A unidade hospitalar é habilitada para oferecer todos os exames necessários nessa investigação básica: imagem, ultrassom, ressonância magnética, avaliação das trompas e exames de sangue para avaliação hormonal. Saiba mais. Imagem de arquivo que ilustra o sonho da maternidade
g1
Um em cada 7 casais tem dificuldade de engravidar. Em 30% dos casos, o impedimento é feminino; em outros 30%, é um problema masculino; 30% refere-se ao casal, e em 10% dos casos não são encontradas causas.
Os dados foram divulgados esta semana pelo Hospital Universitário (HU) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF/Ebserh), que conta com 2 ambulatórios para atender mulheres e homens com dificuldade reprodutiva: o Ambulatório de Infertilidade Feminina e o Ambulatório de Andrologia/Infertilidade Masculina.
Apesar dessa divisão mostrar que tanto mulheres quanto homens apresentam as mesmas chances de ter alguma dificuldade para gerar um filho, normalmente são as mulheres que mais procuram um especialista para investigar o problema.
Conforme o médico urologista e responsável pelo Ambulatório de Andrologia/Infertilidade Masculina do HU-UFJF, Victor Fanni, infertilidade significa que um casal está tentando engravidar há, pelo menos um ano, sem sucesso e sem uma causa aparente. Logo, é necessária uma investigação.
“O homem também deve procurar um especialista, porque é responsável pela metade dos casos. Tem também a questão de tabu, preconceito. Vemos a mulher indo ao ginecologista e fazendo vários exames. Aí o médico pergunta sobre o marido, que não quer procurar um especialista. Às vezes o problema é com ele”, salientou.
Além dessa divisão de responsabilidades, para o homem é muito mais fácil examinar e identificar as causas da infertilidade, afirmou o médico.
“A partir de um exame físico ou um espermograma, às vezes a gente consegue tratar um quadro infeccioso, com medicação, e vai resolver. A varicocele (dilatação das veias que drenam o sangue testicular), por exemplo, é a principal causa de infertilidade masculina, conseguimos operar e resolver. Costumamos resolver aqui no HU de 30% a 40% dos casos, sem precisar fazer nenhum tipo de tratamento específico. Os demais conseguimos diagnosticar: uma síndrome, um problema hormonal, quando orientamos como ter o atendimento. Não envolve custo elevado e beneficia um número significativo de pessoas," acrescentou Victor Fanni.
O ambulatório também trabalha disfunções sexuais e reversão de vasectomia pelo SUS. E, segundo o especialista, é bem provável que não exista outro serviço na Zona da Mata que ofereça atendimento de infertilidade masculina.
Os pacientes podem ser encaminhados por urologista/ginecologista. Segundo o médico é importante destacar a experiência para acadêmicos e residentes, sendo um contato rico sobre infertilidade masculina e andrologia.
“É algo interessante para os acadêmicos, aborda questões de anatomia, fisiologia e discussão de artigo. É uma formação diferenciada," afirmou.
Investigação básica
Imagem de arquivo que ilustra exame de ultrassonografia 24/09/2021
Prefeitura de Caruaru/Divulgação
O Ambulatório de Infertilidade Feminina atende desde 2008 no HU. Lá é feita a primeira avaliação do casal que está tentando engravidar. "A partir daí, é solicitada a avaliação em conjunto, exames da mulher e o espermograma do marido”, explicou a médica responsável pelo ambulatório, a ginecologista Fernanda Polisseni.
O HU está habilitado a oferecer todos os exames necessários nessa investigação básica: imagem, ultrassom, ressonância magnética, avaliação das trompas e exames de sangue para avaliação hormonal.
Os dois ambulatórios, de Infertilidade Feminina e Masculina, trabalham juntos. Quando o espermograma, por exemplo, vem alterado, ou existe alguma queixa masculina, o homem é encaminhado para o Ambulatório de Infertilidade Masculina. Lá ele pode fazer exame físico e algum outro adicional, como ultrassom, exame de sangue, e definir o procedimento a ser adotado, esclareceu a médica.
Com relação ao tratamento, existem várias opções viáveis no HU, reforça Fernanda: a videolaparoscopia, que pode ser indicada nas mulheres com alguma alteração tubária, aderência em função de endometriose ou doença inflamatória pélvica anterior.
“São casos que podem causar distorções na anatomia, alteração no posicionamento dos órgãos, a permeabilidade da trompa. Às vezes, uma cirurgia de vídeo pode ajudar a corrigir isso e restaurar a fertilidade. Também há a histeroscopia, uma endoscopia do útero para tratar alterações dentro do órgão, como miomas e pólipos. Um outro tratamento oferecido é o relacionamento sexual ou coito programado, método que estimula a ovulação da paciente com medicação e acompanhamento com ultrassom, para a orientarmos a ter relação sexual no período fértil. A chance de conseguir gravidez nesse caso gira em torno de 30% num primeiro ciclo de tratamento, e 60% após seis ciclos.”
Já as técnicas de reprodução assistida, com a manipulação de gametas em laboratório, espermatozoide, óvulos, embriões, que seriam a inseminação intrauterina e a fertilização in vitro, são encaminhados para o Serviço de Reprodução Humana do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que faz o atendimento pelo SUS, complementa a profissional.
Segundo Fernanda Polisseni, existe uma procura significativa desse acompanhamento no HU, embora tenha havido uma redução nesse período de pandemia, mas agora a situação já vem se normalizando.
Atendimento
Para ter atendimento no HU nos ambulatórios citados, é necessário primeiro uma consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS). O médico, a partir daí, encaminha o/a paciente para os serviços especializados no hospital.
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