Drama sobrenatural tem Winston Duke, Bill Skarsgård, Zazie Beetz no elenco. Longa estreia nesta quinta (9) nos cinemas. G1 entrevista Edson Oda, diretor de 'Nove dias'
Edson Oda é um cineasta brasileiro de Mogi das Cruzes colocando um filme no cinema com estrelas de Hollywood: Winston Duke, Bill Skarsgård, Zazie Beetz e grande elenco. Ele já foi elogiado por Spike Jonze e recebeu conselhos de Quentin Tarantino depois de vencer um concurso cultural do diretor.
Veja entrevista acima.
Antes de conseguir furar a bolha do cinema, ele era um redator publicitário em São Paulo. Resolveu ir para Los Angeles.
Oda mandou um curta para um concurso que Tarantino organizava. Ele iria escolher um filme de jovens cineastas para promover seu "Django livre". O brasileiro foi o vencedor e, entre os prêmios, estava o sábio conselho de Tarantino:
"Escreve algo que seja pessoal, muito importante pra você. Escreva de um jeito que, mesmo se ninguém quiser investir dinheiro nisso, você possa bancar e fazer um filme que é seu. Nunca deixe seu sonho na mão de outras pessoas."
'BBB de almas'
Winston Duke e Zazie Beetz em cena de 'Nove dias'
Divulgação/Sony
E assim nasceu a ideia de "Nove dias". O filme é como se fosse um "Big Brother" de almas. Will (Duke) é o responsável por escolher qual das almas aspirantes vai ganhar o maravilhoso direito de nascer.
Então, em grupos de cinco, elas competem entre si em um processo seletivo de 9 dias. Apenas uma vai ganhar a vida. As outras desaparecem. Além de selecionar o vencedor, Will também monitora as vidas dos seus escolhidos na terra por meio de televisões que nunca desligam.
Os cinco aspirantes a humanos são: Emma (Zazie Beetz), Kane (Bill Skarsgård), Maria (Arianna Ortiz), Alexander (Tony Hale) e Mike (David Rysdahl).
É uma premissa bem "Black Mirror", mas o filme fala sobre coisas muito humanas: o sentido da vida, as dificuldades de lidar com sentimentos e as outras pessoas, depressão e suicídio.
Ele é inspirado em um tio do diretor que se suicidou quando Edson tinha 12 anos. "Na época, eu não entendia e julgava, acha que era relacionado a sentimentos de vergonha, uma coisa à qual eu não queria ser associado", conta o diretor em entrevista ao g1.
"Só depois, quando eu estava mais velho e comecei a passar por sentimentos e cosias que eu podia me identificar e ver mais do meu tio em mim, comecei a entender o que ele passou. Foi quando eu consegui olhar para trás e entender que ele não foi um derrotado. Foi uma maneira de ver que le não era o último ato, mas um conjunto coisas e, entre elas, coisas super incríveis."
"O filme é mais uma parte de celebrar isso e a vida e me vincular um pouco a ele do que vinculá-lo ao jeito que ele terminou a vida."
De SP a Hollywood
Edson Oda durante as filmagens de 'Nove dias'
Divulgação/Michael Coles /Sony Pictures
"Trabalhei em agência de publicidade por 10 anos. Então juntei todo o meu dinheiro desse tempo e me inscrevi pra um mestrado de cinema em Los Angeles, a mesa do George Lucas. Quando terminei o curso, escrevi esse roteiro bem pessoal", ele conta.
O roteiro de "Nove dias" foi selecionado para o laboratório de Sundance. A partir daí, ele teve várias rodadas de conversas. Um dos interessados por Spike Jonze, diretor de "Ela". Ele se tornou um dos produtores-executivos do longa.
O filme foi premiado como Melhor Roteiro em Sundance e tem recebido ótima avaliação da crítica de cinema americana.
Com o sucesso de "Nove dias", Oda já tem sido procurado por estúdios. Por enquanto, ele tem uma exigência: que seu segundo filme seja escrito e dirigido por ele para se firmar como diretor e roteirista.
Depois, ele está aberto a tudo. "Eu gosto de histórias que me identifico. Tenho tido conversas de pessoas de estúdio sobre filmes mais comerciais. Se for uma história que me toque, não tem empecilho. Vários diretores autorais fazem blockbusters. Eu adoro filmes da Marvel, de super herói, não tem nada que eu fale 'isso é cinema e isso não é'".
