Depoimentos dos ex-ministros Mandetta e Teich indicam a existência de um ministério paralelo que boicotava ações da pasta. Os depoimentos do ex-ministros Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich deram a certeza a senadores da CPI da Covid de que o governo Bolsonaro tinha um Ministério da Saúde paralelo que boicotava as ações de distanciamento e o uso de máscaras. Além, obviamente, de sabotar a autoridade dos dois ministros.
A principal meta desse ministério, que agia nas sombras, era acelerar a contaminação, explica o ex-ministro Mandetta. "O objetivo era alcançar a sonhada imunidade de rebanho o mais rapidamente possível. Daí, o incentivo a aglomerações" , explica Mandetta.
Os parlamentares de oposição apontaram ao blog os sete pecados capitais já confirmados pelos depoimentos:
O Ministério "Paralelo" de Saúde não era um mero órgão de aconselhamento. Produzia documentos, como a proposta de alteração da bula da cloroquina, e determinava a produção da droga pelo Exército, sem passar pelo ministro de direito, Nelson Teich.
O presidente Bolsonaro teve acesso a todas as informações sobre o os cuidados que deveriam ser tomados, foi alertado mais de uma vez sobre a gravidade da pandemia e do perigo de seguir o caminho que havia decidido. Ignorou todos os alertas. Preferiu ouvir o ministério paralelo. Não foi ignorância. Foi decisão. Foi projeto.
O ministério paralelo virou, finalmente, o ministério oficial com a posse de Pazuello.
O governo Bolsonaro teve três ministros (está no quarto) e apenas uma vacina para chamar de sua: a da AstraZeneca. Mandetta nada podia fazer porque não havia vacina no tempo em que foi ministro. Teich revelou que, em na sua curta gestão, autorizou a AstraZeneca a fazer testes no Brasil em troca de prioridade em uma futura compra. A CPI quer entender o que aconteceu depois disso. Uma pista: a gestão Pazuello recusou oficialmente 11 ofertas de vacinas.
Não é só birra ou guerra ideológica com a China. Existe um ato de ofício. Mandetta foi avisado que o embaixador da China não poderia pisar no Palácio para tentar destravar a importação de equipamentos e de medicamentos.
O Brasil vive no regime da "filhocracia". Os zeros à esquerda de Bolsonaro participam de reuniões onde são tomadas importante decisões.
A tropa de choque do governo é uma espécie de "zap da família" . Tá cheio de "Tiozão da cloroquina", aquele que fala bobagem com pose de donos da verdade.