? Na foto exposta na capa do terceiro álbum solo de Paulo Sérgio Santos, Peguei a reta, aparece ao fundo o Cristo Redentor, cartão-postal que identifica o Rio de Janeiro (RJ), cidade natal do artista, no mapa-múndi.
A imagem é simbólica porque no disco editado em julho pela gravadora Kuarup, inclusive no formato de CD, o clarinetista parte do universo musical carioca, base deste instrumentista que, aos quatro anos, pegava a gaita do pai para tirar hinos ouvidos na igreja frequentada em Madureira, bairro onde foi criado.
É a partir do samba e sobretudo do choro que o Paulo Sérgio Santos Trio – formado pelo clarinetista com o filho Caio Márcio Santos (violão) e com Diego Zangado (bateria e percussão) – chega ao mundo através do jazz, pegando pelo caminho parte da vasta trilha que pavimenta a diversidade da música brasileira.
Capa do álbum 'Peguei a reta', de Paulo Sérgio Santos Trio
Divulgação
O álbum Peguei a reta foi antecedido em 4 de junho pela edição do single em que Paulo Sérgio Santos toca Apanhei-te cavaquinho, polca do pioneiro pianista Ernesto Nazareth (1863 – 1934), composta em 1915 e lançada em disco em 1916 pelo grupo O Passos no Choro.
Aliás, o choro é ritmo recorrente no repertório do álbum Peguei a reta, estando representado por músicas dos anos 1940 como Remexendo (Radamés Gnattali, 1943), Um chorinho em Aldeia (Severino Araújo, 1945), Cheguei (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1946) e Seu Lourenço no vinho (Pixinguinha e Benedito Lacerda, 1948), além de Cheio de dedos (1996) –choro mais recente de Guinga, compositor e violonista carioca com quem Paulo Sérgio Santos já gravou e assinou o álbum Saudade do cordão (2009).
Entre temas alheios, Paulo Sérgio Santos apresenta o autoral Samba da lua e toca música do filho, Terra seca, composição em que Caio Márcio incursiona pela nação nordestina. A mesma terra às vezes seca, mas cheia de suingue, que gerou o baião Cabaceira mon amour (Sivuca e Glorinha Gadelha, 1984) alocado ao fim do terceiro álbum solo de Paulo Sérgio Santos.
O álbum Peguei a reta celebra a já longa caminhada deste músico que transita com naturalidade entre rodas de choro e orquestras sinfônicas, tendo entrado em cena nos anos 1970, década em que se tornou, a partir de 1977, o primeiro clarinetista da Orquestra Sinfônica do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.