O colunista Gilberto Guimarães reflete se vale a pena o esforço e dinheiro em cursos mais longos diante das incertezas no mercado de trabalho e economia durante a pandemia >> Envie sua pergunta, acompanhada de seu cargo e sua idade, para:
[email protected] "Olá, posterguei meus estudos por causa da pandemia. Meu objetivo era fazer uma pós-graduação ou um MBA, mas quando tudo foi para o on-line resolvi aguardar. Agora, a situação não parece que irá se resolver tão cedo e as escolas continuam lançando cursos on-line. Gostaria de fazer um curso com certificado para ficar mais competitivo no mercado, mas minha empresa não me ajudaria financeiramente. Não sei se o melhor seria guardar o dinheiro devido às incertezas econômicas e de mercado. O que você acha? Obrigado”.
Coordenador de TI, 32 anos
Sempre vale a pena voltar aos bancos escolares e começar a fazer uma pós-graduação. É importante continuar estudando, não apenas para abrir novas portas profissionais, mas também como uma forma de permanecer atualizado e produtivo. Muitas escolas e universidades têm cursos de pós graduação específicos para serem assistidos on-line. Inclusive são cursos mais baratos. Normalmente são cursos em administração e gestão de negócios, alguns mais amplos e outros mais curtos e especializados, por exemplo, em finanças, marketing ou recursos humanos, segurança de dados, transformação digital. Sugiro que faça esses cursos mais curtos e especializados. Nesses cursos provavelmente você estará mais à vontade até porque o investimento financeiro é menor.
Por serem mais práticos também darão uma boa base operacional e lhe abrirão oportunidades de trabalho e “networking”. No entanto, o ideal é que antes de iniciar sua pós-graduação você tenha certeza de suas escolhas, ou seja, de que curso vai fazer. Aprofunde-se nos assuntos e nas suas áreas de atuação. Mas não esqueça que cursos lhe darão mais conhecimento, mas não mais competência, e não lhe ensinarão o “saber fazer”. Para conseguir abrir seus espaços você precisará ter experiência, aplicando na prática o conhecimento adquirido. Seria interessante que, em paralelo à faculdade e aos cursos, você consiga oportunidades para que possa atuar, aplicando o que aprendeu em aula. Sem isso o investimento em formação poderia ser desperdiçado.
Nós, enquanto profissionais, somos percebidos, não apenas como pessoas, mas também como sendo a solução para o problema de alguém, o atendimento de alguma necessidade. Quem nos contrata acredita que temos ou somos a solução para o problema dele. Se o problema que sabemos resolver todo mundo também sabe, a solução que propomos tem pouco valor e o valor que nos é pago é baixo. Por outro lado, se poucos resolvem o que podemos resolver, se a nossa solução só nós podemos propor, o valor pago será muito alto. Essa é a fórmula de avaliação de valor, de remuneração. Assim sendo, você deve focar em estudar aquilo que permita a você melhorar a qualidade de suas ações, das soluções que você traz para os problemas da empresa. Desta forma, independentemente da ajuda ou não pela empresa, o retorno sobre seu investimento será elevado.
É importante que, antes de iniciar uma pós-graduação, você tenha certeza de suas escolhas profissionais, ou seja, de suas escolhas de carreira. Não gostaria de ser repetitivo, mas em vários artigos anteriores ressaltamos que o planejamento é fator fundamental para o sucesso. A grande maioria das carreiras de sucesso foi planejada e idealizada cuidadosamente. Cada fase, momento e detalhe da vida é resultado de muita análise, avaliação, e repetição até a perfeição. Todo mundo faz carreira com o mesmo objetivo: ter sucesso. Além disso, vale lembrar que decisões de carreira têm que ser tomadas com uma perspectiva de longo prazo. Carreira está mais para maratona do que para corrida de cem metros rasos. Nem sempre quem sai na frente tem mais chance de ganhar a corrida. Para ter sucesso é preciso adaptar o ritmo de sua carreira, ou da corrida, ao seu objetivo, ou seja, àquilo que você quer ser, ter, e fazer no futuro.
É fundamental ter bem definido aonde se quer chegar. Para planejar sua carreira use uma das técnicas que se costuma utilizar para projetar um futuro. É a de escrever uma carta para si próprio, imaginando “você daqui a dez anos”. Tente definir o que “esse você do futuro” estará fazendo profissionalmente, qual cargo, em que setor da economia, ganhando quanto. Não pare por aí, vá mais longe e defina onde “esse você do futuro” estará morando, em qual país ou cidade. Estará casado ou solteiro, com filhos ou sem filhos? Assim por diante. Tente montar o cenário da sua vida futura. Não se preocupe em acertar, pois o importante aqui é definir o destino, o onde se quer chegar nessa viagem chamada vida, na qual a carreira é apenas um dos veículos. Destino definido, o próximo passo é escolher os caminhos que o levaram até lá, ou seja, os cursos, as formações, as pós-graduações, os empregos, as empresas, os cargos, os locais, as pessoas que o ajudaram a ser “esse você do futuro”.
Para definir isso um bom método é escrever uma nova carta, ou e-mail, para si próprio, só que agora como se fosse aquele “você de daqui a dez anos” escrevendo para o “você de agora” contando o que fez e como fez, para chegar aonde chegou. Nesta carta o “você do futuro” vai colocar os cursos que fez, os cargos que ocupou, as pessoas que o ajudaram, enfim, as escolhas e decisões que tomou, ao longo do percurso. Na primeira carta, o destino, na segunda, o percurso, os caminhos, as escolhas. Concluindo, a crise atual, consequência da pandemia, mais cedo ou mais tarde vai passar. A retomada será rápida, em V, como foi a da primeira onda. Para aproveitar essa retomada é importante estar preparado. Não vale a pena esperar. Não deixe que possíveis dificuldades impeçam você de buscar realizar seus sonhos. Faça as escolhas adequadas e, com esforço, dedicação e apoio, você vai ter sucesso e ser feliz. Nunca é tarde demais para voltar a estudar.
Gilberto Guimarães é diretor da GG Consulting e professor
Esta coluna se propõe a responder questões relativas à carreira e a situações vividas no mundo corporativo. Ela reflete a opinião dos consultores e não a do Valor Econômico. O jornal não se responsabiliza nem pode ser responsabilizado pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso dessas informações.
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