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BC do Canadá endurece tom e indica alta de juros já em 2022

Por Redação

21/04/2021 às 16:01:41 - Atualizado há
Autoridade monetária diminuiu o montante de compras semanas de ativos para 3 bilhões de dólares canadenses O Banco do Canadá (BoC) inaugurou uma nova fase entre os bancos centrais de mercados desenvolvidos nesta quinta-feira ao começar a diminuir a quantidade de estímulos colocados na economia. Com um tom mais otimista em relação aos desenvolvimentos da atividade econômica, a autoridade monetária canadense diminuiu o montante de compras semanais de ativos de 4 bilhões de dólares canadenses para 3 bilhões e já indicou que, em seu cenário básico, a taxa de juros deve ser elevada no segundo semestre de 2022.

Comparado a outros bancos centrais como o Federal Reserve (Fed) e o Banco Central Europeu (BCE), o BoC se mostrou bem mais duro quanto aos rumos da política monetária. De acordo com a instituição, o ajuste na quantidade de compras semanais de ativos “reflete o progresso feito na recuperação econômica”. Nos cálculos do BoC, o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano deve registrar um crescimento de 6,5% e moderar para 3,75% em 2022 e 3,25% em 2023.

“Continuamos comprometidos em manter a taxa básica de juros no limite mínimo efetivo (de 0,25%) até que a ociosidade econômica seja absorvida para que a meta de inflação de 2% seja alcançada de forma sustentável. Com base na última projeção do Banco, espera-se que isso aconteça em algum momento do segundo semestre de 2022”, aponta o BoC no comunicado da decisão. Vale apontar que, horas antes da decisão, foram divulgados números de inflação no país e o núcleo do índice de preços ao consumidor ficou em 1,9% na comparação anual de março.

Os efeitos da decisão do BoC nos mercados de renda fixa, especialmente, foram imediatos. Logo após a divulgação do comunicado, a taxa do bônus canadense de dez anos saltou de 1,448% para 1,568%, na máxima do dia. Além disso, a alta dos juros canadenses puxou para cima, também, os rendimentos dos Treasuries de longo prazo, que operavam perto da estabilidade. Houve uma moderação na alta dos juros americanos, porém, após o leilão de US$ 24 bilhões em T-bonds de 20 anos atrair demanda bastante expressiva.

O economista-chefe internacional do ING, James Knightley, nota que o BoC se mostrou cauteloso em relação à proporção do mercado de títulos públicos que detém no momento - mais de um terço - e ao impacto sobre a liquidez. Nesse sentido, a aposta do banco holandês é de que uma redução ainda maior na quantidade de compras semanais de ativos feitas pelo BoC pode ocorrer já no segundo semestre deste ano e o programa pode terminar antes do fim do ano, “o que, de fato, abriria caminho para um aumento nos juros em 2022”.

Knightley aponta, ainda, que a surpresa “hawkish” com a decisão do BoC pode ter implicações “interessantes” na política monetária dos Estados Unidos. “Certamente colocará um pouco mais de pressão sobre o Fed para explicar por que está procurando deixar as compras de ativos até 2024 inalteradas antes de elevar os juros dado o crescimento mais forte, o emprego e o estímulo fiscal nos EUA em relação ao Canadá”, diz o economista do ING.

A decisão do BoC também se refletiu no mercado de câmbio, onde o dólar caía 0,97%, a 1,2489 dólar canadense (loonie) durante a tarde. Para o economista-chefe do banco canadense CIBC, Avery Shenfeld, o impulso dado pela decisão ao loonie deve ser revertido em algum ponto, “quando o Fed também assumir uma postura mais otimista e uma visão mais realista de que as pressões inflacionárias podem surgir em uma economia americana com aumento dos estímulos fiscais”. Não por acaso, o CIBC acredita que o Fed deve se mover ligeiramente à frente do BoC no processo de retirada dos estímulos monetários.

Embora esteja com a visão mais “hawkish” entre os bancos centrais do G-10, o BoC está acompanhado de outras autoridades monetárias que têm adotado visões mais otimistas quanto ao futuro da economia. O Banco do Japão (BoJ), por exemplo, fez modificações recentes no controle da curva de juros ao permitir uma banda de oscilação maior nas flutuações de mercado do retorno do bônus do governo japonês (JGB) de dez anos. Outras mudanças na política monetária, porém, não devem ser adotadas tão cedo.

Já o Banco da Reserva da Austrália (RBA) tem indicado em sua comunicação que está batante atento à aceleração dos preços de imóveis. Nesta semana, dados acima do esperado de vendas no varejo em março elevaram o sentimento otimista no mercado quanto aos rumos da economia australiana. O economista-chefe da consultoria High Frequency Economics, Carl Weinberg, aponta que, se a inflação acelerar, o RBA pode considerar algum aperto nas condições monetárias, mas, até lá, o banco central australiano “não deve remover os estímulos até ter certeza de pressões inflacionárias após meia década de inflação rodando abaixo da meta”.
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