No inverno, os ipês. Na primavera, os flamboiãs. Com o fim da temporada mais fria do ano em Belo Horizonte, novas cores tomam conta da paisagem da capital mineira e municípios vizinhos. Em outubro, mês de florada da Delonix regia, cores que vão do amarelo-laranja ao vermelho vivo encantam os belo-horizontinos que passam por praças, parques e canteiros da cidade.
Ao todo, estima-se que haja quase 4 mil espécimes de flamboiãs distribuídos pelos espaços públicos de BH. Eles estão em locais como a Praça Floriano Peixoto, no Bairro Santa Efigênia, na Região Centro-Sul, no Parque Municipal Américo Renné Giannetti, no Centro, e nos canteiros centrais das avenidas Olegário Maciel e Nossa Senhora do Carmo.
A árvore, que também se destaca pela amplitude da copa e altura do tronco, chegando a ter entre 10 e 15 metros, é facilmente adaptável a diversos tipos de solo e está na 21ª posição no quadro geral das espécies mais comuns na vegetação da capital mineira. Os flamboiãs começaram a ser plantados ainda no início da construção de Belo Horizonte e se distribuem, de acordo com Inventário das Árvores de Belo Horizonte (SIIA-BH), que já catalogou mais de 300 mil árvores de várias espécies, pelas regiões Centro-Sul (637), Leste (256), Noroeste (359), Oeste (641), Pampulha (702) e Venda Nova (1).
Entretanto, por causa da estrutura de suas raízes, explica o diretor de Gestão Ambiental da Secretária Municipal de Meio Ambiente (SMMA), Dany Amaral, os parques e as praças são os espaços ideias para flamboiãs. “Suas raízes têm o diâmetro grande e costumam ficar expostas, o que dificulta o plantio em alguns logradouros, já que podem quebrar o passeio ou se tornar obstáculo para a passagem das pessoas. Por isso, para o desenvolvimento pleno da árvore, áreas de preservação com grande espaço disponível é o ideal”, disse.
RELEVÂNCIA Para Hamilton Moreira, professor da Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), os flamboiãs têm não somente relevância ambiental, mas também afetiva e elevam a qualidade de vida dos moradores da cidade. “Por ser uma árvore, ele tem uma importância significativa para o meio ambiente e a condição de vida em BH. Além disso, a espécie tem características interessantes, como a copa larga, permitindo sombreamento, e a sua beleza, que chama muita atenção e, por estar presente na paisagem, fica na nossa memória afetiva” afirma.
O flamboiã é uma espécie da família Leguminosae, originária da Ilha de Madagascar, na África. A primeira semente foi plantada no Brasil em meados do século 19 e o nome da árvore, de origem francesa, significa flamejante, termo que remete à intensa coloração vermelha das flores. Estas podem chegar a sete centímetros, formando grandes cachos, e costumam cair no mês de março, quando começa a frutificação.
Além do vermelho vivo, há uma variedade nessa espécie de nome Delonix flavida que tem flores em tons amarelos. “Assim como outros exemplares, o flamboiã requer um pouco de cuidado na sua utilização no espaço urbano. Também é preciso pensar na funcionalidade, afinal, cada local tem uma característica. Mas, sem dúvida, ele é uma das árvores que pode ser necessária na construção do paisagismo e melhoria das condições ambientais da cidade. Apesar de não ser natural do Brasil, se ambientou muio bem aqui”, disse o professor da UFMG.
Segundo Moreira, pensar nas árvores como um todo é importante. Especialmente pelo fato de Belo Horizonte ser reconhecida como uma cidade de excelência na arborização. “De fato, essa característica permanece em boa parte da cidade, mas ainda temos locais que precisam de uma arborização mais adequada. Com isso, pensar na paisagem urbana também é pensar na diversidade. No caso do flamboiã, temos uma imagem vigorosa, é uma árvore interessante e muito bonita e, até mesmo as raízes expostas, podem ter sentido no projeto paisagístico”, analisou.