Parceiros dos principais hits não autorizaram veiculação em nova série. Cantora diz 'a música é minha' e volta a levantar questão sobre criadores de bases eletrônicas que já foi tema de briga de Anitta e Ludmilla; entenda em podcast. Karol Conka toca no Lollapalooza 2016Caio Kenji/G1"Sinceramente, eu vou atrás dos meus direitos, porque a música é minha. Quem convidou essas pessoas para fazer essa produção fui eu. Eu acho um absurdo não ter liberação de uma música que é minha", reclama Karol Conká no terceiro episódio da série "A vida depois do tombo", do Globoplay. A fala reacende uma briga no Brasil que põe em xeque o papel dos músicos que criam as bases eletrônicas, os "beatmakers". Como a música pop está cada vez mais eletrônica no mundo, os criadores dos "beats" são mais reconhecidos como coautores das músicas, não só produtores. Mas no Brasil o status de autor, que rende fatia maior dos direitos autorais, é bem questionado. Ele foi um dos pontos da grande briga por "Onda diferente", parceria entre Anitta e Ludmilla, em que o "beatmaker" Papatinho acabou ficando só como produtor. Mas nos hits de Karol foi diferente.O G1 já explicou essa briga pela autoria dos "beatmakers" no pop em um podcast com participação de Zegon, DJ do Tropkillaz, e outros profissionais da música. Ouça abaixo:Na série, Karol ficou indignada ao saber que os parceiros de seus maiores hits, o DJ Nave e o duo Tropkillaz, não autorizaram a veiculação das músicas na série. Se o tom geral da cantora no programa é de desculpas pela participação mais rejeitada da história do "BBB", aqui reaparece a Karol brigona. TropkillazLostart / DivulgaçãoNo entanto, as informações dos créditos das músicas na tela desmente Karol Conká na mesma cena. Nave e os Tropkillaz são listados como coautores, junto com ela, de "Tombei", "Lalá", "É o poder" e outros hits. Em resumo: na prática, a música é deles também, não só dela. Quando ela diz que "quem convidou para fazer as produções fui eu", Karol está justamente tentando colocar os músicos fora da posição de coautores - em que, além de ganhar mais, eles têm o mesmo poder de autorizar ou vetar a veiculação das músicas. Mas tanto Tropkillaz quanto Nave entraram no registro das músicas no entendimento que tem sido mais comum no rap e outros estilos mais eletrônicos da música pop: como coautores. Por isso eles têm esse poder de veto. No podcast, o G1 procurou o especialista Daniel Campello, advogado e dono da ORB Music. "Os beats são, na minha visão, parte da melodia. É a base da música eletrônica, rap, funk". Ele faz uma ressalva: "Não adianta ter só um beat comum, só percussivo, sem nenhum aspecto de criatividade.""Gente, eles estão deixando de ganhar", Karol diz na série, sobre os ex-parceiros com os quais brigou. Neste ponto ela está legalmente correta. Os autores poderiam arrecadar direitos autorais pela veiculação caso autorizassem as músicas