O economista inglês e professor universitário John Williamson, conhecido internacionalmente como o homem que cunhou o termo “Consenso de Washington”, morreu ontem, aos 83 anos, em Maryland, nos Estados Unidos.Williamson se destacou com trabalhos inovadores nos campos de regimes cambiais, reformas monetárias e economia internacional em geral. Foi conselheiro do Fundo Monetário Internacional (FMI), entre 1972 e 1974, e passou parte da vida no Brasil, depois de casar-se com uma brasileira. Ajudou a fundar o curso de mestrado de economia da PUC-RJ e atuou como professor entre 1978 e 1981, o que trouxe prestígio à instituição, de acordo com o também economista Edmar Bacha. Segundo o brasileiro, Williamson teve importante contribuição para o sistema financeiro internacional e para o estudo dos regimes da taxa de câmbio. Williamson é reconhecido por ter cunhado a expressão “Consenso de Washington”, interpretado por muitos como um conjunto de recomendações feitas na década de 90 pelos organismos multilaterais sediados na cidade, como o Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Mundial, que incluem austeridade fiscal, privatizações, desregulamentação e liberalização comercial.O inglês deixou o Brasil após ser convidado a integrar o Peterson Institute for International Economics, onde ficou até sua aposentadoria em 2012. Dois anos depois, em 2014, retornou ao Brasil para as comemorações de 70 anos do economista Pedro Malan. O Peterson Institute lamentou a morte do professor, destacando sua "integridade inabalável, combinada com inteligência, bondade e humildade". Também compilou condolências recebidas de personalidades do mundo acadêmico, como o Nobel de Economia Paul Krugman e o ex-vice-presidente do Federal Reserve (Fed) Stanley Fischer."Uma pessoa adorável e um grande contribuidor para a economia internacional", disse Krugman. "Todos que tiveram que pensar sobre o desenvolvimento econômico, ou economias e taxas de câmbio abertas, ou as (às vezes divergentes) políticas econômicas defendidas pelos “gêmeos da Rua 19” - o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial - estão em dívida com John Williamson", afirmou Fischer. "Todo aquele que já teve que lidar com os aspectos práticos do crescimento econômico e do desenvolvimento - especialmente com questões de câmbio - tem uma dívida de gratidão com John Williamson, principalmente pelo conteúdo do que ele escreveu, mas também pelo estilo calmo, claro e não histriônico com que ele escreve."