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Ciência e Saúde

Programa transforma idosos com demência em artistas


Atividade também estimula a convivência entre gerações e aumenta empatia dos jovens pela velhice Assistindo a um seminário da Encore, organização que apoia iniciativas que estimulem o convívio entre gerações, descobri o trabalho da OMA (Opening minds through art), entidade criada pela artista, educadora e gerontóloga Elizabeth Lokon. Em 2008, ao visitar uma instituição quando ainda fazia sua formação em gerontologia, conheceu Cora, uma idosa que mudou sua vida. Octogenária e num estado avançado de demência, não era mais capaz de andar, falar ou se alimentar sozinha, mas se expressava com seus pinceis, misturando cores e criando pequenas obras de arte.

Estudante e idosa numa sessão de OMA: Opening minds through art

Divulgação

Encantada com as pinturas, a então estudante sempre conversava com a idosa, mesmo que não houvesse resposta. No entanto, um dia Cora levou a mão aos cabelos de Elizabeth, os acariciou e disse: “querida”. “Foi a primeira vez que ela falou em anos, a equipe ficou atônita. Cora me deu um grande presente: saiu do seu silêncio para declarar sua amizade por mim”, conta a educadora, acrescentando que quis estender a outros a oportunidade de ter experiência semelhante.

Obra de idoso com demência

Divulgação

Foi assim que surgiu OMA, programa que alia arte e convívio intergeracional. Estudantes, enfermeiros e cuidadores recebem treinamento para estimular pacientes com demência a se manifestar artisticamente. Em vez de tentar resgatar habilidades comprometidas, como memória e foco, o objetivo é liberar a imaginação. “Os dois lados saem ganhando e reunimos evidências disso. Os idosos se mostram mais interessados nessa atividade do que em outras, e 94% dos estudantes que passaram pelo treinamento passaram a demonstrar maior empatia em relação à velhice. Quanto mais as pessoas testemunharem a capacidade criativa de idosos vivendo com demência, mais poderão apreciar a humanidade de todos”, afirma Elizabeth.

Trabalho realizado por idoso com demência

Divulgação

O programa já foi implantado em 200 centros de convivência e instituições nos Estados Unidos e no Canadá. Seu quartel-general funciona no centro de gerontologia da Universidade de Miami, mas as restrições impostas pela pandemia levaram Elizabeth a novos desafios: depois de criar uma versão virtual para não interromper as atividades, agora se dedica a um aplicativo que amplie o alcance das sessões de arte e integrem mais pessoas de diferentes gerações. Para quem quiser se inspirar – e até criar algo semelhante – basta assistir aos vídeos disponíveis no site.

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