Geral BRASIL

Atirador foi para casa, guardou armas e almoçou após invadir escolas em Aracruz

Por Redação

28/11/2022 às 12:28:15 - Atualizado há

O atirador que matou quatro pessoas após invadir e atirar contra professores e alunos em duas escolas de Aracruz, no Espírito Santo, retornou para casa, guardou as armas utilizadas, almoçou e conversou com os pais sobre o assunto, sem assumir a autoria do massacre, antes da família ir para uma casa de praia na região de Mar Azul. As informações foram repassadas à imprensa nesta segunda-feira (28) em coletiva concedida pelas forças de segurança do Estado.

O superintendente de Polícia Civil, delegado João Francisco Filho, disse que o responsável manteve frieza e só contou aos familiares que ele era o autor do atentado pouco antes da chegada da polícia ao imóvel da família. "Ele volta pra casa em Coqueiral, pega as armas, todos os objetos que usou na ação e até os que ele não utilizou e guarda nos lugares para que os pais não desconfiassem que ele tinha usado. Coloca tudo onde estava e fica no interior da casa como se nada tivesse acontecido. Os pais chegam e ele reage naturalmente", detalhou o delegado.

Segundo a corporação, logo que chegaram à casa da família em Coqueiral, os pais comentaram sobre o ocorrido nas escolas com o atirador. Ele chegou a conversar sobre o assunto com os pais, mas, segundo a polícia, não manifestou a autoria do atentado. "Na data dos fatos, os pais saem em outro veículo para fazer compras no Centro de Aracruz. Ele sabia que eles tinham saído de Coqueiral e que isso demandaria um tempo. Então ele vestiu a roupa camuflada, se apossou dos objetos no interior da casa que poderiam ajudá-lo na ação, em especial as armas de fogo, pega o segundo automóvel, cobre as duas placas do veículo com folhas e se desloca", detalhou Figueiredo.

As investigações já identificaram que o adolescente, filho de um policial militar, e os familiares tinham simpatia às ideias nazistas. Episódios de bullying que ele teria sofrido também podem ter motivado o massacre, segundo o delegado titular da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Aracruz, delegado André Jaretta.

Introspectivo e fora da escola

De acordo com as investigações, a família ainda não informou o que motivou o início do tratamento psicológico e psiquiátrico que o atirador era submetido. Nas conversas iniciais, os policiais obtiveram, apenas, detalhes sobre o comportamento do atirador. "Ele era introspectivo, conversa pouco com a família. Não tinha relação de amizade com o pai e mãe e aí eles perceberam que havia algo de incomum", informou o delegado André Jaretta.

O policial ainda afirmou que o atirador não estava estudando desde julho, quando pediu desligamento da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti. "Ele parou (de estudar) com a anuência da família. Saiu da escola e não voltou", ponderou.

O que sabemos sobre a ação do atirador?

Como o atirador agiu?

De acordo com o secretário de Segurança Pública e Defesa Social do Espírito Santo, coronel Márcio Celante, o atirador estava vestido com roupa camuflada e com uma máscara no rosto. O menor arrombou os cadeados para invadir as duas escolas.

De acordo com a Polícia Militar da região, o crime aconteceu por volta das 10h desta sexta-feira (25/11). Inicialmente, o atirador invadiu a escola Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti e disparou contra professores que estavam na sala para os docentes. Na sequência, seguiu para uma escola particular, Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC), e fez novos disparos contra os docentes e alunos.

Ele usou duas armas do pai, que é Policial Militar no Estado. Uma pistola.40, de uso em serviço, e um revólver calibre 38, comprada pelo agente de segurança para uso particular, mas que acabou sendo utilizada pelo adolescente. O adolescente relatou que dirigiu o carro do pai para ir às escolas e tampou a placa do veículo durante o ataque.

Com tranquilidade, ele deu detalhes de como agiu aos policiais e informou que a roupa utilizada por ele tinha um símbolo da suástica, que representa o nazismo, informou o delegado João Francisco Filho.

Quem participou da ação?

A PM trabalha com a informação de que houve mais de uma pessoa envolvida na ocorrência. Equipes da Polícia Civil atuam na investigação e vão periciar equipamentos eletrônicos do adolescente para verificar possíveis motivações. O ataque, segundo o superintendente de Polícia Civil da Regional Norte, delegado João Francisco Filho, estava sendo planejado há dois anos.

O adolescente era ex-aluno da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, onde permaneceu matriculado até junho.

Apreensão do atirador

À tarde, o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), informou que o adolescente foi apreendido na casa dele. O menor estava em casa, quando foi localizado pelos agentes. A Polícia Civil destacou que a prisão foi possível pelo monitoramento de câmeras que possibilitaram chegar ao destino final.

Aulas suspensas

Em nota, a Prefeitura de Aracruz, por meio da Secretaria Municipal de Educação (Semed), informou que não há vítimas entre alunos e funcionários da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Coqueiral, que fica localizada ao lado de onde ocorreu o fato. Todos estão seguros e sendo assistidos pela prefeitura.

Já a direção do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) emitiu nota afirmando que lamenta "profundamente o grave incidente". "Nos solidarizamos com todos os que passaram por esse momento de extremo horror, incluindo nossos alunos, nossas equipes e seus respectivos familiares", diz o texto.

A instituição afirma que busca entender a extensão do ataque que vai deixar "mais profundas". "Contamos com a eficiência das forças policiais para que os responsáveis por esse ataque sejam presos e respondam por seus atos", finaliza a nota.

Quem são as vítimas?

A Secretaria de Estado de Saúde do Espírito identificou três professoras que morreram. Cybelle Passos Bezerra Lara, de 45 anos, lecionava matemática, Maria Da Penha Pereira De Melo Banhos, de 48, professora de arte e Flávia Amboss Merçon Leonardo, de 38, professora de sociologia.. As docentes trabalhavam na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti.

A outra vítima, de 12 anos, é aluna do Centro Educacional Praia de Coqueiral (CEPC) e não teve a identidade revelada. Outras seis vítimas baleadas estão internadas em estado grave. Um menino de 11 anos e uma adolescente de 14 estão em estado gravíssimo com perfurações na região abdominal e no crânio. Outras duas professoras estão em estado grave e foram submetidas a cirurgias.

Há ainda uma terceira vítima hospitalizada, com perfurações nos membros inferiores. Conforme a pasta, ela realiza exames laboratoriais e de imagem.

Repercussão

O governador Renato Casagrande decretou luto oficial de três dias no Estado. “Decretei luto oficial de três dias em sinal de pesar pelas perdas irreparáveis. Continuaremos apurando as motivações e, em breve, teremos novos esclarecimentos”, publicou no Twitter.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou o atentado como “tragédia absurda”. "Com tristeza soube do ataque as escolas de Aracruz, Espírito Santo. Minha solidariedade aos familiares das vítimas dessa tragédia absurda. E meu apoio ao governador @Casagrande_ES na apuração do caso e amparo para as comunidades das duas escolas atingidas", disse Lula.

Fonte: O TEMPO
Comunicar erro
Dia a Dia Notícias

© 2024 Copyright © 2023 - Dia a Dia Notícias. Todos os direitos reservados.

•   Política de Cookies •   Política de Privacidade    •   Contato   •

Dia a Dia Notícias
Acompanhante loira