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Política

Moraes prorroga inquéritos que apuram disseminação de fake news e atos antidemocráticos


Parte das investigações atinge aliados do presidente Jair Bolsonaro. Inquérito das fake news foi aberto em 2019, por determinação de Toffoli; inquérito sobre os atos antidemocráticos foi autorizado em abril. Alexandre de Moraes, ministro do STF

Rosinei Coutinho/SCO/STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu nesta terça-feira (15) prorrogar por mais 90 dias os inquéritos que apuram a disseminação de fake news e a organização de atos antidemocráticos pelo país.

Moraes é o relator desses inquéritos, e os prazos para as investigações acabariam em janeiro.

A investigação sobre a disseminação de fake news foi aberta em 2019, por determinação do então presidente do STF, Dias Toffoli.

O inquérito sobre os atos antidemocráticos foi autorizado em abril deste ano, a pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras.

Nesta terça, Moraes também prorrogou o inquérito que apura se o presidente Jair Bolsonaro interferiu na Polícia Federal. A investigação tem como base acusações do ex-ministro da Justiça Sergio Moro, e Bolsonaro nega ter interferido.

Entenda os inquéritos

Entenda abaixo os inquéritos prorrogados por Moraes:

Inquérito das fake news

O inquérito das fake news teria que ser concluído em 15 de janeiro, mas Moraes prorrogou as apurações por mais 90 dias, que começam a contar a partir desse prazo anterior.

O inquérito já realizou mais de 18 ações de busca e apreensão. Foram identificadas ofensas e agressões que caracterizam crimes contra a honra, a integridade física e a vida dos ministros, além de crimes contra a lei de segurança nacional praticados contra o poder judiciário. A maior parte dos casos, 72 investigações, foi enviada para as instâncias inferiores, virando inquéritos policiais.

Em maio, o STF realizou a mais ampla operação e atingiu políticos, empresários e blogueiros aliados do presidente Jair Bolsonaro. Seis deputados federais e o chamado gabinete do ódio, ligado à presidência da república, estão no centro das apurações. Agora, os investigadores analisam dados sobre a existência de uma estrutura para a divulgação de informações falsas. o objetivo é mostrar o financiamento dessas ações. A suspeita é de que empresários apoiadores do presidente atuam de forma velada para fornecer recursos que garantam a atuação dessa rede.

Inquérito sobre atos antidemocráticos

O inquérito dos atos antidemocráticos foi aberto em abril a pedido da Procuradoria-Geral da República e tinha prazo para conclusão em 25 de dezembro. Moraes entende que há necessidade de prosseguir as investigações e também deu mais três meses para os investigadores trabalharem.

O caso está na Polícia Federal e já tomou mais de 30 depoimentos. A investigação central é sobre a atuação de uma rede para organização e financiamento de atos antidemocráticos, com o fechamento do Congresso e do STF, e da reedição do AI-5, o ato institucional mais duro da ditadura militar, que fechou o Congresso, cassou políticos e suspendeu direitos, instituiu a censura de imprensa. As apurações já atingiram políticos, empresários, blogueiros e apoiadores de Bolsonaro.

Em uma de suas decisões, Moraes afirmou as provas reunidas ao longo dos últimos meses apontam para "real possibilidade" de associação criminosa envolvendo o chamado gabinete do ódio.

No despacho, Moraes explicou que gabinete do ódio foi o nome dado, por parlamentares ouvidos no inquérito, ao grupo que espalha informações falsas e difamações na internet.

"As provas colhidas e os laudos técnicos apresentados no inquérito apontaram para a existência de uma associação criminosa dedicada à disseminação de notícias falsas, ataques ofensivos a diversas pessoas, às autoridades e às Instituições, dentre elas o Supremo Tribunal Federal, com flagrante conteúdo de ódio, subversão da ordem e incentivo à quebra da normalidade institucional e democrática", escreveu o ministro.

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