Material elaborado pela Casa Civil aponta 23 possíveis incriminações, enquanto documento da oposição menciona 18 pontos de investigação. O documento elaborado pela Casa Civil para defender o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) das acusações de negligência na pandemia superou o número de acusações que constam do roteiro sugerido pelo vice-presidente da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (Rede/AP).
O documento do governo aponta 23 possíveis incriminações, contra 18 do roteiro da oposição. Cinco a mais. Entre as investigações que não estavam no rascunho da CPI, mas são "sugeridas" pelo governo, estão: genocídio de populações indígenas, militarização do Ministério da Saúde e descumprimento das orientações do Tribunal de Contas da União. Uma delas aponta a necessidade de o governo federal coordenar a aplicação de recursos federais.
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Reprodução/YouTube
E mais: a Casa Civil acaba dando uma forcinha para a convocação do ministro da Economia, Paulo Guedes, para depor, já que inclui dois pontos econômicos, que não estavam no radar da CPI: ineficácia do Pronampe, programa voltado para pequenas e microempresas, e demora no pagamento do auxílio emergencial.
Jair Bolsonaro (sem partido) e o ministro Paulo Guedes, em evento em janeiro de 2021.
Marcos Corrêa/PR
A amigos, o senador Randolfe Rodrigues ironizou: "É uma grata surpresa saber que a CPI ainda nem começou e já tem delação premiada. Aliás, delação precoce, para ficar em linha com a atuação do governo neste campo".
O blog vai além: sugere o vigésimo ponto para o documento da Casa Civil: a usurpação do papel da oposição.