"O que nós vamos investigar é justamente a facilidade que ele teve no acesso a essas armas, se o pai confiava que ele não tinha interesse em mexer nelas", disse o delegado-geral da Polícia Civil no Espírito Santo, José Darcy Arruda. Segundo o investigador, o adolescente demonstrou ter conhecimento em táticas de assalto e quais equipamentos seriam necessários. Para arrombar o cadeado de um portão da primeira escola que atacou, a estadual Primo Bitti, o adolescente usou um tipo de alicate especial, utilizado pela própria polícia durante operações. A investigação quer entender como ele obteve o equipamento.
A família disse em depoimento à polícia que ele fazia tratamento psicológico, mas a investigação não tem certeza se o adolescente tem algum distúrbio psicológico. Ao ser ouvido pela polícia, segundo Arruda, o jovem admitiu os crimes e disse que planejou a ação por dois anos. Ele também teria afirmado no depoimento que sofria bullying na escola - ele estudou na Primo Bitti até junho, quando foi transferido a pedido da família.
QUARTA VÍTIMA
A Secretaria de Saúde do Espírito Santo confirmou a morte da quarta vítima dos ataques. Flávia Amoss Merçon Leonardo tinha 38 anos e era professora da Escola Estadual Primo Bitti. Ela estava internada no Hospital Estadual Dr. Jayme dos Santos Neves, na Serra. A confirmação da morte ocorreu na tarde deste sábado (26/11). Outras três pessoas morreram em decorrência do ataque. A estudante Selena Zagrillo, 12 anos, e as professoras Maria da Penha Pereira de Melo Banhos, 48 anos, e Cybelle Passos Bezerra, 45 anos.
Ainda há mais cinco vítimas internadas, duas em estado grave. Uma delas é um menino de 14 anos, que teve perfurações na barriga, e a outra é uma menina de 14, que levou um tiro na cabeça e está entubada. Neste sábado a Polícia Civil do Espírito Santo anunciou que o autor do atentado nas duas escolas de Aracruz deverá responder por ato infracional correspondente aos crimes de 10 tentativas de homicídio qualificada e três homicídios qualificados (a professora Flávia Amoss não havia falecido até o anúncio da polícia), todos com o agravante de crime por motivo fútil e com impossibilidade de defesa da vítima. Hoje, a pena máxima para ato infracional cometida por menores de idade é de três anos. SÍMBOLO NAZISTA
Ao invadir as escolas, o jovem usava roupa camuflada com uma suástica nazista no braço, chapéu, e tinha o rosto coberto por uma máscara de caveira. O suspeito de ser autor dos crimes foi apreendido na sexta-feira (25/11) na casa onde mora. O primeiro ataque aconteceu por volta das 9h30 na Escola Estadual de Ensino Médio Primo Bitti, na qual o acusado estudou até junho. Lá, o jovem atirou várias vezes no pátio e, depois, dirigiu-se à sala dos professores, onde fez mais disparos. Depois de alvejar as vítimas, o atirador fugiu em um carro e se dirigiu até o Centro Educacional Praia de Coqueiral, antigo Centro Darwin. A escola, que é particular, fica na mesma via da primeira instituição atacada. Segundo o secretário de Segurança Pública, Márcio Celante, no local "ele fez a mesma coisa: entrou nas salas efetuando disparos. Atingiu cerca de cinco pessoas e um óbito foi confirmado no local. Os feridos foram socorridos em hospitais da região".
Estado de Minas