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Covid-19: mesmo com reabertura e extensão de horário aos fins de semana, bares e restaurantes de Juiz de Fora apontam prejuízos e recuperação lenta

Por Redação

04/07/2021 às 15:26:25 - Atualizado há
Presidente da associação do setor estima até 3 anos para recuperação da crise causada pela pandemia; G1 conversou com empresários do segmento. Bares e restaurantes podem funcionar até às 22h em Juiz de Fora - Foto de Arquivo

Divulgação/PMBV

Apesar de a Prefeitura de Juiz de Fora ter autorizado bares e restaurantes a funcionarem com horário ampliado, durante quatro fins de semana seguidos, empresários do setor afirmaram ao G1 que ainda não conseguiram a recuperação dos prejuízos causados pela pandemia da Covid-19.

Na última sexta (2) o setor foi autorizado para que o atendimento presencial ocorresse até às 00h na cidade, que atualmente está na faixa laranja do "Juiz de Fora pela Vida", programa de retomada econômica no enfrentamento da pandemia. A medida foi temporária, válida somente para o fim de semana, ou seja, a partir desta segunda (5), o funcionamento permitido é das 8h às 22h.

De acordo com a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Juiz de Fora tem atualmente, cerca de 2.800 bares e restaurantes. Desde março do ano passado, 300 fecharam as portas por não conseguirem se manter durante o período.

"O passivo foi só aumentando, ele tá bem maior que o ativo mesmo com as liberações que o poder público vem fazendo. As dívidas contraídas durante esse abre e fecha estão aí e devem ser cumpridas, então uma recuperação de setor a média que nós temos é para daqui a 2 ou 3 anos, mas é obvio que a medida que formos avançando com o processo de vacinação e cumprimento de protocolos a gente vai conseguir ampliar o horário e por consequência vai havendo um equilíbrio para que o empresário mantenha o negócio aberto. É uma ajuda que mantém o setor aberto e não uma forma de recuperação", disse Francele Galil Rocha, presidente da Abrasel.

Ampliação de horário

Por quatro semanas consecutivas, a Prefeitura autorizou bares e restaurantes a funcionarem com horário estendido durante os finais de semana, após decisão do Fórum Municipal de Enfrentamento à Covid-19, do programa "Juiz de Fora pela Vida".

Semanalmente, os dados referentes ao número de casos confirmados e óbitos pela doença na cidade são avaliados para a tomada de decisões.

"Esse reconhecimento que a Prefeitura tem dado ao ampliar os horários nos finais de semana é de grande valia e impacta muito no funcionamento e no cumprimento das obrigações que o empresário tem com funcionários, fornecedores, proprietário do imóvel, etc", disse a pesidente da Abrasel.

O G1 conversou com três proprietários de bares e restaurantes na cidade para saber se a medida adotada pelo Executivo foi positiva para o setor.

Conforme a proprietária do Restaurante Vaporetto, Carolina Campos, a extensão de horário dá oportunidade para os clientes que não querem sair de casa tão cedo ou que preferem ficar até mais tarde no local.

Para André Cassanri, proprietário do bar e restaurante Batata D'Mola, a extensão do horário tem ajudado, mas a situação ainda não é boa.

"As vendas ainda estão muito ruins, então qualquer coisa que entra já ajuda bastante. A medida é positiva porque podemos ficar abertos até mais tarde e receber os clientes com mais tranquilidade", disse.

Bárbara Alves, proprietária do Procopão explicou que funcionar até às 20h durante a semana era muito ruim, uma vez que a maioria dos clientes deixavam de ir porque já chegavam quase na hora de fechar.

"Muitos [clientes] saem do trabalho e nem vinham porque ficava em cima da hora e aos finais de semana podendo funcionar até às 22h também era complicado porque às 21h a gente já vinha fechando as contas e era desagradável pedir para os clientes irem embora, até porque a maioria não sabe da lei então a extensão sem dúvida é algo muito bom", afirmou.

Lucros

No que se refere aos lucros, Carolina Campos explicou que o estabelecimento está em um período de busca por recuperação financeira.

"A pandemia foi e está sendo muito difícil, em todos os sentidos! A gente esperava que fosse durar pouco tempo e ela foi se estendendo por meses. A queda nas vendas e a necessidade de continuar pagando as contas fixas normalmente prejudicou muito para mantermos um saldo positivo. Além disso, fazer um planejamento durante o "abre e fecha" da casa, sem nunca sabermos o que ia acontecer no dia seguinte, afeta muito a gestão estratégica do negocio, então fomos obrigados a nos adaptar a todo momento, incansavelmente, para conseguirmos sobreviver. Prejudicou muito as contas em geral, mas já estamos percebendo um aumento nas vendas", disse.

Ao G1, André Cassanri afirmou que ainda não dá para falar de lucros: "É uma situação horrível e triste porque muitos bares fecharam. O que a gente está tentando fazer é repor o buraco, o lucro é depois que fechar o buraco feito pela pandemia. Primeiro a gente tem que pagar os prejuízos", disse.

De acordo com Bárbara, apesar de tudo, o saldo é positivo para o estabelecimento e atualmente, com o movimento voltando aos poucos e a continuação do serviço por delivery, o local vende mais do que antes da pandemia.

Demissão de funcionários

Carolina Campos contou que no início da pandemia foi preciso demitir funcionários e contar com a ajuda do Governo. Agora, com um cenário menos restritivo para o setor, recontratações estão sendo feitas, principalmente para atendimento ao público.

Já segundo Cassanri, mais da metade da equipe foi demitida. Atualmente, o restaurante conta 5 funcionários.

Bárbara Alves contou que dos 8 garçons, 4 foram mandados embora e os que ficaram tiveram que passar por readaptação na função quando o restaurante estava atendendo somente por delivery. Agora, com o atendimento presencial liberado, já houveram contratações.

"Os que sobraram ficaram por conta do despacho dos pedidos quando estávamos totalmente fechados. Contratamos uma pessoa para a cozinha e com a reabertura contratamos mais 4 funcionários novamente ", explicou.

Investimentos e delivery

No Vaporetto, apesar de corte de gastos e diminuição no quadro de funcionários, foram feitos investimentos na estrutura do local, que mudou de endereço, e no delivery.

"O delivery já era sólido, então apenas aprimoramos ele e criamos alternativas de pedidos é promoções. Além disso, fizemos um investimento gigantesco com nossa mudança de endereço. Reformamos uma casa enorme que, apesar de estarmos em meio uma crise, vimos que seria uma oportunidade de inovar, nos diferenciar e sermos ainda mais destaque em meio ao "caos". Tentamos crescer na dificuldade, literalmente", explicou a proprietária.

No Batata D'Mola, André contou que foi feita a compra de uma máquina de sorvete para atrair outros públicos durante o dia e investimentos no delivery.

"Fizemos investimentos no delivery, que tá ajudando a pagar as contas, mas não tem muito lucro porque tem porcentagem de aplicativo, pagamento de motoboy e gastos com embalagens, mas ajuda a pagar as contas", concluiu.

No Procopão, o delivery era 15% do faturamento e com a pandemia, foi preciso fazer esses 15% virarem 100% no período de casa fechada.

"Tivemos que investir nas redes sociais, mudar a logística de entrega, organização da cozinha e ficamos até agosto só com delivery. Quando a gente reabriu a gente estava bem próximo dos 100% só com delivery e quando pudemos reabrir, investimentos em divisórias entre as mesas para que os clientes se sentisse mais seguros", informou Bárbara.

Fiscalização de bares e restaurantes

A Operação "Fiscalização pela Vida" é uma atividade realizada de forma conjunta pelos fiscais de posturas da secretaria de Sustentabilidade em Meio Ambiente e de Atividades Urbanas (Sesmaur); pelos guardas municipais da Secretaria de Segurança Urbana e Cidadania (Sesuc); agentes de transporte e trânsito da SMU, do Procon e da Polícia Militar de Minas Gerais. A ação acontece todos os dias, em diversos pontos da cidade.

De acordo com a prefeitura, foram realizados 292 atendimentos em restaurantes e 311 em bares, todos relativos à Covid-19. Os dados são referentes ao primeiro semestre de 2021. Veja as especificações:

Restaurantes

Diligência fiscal: 57;

Termo de intimidação 19;

Auto de notificação: 182;

Auto de infração: 30;

Auto de interdição: 4

Bares

Diligência Fiscal : 65;

Termo de intimação : 4;

Auto de notificação : 175;

Auto de Infração : 57;

Auto de Interdição : 10

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