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Política

A três dias de cúpula sobre clima, Mourão diz que Brasil não deve se comportar como 'mendigo'


Para vice, outros países devem enviar recursos para combate ao desmatamento se Brasil mostrar bons resultados. Bolsonaro pediu a Biden 'apoio possível' da comunidade internacional. O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta segunda-feira (19) que o Brasil "não tem que ser mendigo" na busca por recursos para combater o desmatamento ilegal.

Presidente do Conselho Nacional da Amazônia Legal, Mourão deu a declaração a três dias da Cúpula dos Líderes sobre o Clima, que deverá reunir 40 chefes de Estado ou de governo. O anfitrião será o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e o presidente Jair Bolsonaro foi convidado.

Na semana passada, se tornou público o conteúdo de uma carta enviada por Bolsonaro a Biden, na qual o presidente brasileiro pediu a "ajuda possível" da comunidade internacional e disse que se compromete a zerar o desmatamento ilegal até 2030 (o mandato atual de Bolsonaro acaba em 2022).

Na entrevista desta segunda, Mourão afirmou que financiamento externo pode auxiliar, mas que a tendência é de os outros países repassarem dinheiro se o Brasil apresentar bons resultados na área.

"A tendência sempre é essa [esperar resultado concreto], que eu vejo. E a gente não tem que ser mendigo nisso aí. Vamos colocar a coisa muito clara: temos as nossas responsabilidades. O Brasil é responsável só por 3% das emissões no mundo. Desses 3%, 40% é o desmatamento, ou seja, 1,2% do que se emite no mundo é responsabilidade do desmatamento nosso aqui. Tem que fazer nossa parte, dentro do Acordo de Paris", declarou Mourão.

Para o vice-presidente, por ter matriz energética mais limpa na comparação com outros países e grande cobertura vegetal nativa, o Brasil é um "player" na mesa de negociações e poderá convencer os demais países sobre os esforços adotados pelo governo, apesar das críticas de políticos e ambientalistas.

Segundo o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), os alertas de desmatamento na Amazônia em março foram os maiores já registrados para o mês desde o começo da série histórica.

Ao todo, foram 367, km² no mês passado, conforme medições do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) – veja detalhes no vídeo abaixo.

Desmatamento na Amazônia atinge o pior índice em 10 anos

Fundo Amazônia

Ainda na entrevista desta segunda, Mourão disse que o Fundo Amazônia, parado desde 2019, pode receber o dinheiro que o governo deseja.

O vice tem dito que a meta reduzir entre 15% a 20% o desmatamento até julho na comparação com o ano anterior. Ele acredita que com esse resultado será possível reativar o fundo, em especial com Noruega e Alemanha, doadores originais.

"Se quiserem trazer recursos, o Fundo Amazônia admite todo e qualquer tipo de doação para ele. Ele já está aberto para isso, não é só os países que foram doadores iniciais. Entes privados, ou outros entes públicos, outros países podem aderir a ele", disse.

Criado em 2008 para financiar projetos de redução do desmatamento e fiscalização, o Fundo Amazônia está parado desde abril de 2019, quando o governo Bolsonaro extinguiu o Comitê Orientador (COFA) e o Comitê Técnico (CTFA), que formavam a base do Fundo.

À época, a Noruega suspendeu repasses ao fundo. Em resposta, Bolsonaro afirmou que o Brasil não tinha que usar o exemplo do país e sugeriu à Noruega que usasse o dinheiro para reflorestar a Alemanha.

Noruega

Mourão também afirmou nesta que tem conversado com autoridades norueguesas para destravar o Fundo Amazônia.

O ministro do Meio Ambiente da Noruega, Sveinung Rotevatn, disse à BBC News Brasil que a redução do desmatamento na Amazônia é uma "questão de vontade política, não de falta de financiamento adiantado".

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