou.
Sobre a causa específica do incêndio no transformador que levou ao apagão, o relatório não apresenta uma conclusão. Diz que o curto-circuito pode ter sido consequência de "falha interna do transformador e/ou coordenação de isolamento inadequada na subestação". Mas o diagnóstico sobre a falha interna do transformador ainda será apresentado em um outro documento, o Relatório de Análise de Falha, que será feito pela empresa responsável pela subestação e aprovado pelo ONS.
O ONS é o órgão responsável pela coordenação e controle da operação das instalações de geração e transmissão de energia elétrica no Sistema Interligado Nacional e pelo planejamento da operação dos sistemas isolados do país.
Os problemas de fornecimento de energia no Amapá foram resolvidos em 24 de novembro. Foram três semanas de crise energética. A população enfrentou um blecaute de 4 dias em 3 de novembro, e um novo apagão total no dia 17 de novembro, que foi solucionado em cerca de 4 horas. O apagão causou uma série de problemas no estado: afetou o fornecimento de água e as telecomunicações, gerou uma corrida aos postos de combustíveis que tinham geradores de energia, provocou prejuízos a comerciantes que não conseguiam manter alimentos refrigerados, mudou toda a rotina dos amapaenses.
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