A espera durou um ano e oito meses para Bruna Tomaselli. A pilota brasileira enfim estreou neste sábado na W Series. Em sua segunda temporada, a primeira categoria do automobilismo totalmente voltada para as mulheres será parceira da Fórmula 1. Suas oito corridas em 2021 vão acompanhar as etapas da competição mais badalada.
Bruna entrou no processo seletivo para competir na primeira edição, em 2019. Sem sucesso na disputa, ela obteve a vaga para a segunda, agendada para 2020. Porém, como boa parte dos grandes eventos esportivos do ano passado, a W Series foi afetada pela pandemia. E a nova edição foi adiada para 2021. Assim, Bruna precisou esperar desde outubro de 2019, quando foi selecionada, para poder disputar sua primeira corrida pela nova categoria.
A brasileira terminou a primeira corrida da temporada em 12º lugar. Ela, que corre pela equipe Veloce Racing, largou em 11º e chegou a ganhar três posições na corrida, mas saiu da zona de pontuação no fim da prova. Partindo da pole, a britânica Alice Powell foi a vencedora da prova de abertura da temporada 2021 da W Series.
Se na primeira edição a W Series era uma competição totalmente desconhecida e de pouca aposta, a segunda ganhou o apoio da F-1. E a brasileira não esconde a alegria por estar tão perto dos grandes pilotos da atualidade.
“Nunca tinha visto a F-1 na minha frente, tão de perto. É a minha primeira vez. É tudo novo para mim, muito bacana. Estou gostando bastante”, afirmou Bruna, que está na Áustria. A W Series abriu sua temporada acompanhando a rodada dupla da Fórmula 1 no Red Bull Ring, circuito localizado na cidade de Spielberg.
Apesar da parceria entre as duas categorias, a W Series conta com estrutura própria. A proximidade, contudo, já dá um gostinho especial para a brasileira. “Ficamos em boxes diferentes, mas ficam bem do lado. É muito legal estar no mesmo evento que eles.” Nas corridas das duas categorias haverá público nas arquibancadas, porém com lotação parcial. “Fica muito mais legal ter público na corrida. Dá um ânimo, um gostinho diferente saber que tem muita gente nos vendo.”
Houve público acompanhando a brasileira e suas rivais também da TV. Nesta temporada, a W Series é transmitida pelo SporTV, o que vai ampliar a visibilidade da pilota nacional. “Isso é muito bom. As pessoas vão poder conhecer melhor a categoria. Fiquei muito feliz pela transmissão.”
Enquanto aguardava por sua primeira chance na categoria feminina, Bruna finalizou sua passagem pela USF 2000, campeonato de acesso à Fórmula Indy, em 2019. E intensificou os treinos nas pistas onde podia, na medida das restrições da pandemia. “Treinei em Interlagos, Cascavel, Santa Cruz, Velo Park. Uma vez por mês fazia treino de F-3. E competia no Endurance para manter o ritmo de corrida. E continuei me preparando bem na pista de kart e no simulador.”
A catarinense de 23 anos, da pequena cidade de Caibi, enfrenta rivais de peso na W Series. Ao todo, são 18 pilotas, de 12 países. A favorita é a britânica Jamie Chadwick. E não apenas por ter sido a campeã da primeira temporada. Ela é pilota de desenvolvimento da Williams, na F-1 e também compete na Extreme E, competição de rali de carros elétricos. Mas neste sábado rodou após um acidente logo no início da prova e fechou a prova no sétimo lugar.
Outros destaques são a holandesa Beitske Visser, vice-campeã da primeira temporada da W Series, a britânica Abbi Pulling, dona de quatro pódios na F-3 britânica em 2020, e a espanhola Marta Garcia, estrela do kart e quarta colocada em 2019 na categoria feminina.
O carro da W Series é equivalente ao da F-3 Regional, um pouco diferente da F-3 tradicional, com 270 cavalos de potência. Cada carro poderá chegar a 250 km/h. Uma equipe prepara e organiza todos os carros do grid. Mas, nesta segunda temporada, as 18 atletas foram divididas em duplas representando times de patrocinadores. Bruna forma parceria com Chadwick. As 12 melhores atletas devem garantir vaga automática na terceira temporada.
Ao contrário de outras categorias, na W Series as pilotas não precisam apresentar patrocinadores ou pagar diretamente para correr. Além disso, embolsam boas premiações, que totalizam US$ 1,5 milhão (cerca de R$ 7,4 milhões), sendo US$ 500 mil (R$ 2,4 milhões) apenas para a campeã. O restante é dividido entre as demais colocadas no campeonato. A primeira colocada ainda ganha 15 pontos na Superlicença, essencial para entrar na F-1.