Mariana Grancieri explicou que o objetivo foi verificar se, além das fibras e lipídeos, as proteínas também têm efeitos promissores contra as principais alterações metabólicas relacionadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, incluindo a inflamação (adipogênese), nome dado à formação de células de gordura, e aterosclerose. Sementes de chia auxiliam na redução de doenças cardiovasculares
UFV/Divulgação
Um estudo desenvolvido pela pesquisadora Mariana Grancieri, pós-doutoranda no Laboratório de Nutrição Experimental da Universidade Federal de Viçosa (UFV), aponta que as fibras e gorduras das sementes de chia são benéficas para a manutenção da saúde e para a redução do risco de doenças cardiovasculares.
Além das fibras e gorduras, 20% desta semente é composta de proteínas. A pesquisadora explicou que o objetivo do trabalho foi verificar se, além das fibras e lipídeos, as proteínas da chia também teriam efeitos promissores contra as principais alterações metabólicas relacionadas ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, incluindo a inflamação (adipogênese), nome dado à formação de células de gordura, e aterosclerose.
Para isso, foi preciso separar os tipos de proteínas e simular a digestão destas, tal como ocorre naturalmente no organismo humano, para, então, testá-las em células. Em outro trabalho, posterior ao inicial, estas proteínas digeridas foram testadas em camundongos induzidos à obesidade e os resultados foram igualmente inéditos e promissores.
O trabalho demonstrou que, após a digestão, as proteínas da chia produziram peptídeos com efeitos anti-inflamatórios, anti-aterogênicos e anti-adipogenicos, reduzindo, portanto, alterações metabólicas diretamente relacionadas ao desenvolvimento das doenças cardiovasculares.
“Descobrimos que as proteínas da chia também possuem efeitos positivos contra alterações indutoras de doenças cardiovasculares, além das fibras e lipídeos que eram tidos como principais responsáveis por esses efeitos benéficos. Nós também constatamos que o elevado teor de lipídeos da chia, principalmente o ômega-3, é decorrente da composição proteica dessa semente. No desenvolvimento da planta, a configuração proteica é o que permite o armazenamento dos lipídeos”, afirmou Mariana.
Auxílio na redução de riscos de doenças cardiovasculares
Além de um grande aprofundamento teórico no conhecimento dos benefícios da planta, os resultados podem gerar suplementos alimentares e produtos fitoterápicos de grande utilidade para redução do risco de desenvolvimento e complicações das doenças cardiovasculares, bem como obesidade, diabetes e inflamações crônicas.
Vale lembrar que as doenças cardiovasculares são a principal causa de mortalidade e redução da qualidade de vida da população brasileira e mundial.
Para a professora Hércia, que orientou Mariana no projeto, os conhecimentos gerados com esse trabalho ressaltam novos mecanismos benéficos da chia, estimulando, ainda mais, o nsumo pela população.
“Estes benefícios são ainda melhores se considerarmos o baixo custo da chia, ampliando o acesso a um maior número de pessoas que podem se beneficiar dessa semente para reduzir o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares e obesidade, bem como outras relacionadas à inflamação, como diabetes e câncer. Além disso, o maior consumo de chia pode estimular ainda mais o plantio, agregando à economia do país”, disse a orientadora do trabalho.
Estudo premiado
O trabalho foi desenvolvido por Mariana, sob orientação da professora Hércia Stampini Martino, durante defesa de tese no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Nutrição da UFV (PPGCN) em 2020.
As descobertas renderam para a pesquisadora o prêmio Capes de Tese 2020, um reconhecimento nacional como a melhor tese defendida na área da Nutrição em todo o país.
Além disso, o trabalho foi tema de 4 artigos em revistas científicas. Os estudos foram feitos com testes bioquímicos e de bioinformática realizados na UFV e na Universidade de Illinois (EUA), onde a pesquisadora fez parte do doutorado.
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