G1
Revelação do rap do Rio estourou hits '212' e 'Deus é o meu guia', e foi escolhido para remix de '2step'. Agora eles trocam mensagens e Ed Sheeran diz que quer encontrá-lo quando vier ao Brasil. Da direita: o rapper carioca Chefin, de 18 anos, e o cantor inglês Ed Sheeran. Eles lançaram o remix de '2 step' com uma parte da letra em portuguêsDivulgaçãoEd Sheeran tem hits gravados com Beyoncé, Elton John, Justin Bieber e outros. O brasileiro Natanael Cauã Almeida de Souza, de 18 anos, acaba de entrar nessa lista. Chefin, como ficou conhecido na cena de rap do Rio, foi chamado pelo cantor inglês para um remix de "2step". O convite faz parte de um projeto de Ed Sheeran de regravar a música com rappers em ascensão pelo mundo, como o australiano Budjerah, o francês Leto e o sueco 1.Cuz. Chefin se encaixa bem no perfil: em poucos meses, virou um dos MCs mais ouvidos no Brasil, com hits como "212" e "Invejoso".O cantor da Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, conta que ficou até tranquilo quando foi registrar a parte dele do remix em um estúdio do Rio. "Tinha um representante da gravadora. Aí eu gravei e deixei a música lá. Não fiquei nem com a guia com medo de ser vazada", ele lembra."Eles mixaram e mandaram para o Ed Sheeran ouvir. Ele aprovou. Antes de lançar, ele me mandou no Direct (do Instagram)", diz Chefin. "Eu quase chorei. Falei: não acredito que ele mandou mensagem"."Muito obrigado por fazer isso. Eu amei. Espero que esteja tudo bem com você. E espero te encontrar se eu estiver aí", escreveu o inglês Ed Sheeran para o brasileiro Chefin. Chefin até abriu a mensagem no celular e mostrou pela tela do Zoom durante a entrevista ao g1. O rapper conta que eles continuaram a trocar mensagens e interagir no Instagram depois disso. Chefin no clipe de 'Deus é o meu guia'DivulgaçãoO dueto com Ed Sheeran não é a única façanha de Chefin. Ele tem hoje três músicas nas paradas de streaming no Brasil: "212", uma ode à marca de perfume, "Deus é o meu guia", com uma letra quase gospel, e "Assaut", com Orochi, Oruam, Borges e Bielzin, colegas do selo Mainstreet.Avó ajudou no funk"Eu comecei cantando funk com 12 anos. Quem me ajudava era a minha avó. Só que eu tinha vergonha de lançar música na época, de chegar na escola e as pessoas me zoarem", ele lembra.A avó, hoje com 63 anos, era missionária da igreja, mas tinha a cabeça aberta para o batidão e ajudava o neto a criar suas músicas. "Eu só escrevia e gravava no telefone, com batidas do YouTube. A minha avó tentou me levar no estúdio, mas eu não queria."Ele também se esforçava para ser jogador de futebol, e conta que chegou a treinar em equipes de base do Vasco, Bangu e Madureira - mas esse sonho não foi para frente. Chefin no clipe de '212'DivulgaçãoQuando veio a pandemia, ele finalmente tomou coragem de colocar as músicas no mundo. Só que ele já tinha ouvido Djonga e Matuê e trocado o funk pelo rap - em especial as batidas arrastadas do trap. Nessa época, o irmão dele estava vendo a animação "O Chefinho" na TV e disse que Natanael lembrava o personagem. Ele não ficou com raiva. Pelo contrário: adotou Chefin como nome artístico. "A primeira música de rap que eu escrevi foi 'Nike de tralha'. Bateu mil visualizações em um mês. Parecia que tinha batido um milhão, eu estava felizão", lembra. Chefin mostra mensagens de Ed Sheeran durante a entrevista por Zoom com o g1. Antes mesmo de o remix com a voz dele ser lançado, o cantor inglês escreveu: 'Muito obrigado por fazer isso. Eu amei. Espero que esteja tudo bem com você. E espero te encontrar se eu estiver aí"ReproduçãoO MC novinho ajudou a imprimir um sotaque funkeiro e da "quebrada" carioca ao trap americano. Ele começou a gravar com músicos da Vila Kennedy e logo veio o primeiro milhão de plays de verdade, com "Blindadão de ferro". Mas ele estourou mesmo com "Invejoso", com Oraum, Jhowzin e Raffé. Hit no barbeiroO maior hit já estava na cabeça dele. "Eu escrevi '212' enquanto estava cortando o cabelo. Não levava tanta fé na hora que estava fazendo. Para mim seria só um lançamento, mas mudou minha vida." A música estourou mesmo antes de sair oficialmente, com um vídeo de prévia que ele soltou cantando a música nas redes. O burburinho foi tanto que ele foi contratado pela Mainstreet, gravadora criada pelo rapper Orochi. Chefin trabalhadorHoje Chefin trabalha pesado para colher os frutos desses hits. A agenda dele de abril tinha mais shows do que dias do mês. Foram 40 apresentações. "Eu fiz 15 shows em três dias em São Paulo", conta. "Fiquei feliz pra caraca, porque eu sonhava muito com isso. Foi um mês de aprendizado e felicidade", garante o Chefin trabalhador. Ele ainda não terminou o Ensino Médio e deixou os estudos pausados para se dedicar à música. Pelo menos já dá para ajudar financeiramente a mãe, manicure, e a sua maior incentivadora na música: "Fui ver minha avó hoje, ela tá felizona", comemora o rapper. Chefin assinou com a gravadora carioca Mainstreet, do rapper OrochiDivulgação