Dezenas de funcionários oficializaram, nesta segunda-feira (8), o desligamento de cargos ligados à organização do Enem; o exame ocorre daqui a 13 dias O presidente do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), Danilo Dupas Ribeiro, terá de explicar na Câmara dos Deputados a situação que provocou uma debandada de 35 servidores.Dezenas de funcionários oficializaram, nesta segunda-feira (8), o desligamento de cargos ligados à organização do Enem. O exame ocorre daqui a 13 dias.Dupas Ribeiro deve comparecer, na quarta-feira (10), na Comissão de Educação da Câmara, às 10h30, para se explicar. A agenda foi definida após acordo de membros da comissão com o governo para poupar o ministro da Educação, pastor Milton Ribeiro, de mais uma convocação, segundo confirmado pela reportagem.Havia pedidos, como o da Frente Parlamentar Mista de Educação, para que Milton Ribeiro fosse convocado e comparecesse com o presidente do Inep. A convocação do ministro seria votada na quarta, mas não há confirmação se isso ocorrerá após o acordo (convocações só podem ser direcionadas a ministros) – Millton Ribeiro já esteve três vezes na comissão este ano para esclarecer polêmicas.Danilo Dupas Ribeiro, presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) Reprodução/InepAo menos 33 servidores já pediram exoneração nesta segunda e outros dois haviam se desligado na semana passada em protesto contra a atual gestão. Servidores dizem que, com essas baixas, a realização do Enem fica sob alto risco de falhas.Em nota divulgada na noite desta segunda, o Inep afirmou que o exame está mantido "e não será afetado pelos pedidos de exoneração". O MEC não respondeu, mas o ministro republicou a nota em sua conta no Twitter.No pedido de dispensa, eles citam a "fragilidade técnica e administrativa da atual gestão máxima do Inep [Instituto nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais]". O presidente do Inep é acusado de promover um desmonte no órgão, com decisões sem critérios técnicos, e também por promover situações de assédio moral, segundo denúncia da Assinep (Associação de Servidores do Inep).Dupas Ribeiro foi levado ao cargo pelo atual ministro da Educação, de quem é próximo. A confiança que Milton Ribeiro tem nele é o que o mantém no cargo, apesar de a instabilidade no órgão por ele presidido ter provocado um processo de demissão em massa sem precedentes, segundo integrantes do governo.Desde o início da gestão Jair Bolsonaro (sem partido) há turbulências no Inep, que já passou por quatro mudanças de comando. Mas o clima atual no instituto é relatado como insuportável.As demissões se relacionam a cargos comissionados de chefia. Os servidores são de carreira e continuam, portanto, na autarquia.As 35 baixas, contando a movimentação da semana passada, representam mais de um quarto dos 120 cargos comissionados do instituto. O Inep tem, no total, 492 servidores em exercício, segundo o Portal da Transparência do governo federal.O pedido coletivo de dispensa tem sido assinado eletronicamente pelos servidores desde o fim da manhã desta segunda. Do total de 33 baixas registradas até as 17h35, ao menos 20 eram de coordenadores de área ou substitutos dos coordenadores.A gestão de Dupas Ribeiro tem sido fortemente criticada por integrantes do setor educacional e sobretudo pelos técnicos do instituto. Os servidores denunciaram, em carta aberta, Dupas Ribeiro por assédio moral e omissão. Segundo os funcionários, exames como o Enem estão sob risco com a atual gestão.Dupas Ribeiro teria ainda se negado a integrar um time que gerencia riscos das provas, as chamadas Equipes de Incidentes e Resposta do Enade 2021 e do Enem 2021. Historicamente o presidente do Inep capitaneia esses trabalhos.A Assinep (Associação de Servidores do Inep) promoveu, na última quinta (4), um ato público em frente à sede do instituto, em Brasília. Cerca de 50 pessoas participaram da manifestação, que contou com faixas com dizeres como "Enem e censos em risco" e "assédio moral não".
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