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Cinco anos após rompimento de barragem, Samarco retoma operação em Mariana

Reassentamentos das comunidades de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo, destruídas pela lama, ainda não foram entregues.

Por Redação

12/12/2020 às 09:57:24 - Atualizado há
Tragédia deixou 19 pessoas mortas

Pouco mais de cinco anos depois do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, na região Central de Minas Gerais, a Samarco retomou nesta sexta-feira (11) as atividades na cidade. Segundo a mineradora, o retorno será gradual, a partir de um concentrador no complexo de Germano, no município, e uma usina de pelotização em Ubu, no Espírito Santo, o que corresponde a 26% da capacidade. A produção inicial prevista é de aproximadamente 8 milhões de toneladas de minério de ferro por ano.

A retomada foi anunciada pelo prefeito de Mariana, Duarte Júnior, nas redes sociais. "Recebi ontem (quinta-feira), em meu gabinete, para uma reunião de trabalho, o presidente da Samarco, Rodrigo Alvarenga Vilela, e informo a todos vocês que a empresa retorna às suas atividades hoje (sexta-feira). Não haverá cerimônia ou evento para marcar o momento, respeitando as normas e também todos os familiares e vítimas do rompimento da barragem", escreveu.

"A população de Mariana vê com bons olhos a retomada, porque é garantia de emprego e economia fortalecida e de mais recursos para o município. É claro que a gente aguarda e espera a recuperação integral dos danos, que ainda não aconteceu, mas entende que, se a empresa respeitou os trâmites legais, o retorno é justo", afirmou Duarte Júnior.

Segundo ele, com a paralisação das atividades da Samarco, Mariana deixou de arrecadar cerca de R$ 6 milhões por mês, o que totaliza cerca de R$ 360 milhões no período de cinco anos. A expectativa é de que, com a retomada, o município volte a arrecadar em torno de R$ 2 milhões mensais.

A Samarco obteve autorização para a retomada das atividades no complexo de Germano em outubro do ano passado, quando a Câmara de Atividades Minerárias do Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam) votou a favor da concessão da Licença de Operação Corretiva (LOC) à mineradora. Na época, a empresa informou que só deveria retomar a operação no final deste ano, após a implantação de um sistema de filtragem para eliminar o uso de barragens na produção.

O rompimento da barragem de Fundão ocorreu no dia 5 de novembro de 2015 e provocou a morte de 19 pessoas, além de destruir as comunidades de Bento Rodrigues, Paracatu de Baixo e Gesteira e causar uma série de danos ambientais ao rio Doce. Nestes cinco anos, nenhuma casa foi entregue aos atingidos, que continuam vivendo em imóveis alugados pela mineradora.

"É difícil ver a empresa voltando à normalidade e ao lucro, enquanto nós estamos nessa luta há cinco anos, sem saber quando vamos poder voltar para uma casa nossa, vendo parentes morrendo sem serem reassentados. Isso prova que no Brasil não existe justiça, os únicos que estão pagando somos nós", afirma Mônica dos Santos, membro da comissão de atingidos de Bento Rodrigues. O irmão dela, que também era morador da comunidade devastada pela lama, morreu em julho deste ano, antes de voltar para a casa.

O que dizem a Samarco e a Fundação Renova

Em nota, a Samarco informou que iniciou nesta sexta-feira o comissionamento integrado das operações no complexo de Germano, com a operação de um dos seus três concentradores e da nova planta de filtragem de rejeitos.

Segundo a mineradora, o comissionamento consiste no teste dos equipamentos que vão operar na retomada e "visa garantir a segurança das pessoas, das comunidades e do meio ambiente". O reinício das operações está previsto para a segunda quinzena de dezembro, quando é esperado o começo da produção de pelotas de minério de ferro no Complexo de Ubu.

A empresa disse que, nos últimos anos, ampliou o sistema integrado de segurança e que todas as estruturas geotécnicas estão estáveis e são monitoradas 24 horas por dia.

Já a Fundação Renova, responsável pelas ações de reparação dos danos provocados pelo rompimento da barragem, declarou que desembolsou, até setembro, R$ 10,1 bilhões, sendo que cerca de R$ 2,65 bilhões foram pagos em indenizações e auxílios financeiros emergenciais para cerca de 321 mil pessoas. Por meio do Sistema Indenizatório Simplificado, os pagamentos de casos de "difícil comprovação de danos" cresceram e chegaram a 2.000 no início de dezembro.

De acordo com a organização, os reassentamentos de Bento Rodrigues e Paracatu de Baixo estão ganhando "forma", com a conclusão das primeiras casas, pavimentação das ruas e obras de infraestrutura avançadas.

O último prazo definido pela Justiça para a entrega das comunidades, após alguns adiamentos, é 27 de fevereiro de 2021. Mas, de acordo com a Samarco, "a questão do prazo está sendo tratada no âmbito de uma Ação Civil Pública, tendo sido o juízo devidamente informado sobre os impactos da Covid-19 no andamento das obras".

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