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BRASIL

O que explica a retirada recorde de valores da poupança no Brasil?


A retirada líquida de valores da poupança no Brasil bateu novo recorde em outubro, com saques que somaram R$ 11,01 bilhões. O valor é o maior para o mês desde 1995, segundo o Banco Central, e integra o montante de R$ 102,08 bilhões de retirada no acumulado desde janeiro no país - também a maior quantia dos últimos 27 anos. Mas quais motivos explicam um volume cada vez mais acentuado de depósitos em vez de saques nas contas da poupança mesmo com o rendimento ganhando da inflação?

As explicações passam por fatores distintos, como a crise econômica, que levou cerca de 30% da população brasileira à inadimplência, segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) informou em outubro. Outras causas que levam à retirada de valores das poupanças é a taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%, que garante rendimentos melhores que a poupança em outras aplicações como o tesouro direto.

O professor e educador financeiro Sandro Borges diz que o cenário político, de indefinição até o final de outubro, também contribuiu para as retiradas em valor recorde. “Esse momento turbulento econômico, pode ter levado algumas pessoas a pensar que deixar o dinheiro na poupança poderia acontecer como na década de 90”, sugeriu o especialista ao lembrar a política de confisco praticada pelo governo do então presidente Fernando Collor de Mello.

O problema permanece, segundo ele, agora com as dúvidas sobre quais serão as políticas econômicas do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Borges acredita que hoje muitas pessoas estão retirando os valores e aplicando em outras modalidades de investimento com maior rentabilidade, para evitar perdas. Ele afirma que o uso de títulos de renda fixa, em especial o Tesouro Direto e as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e Crédito do Agronegócio (LCA) acabam sendo mais atrativas.

“A poupança hoje está rendendo nos últimos 12 meses ela rendeu 7.44. Agora imagina ter uma Selic que rende 13,75%? Se você aplicar no Tesouro IPCA+, por exemplo, você está conseguindo um retorno quase 100% acima da inflação”, acrescentou o educador. Sandro Borges afirma que para quem deseja conhecer as possibilidades de ganhos em cada modalidade pode conferir os percentuais no site do Tesouro Direto.

Na avaliação do especialista, o apelo por educação financeira, reforçado fortemente com o crescimento de canais de educação financeira autônomos, ou ligados a instituições financeiras, acabam direcionando a população a promover a retirada das poupanças. “Temos visto um investimento massivo dos bancos, da própria bolsa, de organismos institucionais e nacionais falando de educação financeira. Buscando educar as pessoas para que elas possam entender melhor de juro composto, taxa selic, de como a inflação corrói o poder real de compra. As pessoas estão começando a ficar preocupadas com esses temas econômicos e de seus investimentos”, acrescentou.

Ganhos

Os rendimentos da poupança voltaram a ganhar da inflação por causa dos aumentos da taxa Selic, mas outras aplicações de renda fixa são mais atraentes que a poupança. Até recentemente, a poupança rendia 70% da Taxa Selic (juros básicos da economia). Desde dezembro do ano passado, a aplicação passou a render o equivalente à taxa referencial (TR) mais 6,17% ao ano, porque a Selic voltou a ficar acima de 8,5% ao ano.

Atualmente, os juros básicos estão em 13,75% ao ano, o que fez a aplicação financeira deixar de perder para a inflação pela primeira vez em dois anos. Nos 12 meses terminados em outubro, a aplicação rendeu 7,44%, segundo o Banco Central. No mesmo período, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor-15 (IPCA-15), que funciona como prévia da inflação oficial, atingiu 6,85%. O IPCA cheio de outubro será divulgado no próximo dia 10 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Histórico

Em 2020, a poupança tinha registrado captação líquida (depósitos menos saques) recorde de R$ 166,31 bilhões. Contribuíram para o resultado a instabilidade no mercado de títulos públicos no início da pandemia de covid-19 e o pagamento do auxílio emergencial, depositado em contas poupança digitais da Caixa Econômica Federal.

No ano passado, a poupança tinha registrado retirada líquida de R$ 35,5 bilhões. A aplicação foi pressionada pelo fim do auxílio emergencial, pelos rendimentos baixos e pelo endividamento maior dos brasileiros. A retirada líquida – diferença entre saques e depósitos – só não foi maior que a registrada em 2015 (R$ 53,57 bilhões) e em 2016 (R$ 40,7 bilhões). Naqueles anos, a forte crise econômica levou os brasileiros a sacarem recursos da aplicação.

(*Com Agência Brasil)

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