Em entrevista ao Estado de Minas, o advogado da fabricante, Thiago Rodrigues, afirmou que a contaminação do químico não aconteceu dentro das dependências do cliente, tendo em vista que o produto não era manipulado no local. De acordo com o representante legal, a empresa está no ramo de glicerina e, por isso, não há precedentes para retirar os lacres dos produtos.
“A Tecno Clean recebia o propilenoglicol lacrado, não manipulava e não mexia. Ele foi comprado de uma empresa chamada A & D Química, que se coloca como uma importadora. Então, eles passavam esse produto para a Tecno Clean, que os recebia lacrados e respaldados por um laudo que já foi juntado aos autos, aqui na Polícia Civil”, disse Rodrigues.
Fraude de laudos
Logo no início das investigações sobre o caso, a A & D Química afirmou que revende produtos apenas para o setor de limpeza e que seus químicos possuem um grau de pureza superior ao permitido na indústria de alimentos. Com isso, a entidade disse que a Tecno Clean havia pedido que os laudos fossem fraudados, para o “GRAU USP”, permitido pelo Mapa.Questionado sobre a denúncia da A&D Química, o advogado da empresa mineira disse que ficou sabendo do fato pela imprensa e que o tema já foi esclarecido junto à Polícia Civil. "Essa denúncia é infundada. Nós não sabemos de onde surgiu essa informação né, alguns personagens aqui estão com problemas muito graves, então as pessoas podem começar a partir para um outro lado, que não é o lado correto”, concluiu.
Macarrão contaminado
Na sexta-feira (23/9), a empresa paulista de macarrão oriental Keishi, que teria usado lotes de propilenoglicol contaminado com monoetilenoglicol, substância tóxica a humanos e animais, afirmou que antes de ser notificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já havia vendido todos os produtos que teriam que ser recolhidos. A fabricante foi informada pelo órgão no dia anterior, após detectar na produção das massas o uso de propilenoglicol, mesma substância que pode ter causado as mortes de cães em todo território nacional.De acordo com nota enviada à imprensa, os lotes que poderiam estar comprometidos correspondem a pouco mais de 1% do total de produtos fabricados e vendidos pela empresa no período apontado pela Anvisa.
“A Keishi já entrou em contato com clientes visando recolher e rastrear os produtos pertencentes a este lote. Como se trata de produtos fabricados há quase um mês, não houve estoque a recolher e também não houve nenhum relato de danos à saúde do consumidor”, afirmou a fabricante.
Investigações
Ao Estado de Minas, o delegado titular da Delegacia de Investigações Sobre Infrações Contra o Meio Ambiente da Polícia Civil de São Paulo, Vilson Genestretti, relatou que já ouviu os representantes da Bassar e da A & D. De acordo com ele, os representantes da importadora e revendedora do propilenoglicol forneceram elementos “que vão facilitar as investigações”, mas que todos os documentos e produtos ainda serão periciados.Em relação à denúncia de fraude de laudos técnicos e rótulos de galões de propilenoglicol, feita pela empresa de Arujá, o responsável pelas investigações se limitou a dizer que as apurações ainda estão em curso. Conforme Genestretti, os representantes e a gerente de compras da fabricante mineira ainda serão ouvidos.
“Ontem eu ouvi o administrador e a dona da A&D. Eles forneceram elementos, prestaram informações que foram colocadas nos autos. Eles informaram que venderam o produto para uso de higiene e limpeza, forneceram as notas fiscais de venda, e afirmaram que não vendem o propilenoglicol grau USP [permitido na indústria de alimentos]. Mas, tudo isso, não quer dizer que a Tecno Clean vendeu a mercadoria fornecida pela A&D. Isso, nós saberemos após ouvir a empresa e os laudos periciais”, afirmou o delegado da Polícia Civil de São Paulo.
Estado de Minas