Grupo do presidente quer emplacar Arthur Lira (PP-AL) como sucessor de Rodrigo Maia (DEM-RJ); negociação envolve apoiar nome do MDB na disputa pelo comando do Senado. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) recebeu na segunda-feira (7), em Brasília, o presidente do PP, Ciro Nogueira (PP-PI), e o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) para definir a articulação da campanha de Lira pela sucessão na presidência da Câmara dos Deputados, hoje ocupada por Rodrigo Maia (DEM-RJ)
Lira é o candidato do Palácio do Planalto e já começou a pedir votos em diferentes segmentos da Casa – entre eles, a esquerda.
O Planalto avalia que a decisão do STF, que vedou a reeleição nas duas Casas, enfraquece o DEM de Maia e Davi Alcolumbre (DEM-AP), presidente do Senado.
Por isso, quer aproveitar para turbinar outro grupo – comandado pelo PP, por exemplo – e entrou nas negociações para as sucessões nas duas Casas.
Entre as moedas de troca, estão: apoiar o MDB no Senado se o MDB abrir mão da candidatura própria na Câmara. Hoje, o nome cotado do MDB para concorrer contra Lira é o do deputado Baleia Rossi (MDB-SP).
No Senado, no entanto, parlamentares ouvidos pelo blog veem como preferência de Davi Alcolumbre o nome do senador Antonio Anastasia (PSD-MG).
Anastasia, que é vice-presidente do Senado, é respeitado entre os colegas e tem trânsito entre todos os partidos, incluindo a esquerda. Também, na avaliação de senadores, não teria o “carimbo do Planalto”, como seria o caso dos líderes do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), ou no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO) – este último favorito do Palácio do Planalto e também com bom trânsito no Senado. Mas, na avaliação de Alcolumbre, muito próximo ao Planalto.
O atual presidente do Senado, que também comanda o Congresso, não gostou da forma como o governo comemorou, nos bastidores, a decisão no STF que barra as reeleições.
Diferentemente de Maia na Câmara, não havia plano B no Senado: a maioria dos senadores apoiava a reeleição de Alcolumbre.
Agora, o presidente do Senado busca fazer seu sucessor, também em demonstração de força, e sua prioridade é se reunir com possíveis candidatos, como Anastasia, entre esta terça-feira (8) e sexta-feira (11).
Na mesa
Apesar das pautas econômicas pendentes, os próximos dias serão de intensas negociações pelo comando das duas Casas.
Maia ainda não tem seu candidato definido, mas aliados tentam viabilizar Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) como o principal rival de Lira. Como Aguinaldo é do PP, partido de Lira, uma negociação em curso é sinalizar uma mudança para o PSL na próxima janela partidária (2022). Como garantia, a irmã de Aguinaldo, Daniella Ribeiro, já se filiaria agora ao partido de Luciano Bivar, já que senadores não perdem o mandato se trocarem de partido.
Do lado do governo, a caneta vai ser o principal trunfo para emplacar sucessores nas duas Casas. Está em aberto uma dança das cadeiras para o ano que vem, especialmente envolvendo ministérios.
O principal foco, por enquanto, é a cadeira de Onyx Lorenzoni, do Ministério da Cidadania. A avaliação no Planalto é a de que, embora seja do DEM, ele não só não traz votos como não tem marcas em sua gestão.
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