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Vacinação contra poliomielite, COVID e gripe tem baixa procura em BH


 

 

Por Mariana Costa e Gladyston Rodrigues


A Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) criou 11pontos de vacinação para aplicar doses de vacina contra a Paralisia Infantil, Gripe e COVID-19, neste sábado (15/10). A ação seria um reforço na campanha de vacinação infantil e teria pontos em parques e shoppings da capital mineira. Porém, no Parque Municipal, localizado na Região Central, a procura pelos imunizantes foi baixa. 

 

 

 

A reportagem do Estado de Minas esteve no local durante duas horas no período da manhã e apenas três pessoas procuraram o ponto para se imunizar. Estavam disponíveis vacinas contra a gripe para toda a população a partir dos seis meses de idade. Vacinação contra a Paralisia Infantil em crianças de 1 a 4 anos. Já o imunizante contra a COVID-19 estava disponível, exclusivamente, para crianças de 3 e 4 anos.

 

No Parque Municipal, o ponto de vacinação funcionaria das 10h às 16h. 

 

A técnica de enfermagem Valquiria Barbosa, de 30 anos, esteve no local com o filho Arthur, de 4 anos. O menino tomou a primeira dose da vacina contra a COVID-19 e também se imunizou contra a paralisia infantil. 

 

Ela conta que o parque é próximo de sua casa e o sábado é um dia mais tranquilo. "A gente aproveita para ficar no parque brincando e tomar a vacina. Já tem dias que eu queria levar ele para vacinar, mas saía tarde do serviço, não dava. Tava doida pra trazer ele para vacinar logo." 

 

A técnica de enfermagem diz estar preocupada e com medo, já que muitos pais não têm levado os filhos para se imunizarem. "É preocupante demais. Acho que são pessoas que não pegaram essas doenças. Eu mesma peguei COVID, fiquei ruim. Meu marido também pegou. Por isso eu acho importante levar meu filho para se vacinar", explica.

 

Ela acredita ainda que outros pais têm medo das reações que o imunizante pode causar nos filhos. "Tudo que eu vejo que é para vida, saúde e pro bem dele, eu gosto de correr atrás", completa.

 

 

 

O auxiliar de estoque Tiago Santos, de 39 anos, também aproveitou o sábado para levar a enteada Alice, de 4 anos, para tomar a 2a dose da vacina contra a COVID-19. "A mãe dela viu uma reportagem na internet e me pediu para trazê-la", conta. 

 

Ele disse que a escolha pelo parque foi boa porque além de imunizar a menina, eles ainda aproveitaram para passear. "Ela brincou um pouco, tomou um sorvete." Tiago observa que a procura pelos imunizantes era pequena no local. 

 

"Estava bem vazio e o parque cheio de crianças. Graças a Deus a COVID está indo embora, mas é sempre bom prevenir. Os pais deveriam se preocupar mais com a saúde das crianças e levar para vacinar", afirma. O auxiliar tem uma filha de 11 anos que também está com o cartão de vacinação em dia. 

 

 

 

Sinal de alerta 

 

A infectologista da Santa Casa BH, Cláudia Murta explica que uma cobertura vacinal ideal é quando 95% das pessoas daquela faixa etária, para a qual a vacina está indicada, são imunizadas. "De cada 100 crianças, por exemplo, temos que ter 95 vacinadas contra a poliomielite, para evitar que o vírus da doença possa circular naquela população."     

 

"Quando temos taxas de cobertura bem altas, os vírus e bactérias para os quais aquelas vacinas foram feitas não conseguem circular na população e serem transmitidos de uma pessoa para outra, causando as doenças", complementa. 

 

A médica ressalta que as coberturas vacinais, no Brasil, tem ficado abaixo do ideal nos últimos anos. "Um dos motivos é que, durante a pandemia, as pessoas ficaram muito presas em casa. Com isso, acabaram não se vacinando ou levando seus filhos para serem vacinados."

 

Outro motivo importante, segundo ela, é que as pessoas não têm notícias de casos relativos a várias doenças. "Achava-se que elas já não existiam mais, mas elas estão aí. Por exemplo, a poliomielite. Não temos casos há algumas décadas no país, mas o vírus ainda existe no mundo. Se não tivermos uma cobertura vacinal alta e o vírus for reintroduzido no nosso meio, ele vai causar a doença." 

 

A infectologista afirma ainda que as pessoas não se lembram de quão grave a doença pode ser. "A poliomielite leva a sequelas nas crianças, com dificuldades de movimentação. É uma doença grave. O Brasil também ficou sem casos de sarampo durante muitos anos. Infelizmente, a cobertura vacinal estava baixa e o vírus voltou a circular no nosso meio, causando mortes até de adultos."  

 

Cláudia lembra que o fato das pessoas não terem conhecimento de casos das doenças, não significa que elas estão erradicadas. "Nosso Programa Nacional de Imunização contempla muitas doenças, é um programa exemplar no mundo todo e é preciso que a gente tome consciência de que a vacinação precisa ser feita. Vacinação infantil, de adultos e idosos, dependendo das indicações para cada faixa etária e para aqueles que têm alguma doença importante."

 

Ela aponta ainda que, às vezes, as pessoas ficam preocupadas com o efeito colateral de vacinas. "Mas temos que lembrar que elas são os produtos farmacêuticos considerados mais seguros na atualidade. Então, isso também não é um motivo para que a gente deixe de se vacinar."

 

A reportagem entrou em contato com a PBH para saber se em outros pontos a procura pelos imunizantes também foi baixa. Em nota, a Prefeitura informa que "o balanço desta ação, em conjunto com as doses aplicadas no feriado de 12 de outubro, está previsto para ser divulgado na próxima segunda-feira, 17 de outubro.

 

Durante toda a semana, as vacinas estão disponíveis nos Centros de Saúde. Os endereços e horários de vacinação devem ser conferidos no portal da Prefeitura."

 

A PBH informou ainda que, no momento, a cobertura vacinal contra a gripe está em 72%.  Já contra a Pólio é de 74,6%. No caso da COVID, 19,7% das crianças de 3 e 4 anos tomaram a 1a dose, segundo boletim epidemiológico divulgado em 11 de outubro.  

Estado de Minas

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