Aos gritos, o presidente Jair Bolsonaro (PL) cobrou reação e indignação de parlamentares contra a decisão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) que, nesta terça-feira (7), restaurou a cassação do deputado estadual bolsonarista Fernando Francischini (União-PR).
Sem citar diretamente o deputado aliado, Bolsonaro alegou que ele não cometeu crime de fake news ao dizer que as eleições de 2018 foram fraudadas porque o próprio Bolsonaro disse a mesma coisa numa "live".
"Aqui do outro lado da Praça dos Três Poderes, uma turma do STF, por 3 a 2, mantém a cassação de um deputado acusado em 2018 por espalhar fake news", disse o presidente, durante evento pelo "direito à vida" no Palácio do Planalto, nesta terça-feira.
"Esse deputado não espalhou fake news porque o que ele falou na 'live' eu também falei para todo mundo: que estava havendo fraudes nas eleições de 2018. Ia apertar o número 1 e já aparecia o 13 [número do PT] na tela, antes de concluir a votação. Foram dezenas de vídeos", acrescentou, referindo-se ao que considera como evidências recebidas pelas redes sociais.
Com os votos dos ministros Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Edson Fachin contra os votos de Nunes Marques e André Mendonça, a Segunda Turma da Corte derrubou a decisão do ministro Marques que havia devolvido o mandato a Francischini, cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por 6 a 1 por ter propagado informações falsas sobre as urnas eletrônicas.
Ainda no primeiro turno das eleições de 2018, Francischini afirmou, numa transmissão ao vivo pelas redes sociais — sem apresentar provas — que as urnas eletrônicas haviam sido adulteradas para atrapalhar a eleição de Bolsonaro.
No mesmo discurso no Planalto, Bolsonaro voltou a reclamar da falta de atenção dada pelo TSE às sugestões feitas pelas Forças Armadas para o sistema de votação. "Eu sou o chefe das Forças Armadas, nós não vamos fazer papel de idiotas. Tenho a obrigação de agir", disse o presidente.
"Eu não vou viver como um rato. Tem que haver uma reação e se a população achar que não deve ser dessa maneira, preparem-se para ser prisioneiros sem algemas", afirmou ainda.
Bolsonaro também reclamou de Edson Fachin, atual presidente do TSE, ter convidado embaixadores dos países que vão acompanhar o processo eleitoral. Segundo o chefe do Executivo federal, somente ele e o ministro Carlos França (Relações Exteriores) podem tratar de relações exteriores com embaixadores, ignorando a autonomia entre os poderes. "O que é isso? Um arbítrio? Um estupro à democracia brasileira?", questionou Bolsonaro.
Nessa sequência, ele também chamou os ministros do STF de "canalhas" por investigarem a família do presidente. Embora tenha feito uma publicação nas redes sociais mais cedo pelo "Dia da Liberdade de Imprensa", Bolsonaro disse que se for para derrubar páginas de canais aliados ao governo federal por propagar fake news, "fechem a imprensa brasileira, que é uma fábrica de fake news".
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