Quatro mulheres e seis homens da Europa, América, Ásia e África venceram desde 2012. Músico Bob Dylan está entre surpresas. Abdulrazak Gurnah dando aulas na Universidade de Kent
Universidade de Kent
Abdulrazak Gurnah, romancista tanzaniano, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2021. O anúncio foi feito na manhã desta quinta-feira (7) pela Academia Sueca.
Segundo a Academia, o prêmio foi concedido "por sua penetração intransigente e compassiva dos efeitos do colonialismo e do destino do refugiado no abismo entre culturas e continentes."
Relembre os vencedores do Prêmio Nobel de Literatura na última década:
2020: Louise Glück (Estados Unidos)
Louise Glück em imagem de novembro de 2014, quando recebeu o National Book Awards, em Nova York
Robin Marchant / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP
Louise Glück, poeta americana de 77 anos, ganhou o Prêmio Nobel de Literatura 2020. Considerada por muitos uma das poetas contemporâneas mais talentosas dos Estados Unidos, Glück é conhecida pela precisão técnica, sensibilidade e uma obra sobre solidão, relações familiares, divórcio e morte.
Seus primeiros livros são centrados em casos de amor fracassados, encontros familiares desastrosos e desespero existencial. Nos trabalhos posteriores, ela continuou a tratar de temas como decepção, rejeição, perda e isolamento.
2019: Peter Handke (Áustria)
O vencedor do prêmio Nobel de Literatura de 2019, Peter Handke, em foto de novembro de 2018 durante uma premiação de teatro.
Georg Hochmut / APA / AFP
O romancista e ensaísta Peter Handke – que é coautor do roteiro do premiado filme "Asas do desejo" (1987) – foi escolhido ganhador do Nobel "por um trabalho influente que, com engenhosidade linguística, explorou a periferia e a especificidade da experiência humana", justificou a Academia Sueca.
O romance de estreia dele, Die Hornissen, ("As vespas", em tradução livre), foi publicado em 1966. A obra, junto com a peça '"Ofendendo o público", de 1969, são citadas como responsáveis por deixar a marca do escritor no cenário literário. Os trabalhos são reconhecidos pelas experimentações radicais.
2018: Olga Tokarczuk (Polônia)
Olga Tokarczuk posa com o Man Booker International na terça-feira (22) no Victoria and Albert Museum em Londres
Associated Press
Sua estreia na ficção foi em 1993, com "Podróz ludzi Ksi?gi" ("A jornada do povo do livro", em tradução livre).
Segundo o Nobel, a verdadeira inovação de Olga veio com seu terceiro romance, "Prawiek i inne czasy" ("Primitivo e outros tempos"), de 1996. O volume é "um excelente exemplo de nova literatura polonesa após 1989", avaliou o comitê do prêmio.
2017: Kazuo Ishiguro (Reino Unido)
Kazuo Ishiguro
Reprodução/Facebook
Considerado um dos mais importantes autores vivos da língua inglesa, ele é autor de oito livros (sete romances e um volume de contos). São de Ishiguro "Os vestígios do dia" (1989), que ganhou o Man Booker Prize, e "Não me abandone jamais" (2005), ambos adaptados ao cinema. Com obra versátil, já foi de registros de memória a ficção científica e fantasia.
2016: Bob Dylan (Estados Unidos)
Bob Dylan receberá Nobel de Literatura neste fim de semana em Estocolmo
Vince Bucci/Invision/AP
O cantor e compositor americano Bob Dylan, de 75 anos, é considerado um dos maiores nomes da música do século XX.
A opção por um músico – e não por um escritor de ofício – soou incomum, mas o nome do Dylan vinha sendo cotado havia muitos anos. Também poeta e com diversos livros lançados, o artista é aclamado sobretudo pelo lirismo de suas letras.
2015: Svetlana Alexievich (Belarus)
A escritora Svetlana Alexievich foi anunciada na manhã desta quinta-feira (8) vencedor do Nobel de Literatura 2015. A escolha foi divulgada em um evento na cidade de Estocolmo, na Suécia
Reuters/Stringer/Arquivo
Svetlana Alexiévitch é uma escritora e jornalista bielorrussa. Segundo o comitê da premiação, Alexiévitch foi escolhida por sua "obra polifônica, um monumento do sofrimento e da coragem em nosso tempo". Considerada cronista implacável da União Soviética, ela é uma das raras autoras de não ficção premiadas com o Nobel.
2014: Patrick Modiano (França)
O autor francês Patrick Modiano dá entrevista coletiva em Paris nesta quinta-feira (9) logo após ser anunciado ganhador do Nobel de Literatura
Thomas Samson/APF
O escritor francês foi escolhido por conta "da arte da memória com a qual evocou os destinos humanos mais inapreensíveis e jogou luz sobre a vida durante a ocupação".
A Academia Sueca, que atribui o Nobel, se referia à ocupação alemã na França durante a Segunda Guerra Mundial. As obras de Modiano são centradas em temas como a memória, o esquecimento, a identidade e o sentimento de culpa. Sobre os contos do autor, o perfil destaca que "são construídos sobre uma base autobiográfica" e que jornais e entrevistas servem como ponto de partida. A cidade de Paris é cenário recorrente em seus romances, quase um personagem.
2013: Alice Munro (Canadá)
'Palavras de Alice Munro' é tema de encontro literário no Sesc Sorocaba
Divulgação
Segundo o comitê da premiação, Munro é "mestre da narrativa breve contemporânea" e "aclamada por sua narrativa afinada, que é caracterizada pela clareza e pelo realismo psicológico". Alguns críticos a consideram "a Chekhov canadense", em referência ao escritor russo Anton Chekhov, por seus contos serem centrados nas fraquezas da condição humana.
Entre suas obras mais conhecidas estão "Fugitiva" (2006), "Felicidade demais" (2010) e "O amor de uma boa mulher" (2013).
2012: Mo Yan (China)
Autor chinês Mo Yan, vencedor do Nobel de Literatura 2012
John MacDougall/AFP
Segundo o comitê da premiação, Yan é um escritor que, "com realismo alucinatório funde contos populares, a história e o lado contemporâno".
Ele é especialmente conhecido no Ocidente pela obra que serviu de base para o filme "Sorgo vermelho", de 1987, dirigido por Yimou Zhang. O autor receberá 8 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,2 milhão, valor 20% menor que o entregue no ano passado), a serem entregues pela Academia Sueca.