Ministro do Meio Ambiente disse que redução de verba fragiliza atuação da pasta. Em 2019, Bolsonaro disse que Brasil não precisava de dinheiro da Alemanha para proteger a Amazônia. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, disse nesta segunda-feira (3), durante audiência em comissão da Câmara dos Deputados, que os cortes no orçamento do Ministério do Meio Ambiente fragilizam a atuação da pasta e pediu que deputados destinem dinheiro das emendas parlamentares para recompor o orçamento do ministério.No orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para 2021, R$ 677,5 milhões estavam destinados à área ambiental, valor que foi cortado para R$ 457,4 milhões, segundo dados compilados pelas Consultorias de Orçamento da Câmara e do Senado Federal. Segundo o Ministério da Economia, esse valor refere-se às emendas dos parlamentares destinadas ao meio ambiente, que foram elevadas durante a tramitação final da peça orçamentária do ano passado.Salles foi ouvido na Comissão do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara. Questionado sobre a redução da verba destinada à pasta, o ministro afirmou que a grande redução orçamentária da área se deu entre os anos de 2013 e 2015, durante a gestão da ex-presidente Dilma Rousseff.O G1 procurou a assessoria da ex-presidente e aguardava resposta até a última atualização desta reportagem.“Isso se reflete evidentemente na fragilização da capacidade de atuação dos órgãos ambientais, inclusive com a incapacidade de abertura de vagas e reposição de falta de quadros em razão de pessoas que se aposentam, falecem, mudam de profissão e por razões pessoais ou não acabam deixando os órgãos públicos”, afirmou Salles. Salles pede mais dinheiro ao Ministério da Economia para o combate ao desmatamentoSalles cobrou os deputados que criticam o governo a destinar mais verba de suas emendas parlamentares para o ministério. As emendas são uma forma de os congressistas direcionarem recursos para obras nos seus redutos eleitorais.“Para o Ministério do Meio Ambiente foram 96 emendas, praticamente um quinto do que foi para o Ministério do Desenvolvimento Regional, 10% do que foi para a Educação e bem menos do que foi para Defesa”, reclamou o ministro. “Muitos daqueles que acusam o governo federal de terem fragilizado o orçamento, eles próprios não destinaram emendas para o orçamento na área do meio ambiente, destinaram para outras pastas”, afirmou.Em 2019, depois de a Alemanha anunciar a suspensão do financiamento de projetos para a proteção da floresta e da biodiversidade na Amazônia devido ao aumento do desmatamento na região, o presidente Jair Bolsonaro disse que não precisava do dinheiro.Questionado na ocasião sobre o corte do investimento alemão, Bolsonaro afirmou à época que a Alemanha estava tentando "comprar" a Amazônia.