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Pesquisadores da UFV criam filtro que elimina coronavírus de esgoto hospitalar

Por Redação

24/05/2021 às 09:50:58 - Atualizado há
A técnica pode ser usada ainda para eliminar outros patógenos e até mesmo outros compostos químicos como antibióticos ou agrotóxicos que causam contaminação das águas e danos ambientais. Filtro criado por pesquisadores da UFV destrói coronavírus em esgoto hospitalar

Daniel Sotto Maior/Divulgação

Pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa (UFV), desenvolveram um filtro capaz de destruir o coronavírus em esgoto hospitalar, antes mesmo que ele chegue às estações de tratamento. O trabalho que, teve início em julho de 2020, tem o objetivo de entender o que é feito com o esgoto contaminado oriundo dos hospitais.

Estudos de pesquisadores de pelo menos cinco países, incluindo o Brasil, apontaram a presença do novo coronavírus em amostras de esgoto coletadas semanas ou meses antes do primeiro caso registrado oficialmente na cidade chinesa de Wuhan, epicentro da pandemia de Covid-19.

A existência do Sars-CoV-2 nestas águas residuais faz com que o risco de contaminação seja considerado grave, principalmente em países com ausência ou insuficiência de tratamento de esgoto, o que poderia agravar a pandemia e manter o vírus circulando.

Na UFV, os estudiosos precisaram investir cerca de R$ 182 mil para a produção do filtro, que foram doados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

A técnica pode ser usada ainda para eliminar outros patógenos e até mesmo outros compostos químicos como antibióticos ou agrotóxicos que causam contaminação das águas e danos ambientais. Segundo o professor Tiago Antônio de Oliveira, líder da pesquisa, o desenvolvimento do filtro para remoção e inativação de SARS-CoV-2 está 100% concluído.

"O filtro também foi validado para remover e inativar bactérias que causam disenteria (Escherichia coli) e febre tifóide (Salmonella typhi) mas estamos agora desenvolvendo um filtro que além do coronavírus também remova também outros patógenos frequentes em efluentes como vírus da hepatite, adenovírus, rotavírus e bactérias patogênicas como Vibrio cholerae e Shigella", explica o professor.

De acordo com a Instituição, a tecnologia de desinfecção de águas residuais será patenteada pela UFV e já está em fase de escalonamento da produção das membranas e filtro para viabilizar a industrialização. O custo de produção calculado de cada unidade de filtro de 30 cm de largura é de R$ 89,80.

Enquanto isso, a equipe do laboratório de Biotecnologia Molecular permanece testando a tecnologia para remover outros vírus e patógenos incluindo o vírus da hepatite, rotavírus, adenovírus e bactérias causadoras de leptospirose e cólera.

Este é o terceiro trabalho realizado pelo laboratório de Biotecnologia Molecular e encomendadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para estratégias de combate à covid-19 no Brasil.

Filtro capaz de destruir coronavírus em esgoto hospitalar

Pesquisadores encontram vírus Sars-Cov-2 em esgoto

Daniel Sotto Maior/Divulgação

Para destruir o coronavírus em rejeitos hospitalares, os pesquisadores desenvolveram uma membrana capaz de adsorver, ou seja, atrair e reter partículas do vírus. Este filtro é feito de um material derivado da celulose, de baixo custo e alta capacidade de produção a partir de biomassas de resíduos vegetais, que poderiam virar contaminantes ambientais, mas podem ser bem aproveitados.

A pesquisadora Thaís Viana Fialho Martins explica que o filtro funciona como se fosse um cano para a passagem do esgoto hospitalar. Dentro dele está a membrana que segurou o vírus e uma lâmpada ultravioleta (UV) que aumenta o tempo de contato entre a radiação esterilizante e o patógeno, contribuindo para elevar a eficiência do processo de desinfecção. “A luz UV é prejudicial à saúde, por isso nossa técnica faz com que ela fique retida e não entre em contato nem mesmo com os responsáveis pela substituição da membrana”, explicou a pesquisadora.

A grande contribuição científica do trabalho foi desenvolver uma tecnologia para adicionar cargas elétricas específicas à estas membranas, tornando-as adequadas para atrair e reter as partículas virais.

Tiago Antônio de Oliveira explicou que a junção da de luz UV à membrana desenvolvida na UFV, deu ao processo 100% de eficácia na remoção do material genético em apenas 30 minutos de exposição.

“Este tempo parece ser importante para acelerar o processo de tratamento do esgoto hospitalar ou mesmo nas estações de tratamento das cidades”, disse ele. A técnica já está sendo testada também para atrair e destruir outros patógenos como bactérias que causam disenteria (Escherichia coli) e febre tifoide (Salmonella typhi)".

O custo de produção calculado de cada unidade de filtro de 30 cm de largura é de R$ 89,80.

Métodos

Para realizar os ensaios que comprovaram a eficiência do processo, a equipe de pesquisadores também desenvolveu uma espécie de coronavírus sintético, que permite facilmente a realização dos estudos em um ambiente seguro.

Para isso, eles isolaram o material genético do vírus retirando dele a molécula que tem capacidade de gerar infecção. Este material foi colocado dentro outro vírus que não causa doença e emite uma luz facilmente detectada durante o processo de infecção de células em laboratório. Assim, a eficiência da inativação do vírus em esgotos pode ser detectada pela redução da produção do sinal luminoso das amostras em experimentos seguros e controlados em laboratório.

Este material também pode ser utilizado em pesquisas que estudam outros métodos de controle do vírus e novas abordagens de tratamento para Covid-19.

Próximos passos

Tiago conta que para permitir transferência de tecnologia e comercialização dos filtros, os próximos passos incluem as etapas de escalonamento de produção, onde é feito a produção das membranas e filtro em uma escala maior do que a piloto de laboratório. Nesta etapa é realizado também uma otimização do custo de produção e adaptação da produção para uma planta industrial (maior volume de material, tipos de equipamentos industriais necessários para produção e adequação de cada etapa de produção).

"O nosso objetivo é transferir a tecnologia para o setor privado que já possui equipamentos adequados para produção e controle de qualidade dos filtros", conclui.

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