Nesta segunda-feira (31), cidade completa mais um ano e como homenagem o G1 conta histórias de pessoas que largaram outros municípios para morar na maior localidade da Zona da Mata mineira. Tatiana Marmon no Morro do Cristo em Juiz de Fora
Tatiana Marmon/Arquivo Pessoal
Com mais de 500 mil habitantes, Juiz de Fora cativou moradores de outros municípios. Nesta segunda-feira (31), a “Manchester Mineira” completa 171 anos, e por isso, o G1 conta, neste domingo (30), a história de pessoas que viram na cidade um sonho: o de mudar de vida.
Conexão Rio x Minas
Naturais de Três Rios (RJ), as entrevistadas Júlia Pessôa e Tatiana Marmon vieram para Juiz de Fora com o propósito de estudar, mas se encantaram pela cidade e decidiram ficar por aqui.
Tatiana Marmon, de 34 anos, é formada em comunicação pela Universidade de Juiz de Fora (UFJF). Professora e criadora de conteúdo, ela veio para o município em 2006 para cursar a graduação. "Vim pra fazer faculdade e fiquei pra sempre, assim como acontece com muitos estudantes que se adaptam à cidade", contou.
Morando na cidade há 15 anos, Tatiana diz que a gastronomia mineira a conquistou. "Sempre fui encantada pela gastronomia da cidade - salgados, torresmo, doces, um mercado municipal e uma feira de domingo incríveis. Temos produtos maravilhosos, então eu amo comer aqui! Como moro no Centro, antes da pandemia, não perdia uma feira da Av. Brasil pra comer pastel", diz.
Para demonstrar a paixão que tem pela "princesinha de Minas" Tatiana criou um canal dedicado à ela em 2020, em que apresenta ruas, bairros, curiosidades e dicas para quem, assim como ela, são "De Fora em Juiz de Fora".
Tatiana Marmon veio para Juiz de Fora e atualmente mora no município
Tatiana Marmon/Arquivo Pessoal
Também natural de Três Rios, a jornalista e professora Júlia Pessôa, de 35 anos, veio para Juiz de Fora em 2003. Formada em Comunicação pela UFJF, ela vive na cidade há 17 anos.
"Juiz de Fora é tradicionalmente uma cidade de referência para quem vive em Três Rios, que fica só a cerca de 64 km daqui. Vim fazer faculdade, mas já era uma cidade onde tinha amizades, um lugar que vinha para passear, fazer compras, fazer provas e outras atividades típicas que se faz em uma cidade maior quando se mora numa pequena, como é Três Rios. Quando passei para UFJF pelo Pism, fiquei feliz porque já amava Juiz de Fora, mas ao mesmo tempo estava arrasada porque só havia sido aprovada em faculdades particulares do Rio de Janeiro. Na época, eu tinha a ideia completamente equivocada de que é imprescindível fazer jornalismo em uma capital, um grande centro. E eu não podia estar mais errada. Juiz de Fora me deu oportunidades neste e em muitos sentidos que uma capital talvez não me desse, e me deu segurança, condições financeiras e acolhimento para que eu tivesse autonomia muito jovem, algo que também acredito que seria mais difícil em um grande centro".
Perguntada sobre o que a encanta na cidade, a jornalista diz amar o acolhimento que Juiz de Fora promove.
"Eu amo essa característica muito peculiar daqui, de que todo mundo se torna local, todo mundo vira 'de Juiz de Fora' - possivelmente era o que o juiz que empresta o nome também sentia. Essa pluralidade de gente e esse acolhimento me encantaram nos primeiros dias. Óbvio que é uma cidade com muitos defeitos, com uma desigualdade social gritante, com uma centralidade grande no eixo Centro-Zona Sul e invisibilidade histórica da periferia, além de racismos, LGBTQIA+fobia, machismos e várias outras violências simbólicas e materializadas", apontou.
Considerando-se com dupla naturalidade, Júlia saiu da cidade natal aos 17 anos - mesmo tempo que vive em Juiz de Fora. Ao G1, ela falou sobre a importância da cidade na vida dela e das experiências profissionais que viveu e vive por aqui.
Júlia Pessôa é de Três Rios, mas mora em Juiz de Fora
Júlia Pessôa/Arquivo Pessoal
"Foi aqui que me tornei adulta, com toda a complexidade que isso pode trazer à vida de alguém. Conhecer a cidade em suas minúcias fazendo jornalismo diário por dez anos também foi uma experiência transformadora, algo que eu certamente não teria vivido de outra forma, do alto dos privilégios que tenho. É meu lar, é onde estão, estiveram ou onde conheci as pessoas mais importantes da minha vida fora de meu núcleo familiar; é onde voto, onde trabalho, onde faço e realizo planos, onde vivo. E é pra onde sempre posso voltar ainda que vá embora, como um bom lar deve ser", completou.
Lugar especial
Quando perguntadas qual lugar da cidade é mais marcante para elas, Júlia e Tatiana apontaram a UFJF, lugar de formação profissional e que, além disso, foi um local onde puderam viver experiências incríveis.
"Sem dúvidas a UFJF é o lugar mais marcante em toda minha trajetória. Foi lá que minha história e a de Juiz de Fora se juntaram e ao longo desses 17 anos ela se tornou uma constante em minha vida. Fiz graduação, mestrado (ambos em Comunicação), especialização (em Gênero e Sexualidades) e hoje curso doutorado na instituição (em Ciências Sociais). Além disso, fui professora da Faculdade de Comunicação, onde me formei, em duas ocasiões diferentes, momentos extremamente marcantes na minha vida pessoal e profissional, um despertar para a vida mesmo. Foi na e a partir da UFJF que conheci realidades e vivências diferentes das minhas, que tive oportunidade de fazer um intercâmbio acadêmico no exterior, que constitui boa parte das relações mais importantes da minha vida adulta, e que de fato venho me tornando quem sou, tentando sempre me tornar um pouquinho melhor – e isso sem sequer começar a falar na bagagem acadêmica que a instituição me proporcionou/proporciona", ponderou Júlia.
Já Tatiana explicou que a UFJF a marcou muito, "pois ralei muito pra passar no vestibular (na época ainda não era ENEM, era vestibular mesmo rs), entrei como aluna de graduação, fui professora e hoje faço doutorado lá, então é um local onde criei muitos laços, e construí a minha carreira. Isso sem falar que lá é lindo e amo relaxar lá fazendo caminhadas. É um lugar muito presente na minha vida desde que cheguei", finalizou.
Júlia Pessôa na UFJF
Júlia Pessôa/Arquivo Pessoal
Mudança durante a pandemia de Covid-19
Guilherme Bonissate, de 34 anos, é jornalista e executivo de negócios. Natural de Ubá, ele se mudou para Juiz de Fora após o convite da TV Integração, a qual já representava.
“Estou morando fixo desde janeiro de 2021. Sou jornalista e desde 2017 íntegro a área de negócios da TV Integração. Representava a emissora em cidades como Ubá, Muriaé, Viçosa, dentre outras. Em 2020 fui convidado para integrar e equipe em Juiz de Fora, algo que eu já almejava e aceitei o desafio”, contou à reportagem.
Entre idas e vindas ao município, Guilherme se encantou. “A partir de 2017, pude conhecer melhor a cidade. É incrível, com boas oportunidades de trabalho e lazer”.
Apesar de ter se mudado durante a pandemia de Covid-19 e ter pouco para aproveitar, o jornalista e executivo de negócios disse que “já gosta bastante”.
Guilherme Bonissate mora em Juiz de Fora atualmente
Guilherme Bonissate/Arquivo Pessoal
O que Juiz de Fora representa para você?
Ao fim da entrevista, o G1 perguntou o que a cidade representa para os entrevistados. Veja abaixo o que cada uma respondeu.
Júlia Pessôa
"Eu costumo dizer que Juiz de Fora não é a cidade dos meus sonhos, idealizada, onde tudo dá certo, onde só vivo felicidade, quase um post de Instagram. Ao contrário, é a cidade da minha vida: é onde caio e me levanto, onde erro e recomeço, onde amo e odeio, rio e choro, ganho e perco, enfim, o lugar que me acolhe e caminha comigo não importa o que aconteça".
Guilherme Bonissate
“Juiz de Fora pra mim representa oportunidade. De construir uma história profissional e pessoal maravilhosa, assim como sempre busquei nos lugares onde estiver”.
Tatiana Marmon
"Juiz de Fora representa a minha história e as minhas conquistas. Foi responsável por me fazer amadurecer, aprender a me virar sozinha, me forneceu oportunidades de trabalho, estudo, a oportunidade de ser alguém melhor. Se hoje sou uma professora, devo a Juiz de Fora, cidade universitária, que me ensinou a importância da Educação".
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