A diretoria colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso emergencial de duas vacinas bivalentes contra a Covid-19 produzidas pela Pfizer. A vacina bivalente oferece imunização contra mais de uma cepa do coronavírus. A primeira versão apresentada pela fabricante foi desenhada com a cepa original do Sars-CoV-2 e a ômicron BA.1, que se alastrou rapidamente por todo o mundo. Também houve a aprovação de uma nova versão da vacina que possui a cepa original do vírus e conta com as subvariantes BA.4 e BA.5.
As vacinas são indicadas como dose de reforço na população acima de 12 anos de idade, ou seja, após três meses da aplicação do esquema primário completo. Podem ser aplicadas também como segunda dose de reforço -ou quarta dose. "Os dados permitem concluir que as vacinas bivalentes atualizadas irão resultar em benefício clínico, com o aumento de proteção e da duração da proteção contra a variante e as subvariantes da ômicron, quando administradas como dose de reforço", disse o gerente-geral de Produtos Biológicos da Anvisa, Fabrício de Oliveira.
Segundo a diretora relatora da Anvisa, Meiruze de Sousa Freitas, o uso das vacinas bivalentes pode ajudar os brasileiros, especialmente os vulneráveis, a evitar doenças graves ou a morte. "Mas destaco que a aprovação da bivalente não desautoriza o uso das vacinas monovalentes aprovada pela Anvisa ou adquiridas por meio do Covax Facility", disse em seu voto. Membros da agência ouvidos pela reportagem disseram que não seria necessária a aplicação de duas vacinas bivalentes na mesma pessoa, podendo tomar uma ou outra. O importante seria concluir o esquema vacinal.
bivalente BA.1: protege contra a cepa original e também contra a subvariante ômicron BA.1;
bivalente BA.4/BA.5: protege contra a cepa original e também contra as subvariantes ômicron BA.4/BA.5.
O imunizante bivalente BA.1 está aprovado em 35 países. Já o bivalente BA.4/BA.5 está aprovado em 33 países, como Canadá, Japão, Reino Unido, Estados Unidos, União Europeia, Austrália e Singapura. As vacinas produzidas no primeiro ano da pandemia, que utilizam apenas a forma ancestral do coronavírus em sua formulação, apresentam eficácia reduzida frente às novas cepas, principalmente para proteção de casos leves e moderados.
Por isso, para infectologistas, o Brasil deveria iniciar a aplicação do reforço com as novas vacinas bivalentes em pessoas imunossuprimidas e profissionais de saúde,
por exemplo. "O que estamos vendo nos países do hemisfério Norte é a atualização justamente com essa vacina bivalente. Seria interessante que já tivesse início essa discussão no Programa Nacional de Imunização (PNI) para o ano que vem", afirmou o infectologista e pesquisador da Fiocruz, Julio Croda, em reportagem da Folha de S.Paulo publicada no último dia 9.
É importante reforçar que as doses disponíveis neste momento nas salas de vacinação de todo Brasil são eficazes contra a doença e protegem contra casos graves e óbitos. Os brasileiros devem procurar os postos de vacinação mesmo após o prazo para a dose de reforço. (RAQUEL LOPES/Folhapress)