Efeito adverso pode ser causado pelos vetores de adenovírus que os imunizantes da AstraZeneca/Oxford e da Johnson utilizam para transportar a proteína spike do novo coronavírus ao organismo. Enfermeira enche seringa com dose da vacina da Johnson & Johnson contra a Covid-19 em unidade móvel de vacinação em Uniondale, Nova York, em 31 de março de 2021Mary Altaffer/APPesquisadores da Universidade Goethe, na Alemanha, publicaram nesta quarta-feira (26) estudo preliminar, ainda sem revisão pela comunidade científica, que aponta possível causa dos raros coágulos sanguíneos associados às vacinas da AstraZeneca/Oxford e da Johnson.ENTENDA: Os quatro tipos de vacina contra Covid-19O problema, segundo os cientistas, pode estar nos vetores de adenovírus que essas vacinas usam para transportar a proteína Spike do novo coronavírus ao organismo: o mecanismo de entrega de ambos os imunizantes enviam a proteína Spike para o núcleo das células, em vez de direcioná-la para o citosol, o fluído que preenche o interior da membrana celular, onde normalmente os vírus produzem as proteínas.Ao site Financial Times, o coordenador da pesquisa, Rolf Marschalek, explicou que, uma vez dentro do núcleo da célula, partes da proteína spike se juntam ou se separam, criando versões mutantes da proteína, que são incapazes de se ligar à membrana celular. As proteínas mutantes são, então, secretadas pelas células no organismo, desencadeando coágulos sanguíneos em cerca de uma em cada 100 mil pessoas.Vacina AstraZeneca: entenda qual a proteção da 1ª dose e qual o motivo do intervalo de três meses para a 2ªAgências dos EUA suspendem pausa na aplicação da vacina da JohnsonMarschalek também afirmou que o grupo de cientistas acredita que ambos os imunizantes podem ser ajustados para impedir que reação adversa aconteça. Para isso, os laboratórios devem modificar a sequência da proteína Spike para evitar que ela se divida no núcleo da célula. O mesmo problema não ocorre com as as vacinas baseadas na tecnologia de RNA mensageiro, como as desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e pela Moderna, porque elas entregam o material da proteína Spike no fluído celular, evitando que a proteína entre no núcleo das células.VÍDEO: Perguntas e respostas para quem já tomou a vacina contra a Covid-19De acordo com a matéria do Financial Times, os coágulos sanguíneos raros foram registrados em 309 das 33 milhões de pessoas que receberam a vacina AstraZeneca no Reino Unido, causando 56 mortes. Na Europa, 142 pessoas, entre os 16 milhões de vacinados, apresentaram o efeito adverso. O jornal salientou que a tese dos cientistas da Universidade Goethe ainda precisa ser comprovada por dados e revisada pelos pares.VÍDEOS: novidades sobre as vacinas contra a Covid-19