Mandetta era o ministro quando a pandemia chegou ao país, há pouco mais de um ano. Ele deixou o governo depois de se desentender com Bolsonaro sobre temas como distanciamento social e uso da cloroquina. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta começou a falar na CPI da Covid, no Senado, por volta às 11h05 desta terça-feira (4). O depoimento de Mandetta é o primeiro da CPI, instalada na semana passada.
O ex-ministro vai falar na condição de testemunha, quando há o compromisso de dizer a verdade sob o risco de incorrer no crime de falso testemunho. O Brasil já tem mais de 408 mil mortes por Covid-19.
Mandetta era o ministro quando a pandemia chegou ao país, há um ano e dois meses. Nas primeiras semanas da crise, ele dava entrevistas diárias para falar sobre o avanço do coronavírus e reforçar a necessidade de medidas de distanciamento social. A postura desagradou o presidente Jair Bolsonaro, que sempre foi contrário às restrições de circulação de pessoas, apontadas como essenciais por autoridades de saúde.
Mandetta também desagradou Bolsonaro ao não defender a cloroquina. O remédio, de acordo com estudos científicos, não tem eficácia para o tratamento da Covid. Mesmo assim, Bolsonaro afirma, há mais de um ano, que o uso pode curar a doença.
A relação entre Bolsonaro e Mandetta ficou insustentável depois de o presidente demonstrar publicamente insatisfação com o então ministro.
Mandetta deixou o governo em abril do ano passado, em meio à escalada da pandemia no país. O sucessor, Nelson Teich, que será ouvido na CPI na tarde desta terça, ficou menos de um mês no cargo, por também não concordar com Bolsonaro sobre a condução da crise.
Ana Flor: Mandetta preparou depoimento técnico para CPI da Covid
Temas do depoimento
Entre os integrantes da CPI, alguns temas são tidos como presenças certas no depoimento do ex-ministro.
Além das medidas de isolamento e da cloroquina, Mandetta deverá ser questionado sobre a falta de material de proteção hospitalar e de respiradores mecânicos no início da pandemia.
Outro tópico deverá ser a orientação do Ministério da Saúde, no início da pandemia, de que os pacientes com sintomas leves não buscassem atendimento médico.
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