"Acho muito factível que possamos nos unir em algum momento desse ano para enfrentar esses extremos", afirmou o ex-juiz federal Candidato do Podemos à Presidência, o ex-juiz federal Sergio Moro disse nesta terça-feira (22) que não deve abdicar de sua pré-candidatura em favor de um projeto único da terceira via, em razão de estar mais bem colocado nas pesquisas de intenção de voto do que outros presidenciáveis que se apresentam como integrantes do centro democrático — opção política à polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente Jair Bolsonaro, apontada nos levantamentos de intenção de voto. Durante participação em seminário promovido pelo banco BTG, em São Paulo, Moro sugeriu que a eventual eleição de Bolsonaro ou de Lula pode levar o país a um cenário de violação dos princípios democráticos. Leia mais:Falta de recursos para campanha desafia MoroMoro e crise esvaziaram antipetismo entre indecisosMoro cria canal para apurar denúncias contra a sua campanha“Acho que é essencial a união contra os extremos. Se a gente não fizer as reformas modernizantes, vamos ter essa mesma conversa daqui a 4 anos num cenário pior, isso se não for expropriado o BTG — o André [Esteves, sócio-fundador da instituição financeira] tem de tomar cuidado”, afirmou.“Acho muito factível que possamos nos unir em algum momento desse ano para enfrentar esses extremos, na minha opinião já deveríamos estar unidos, esses extremos têm máquinas de destruição. Temos o exemplo do governador [de São Paulo] João Doria (PSDB), que foi atacado por defender as vacinas. Mas estou em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto e não faz sentido eu abdicar dessa candidatura para vencer os extremos”, afirmou o ex-juiz e ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, sob aplausos da plateia, formada por profissionais do mercado financeiro. Doria estava na plateia e tinha previsão de participar de um painel no final da manhã. Moro também deu a entender que Bolsonaro “sabota” a agenda do ministro da Economia, Paulo Guedes, e disse que não haverá aprovação de reformas caso Bolsonaro seja reeleito. “A agenda do Paulo Guedes pode ser uma, a do presidente é completamente diferente. Ele é um liberal que está em um governo iliberal, é a mesma situação em que eu estava dentro do governo”, afirmou.“Eu entendo que haja resistência dos outros Poderes [a uma agenda do Executivo], mas se o ministro não tem apoio e há sabotagem do presidente, não se consegue nem começar. Essas ilusões [de aprovação da reforma administrativa] já caíram por terra, se alguém acredita que um segundo mandato do atual presidente será reformista, está enganado”, disse Moro. “Não adianta o Guedes falar em um monte de reformas que não vão sair. E em 2019 o Bolsonaro já tinha falado que a administrativa era reforma para fazer em segundo mandato, porque ele não queria prejudicar a reeleição dele”.Moro atrelou a necessidade de acabar com a reeleição presidencial à viabilidade para realização de reformas.“Por isso é preciso acabar com a reeleição. Essa reforma administrativa que está no Congresso tem texto ruim, péssimo. Isso é fingir que se está fazendo reforma”, disse.
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