Vários rumores sobre o "sumiço" de Jair Bolsonaro após a derrota nas eleições tomaram conta das redes sociais nos últimos dias. Um deles dava conta de que o presidente estava recluso no Planalto por causa de uma infecção na pele. Nesse domingo (04/12), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-Rio) confirmou que o pai teve erisipela. Em uma publicação no Telegram, o filho do presidente postou uma foto da perna de Bolsonaro com ferimentos. O vice-presidente Hamilton Mourão também já havia dito que Bolsonaro estava com erisipela. Ao dar a notícia, Carlos Bolsonaro tranquilizou os apoiadores do pai afirmando que ele está em processo de recuperação e "muito bem".
Mas, afinal, que doença é essa? Quais são os sintomas e o tratamento? De acordo com o Ministério da Saúde, a erisipela é um processo infeccioso da pele, que pode atingir a gordura do tecido celular, causado por uma bactéria que se propaga pelos vasos linfáticos. Pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, mas é mais comum nos diabéticos, obesos e nos portadores de deficiência da circulação das veias dos membros inferiores. Ela não é contagiosa.
Um dos primeiros sinais da doença é vermelhidão e inchaço na perna. “Erisipela é uma infecção por uma bactéria. Normalmente essa bactéria vive habitualmente na nossa pele. De repente, se ela encontra uma porta de entrada, ela vai criar uma infecção e às vezes o paciente é internado porque ela é muito séria. Tem gente que tem febre alta, vômito, diarreia e desidrata, tem que ir para o hospital e às vezes tomar antibiótico na veia para curar essa infecção”, explicou o cirurgião vascular mineiro e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Bruno Naves, em entrevista a Agência Brasil.
O Ministério da Saúde informa que a erisipela ocorre porque uma bactéria, geralmente a estreptococo, penetra na pele, sendo a que a porta de entrada "quase sempre é uma micose entre os dedos (as famosas “frieiras”), mas qualquer ferimento pode desencadear o mal". A pele mais favorável é a das pernas inchadas, principalmente nos pacientes diabéticos, obesos e idosos.
Os primeiros sintomas podem ser aqueles comuns a qualquer infecção: calafrios, febre alta, fraqueza, dor de cabeça, mal-estar, náuseas e vômitos. As alterações da pele podem se apresentar rapidamente e variam desde uma simples vermelhidão, dor e inchaço até a formação de bolhas e feridas por necrose (morte das células) da pele.
A localização mais frequente é nos membros inferiores, na região acima dos tornozelos, mas pode ocorrer em outras regiões como face e tronco. No início, a pele se apresenta lisa, brilhosa, vermelha e quente. Com a progressão da infecção, o inchaço aumenta, surgem as bolhas com conteúdo amarelado ou cor de chocolate e, por fim, a necrose da pele. É comum o paciente queixar-se de “íngua” (aumento dos gânglios linfáticos na virilha).
Quando o paciente é tratado logo no início da doença, as complicações não são tão evidentes ou graves. No entanto, os casos não tratados a tempo podem progredir com abscessos, ulcerações (feridas) superficiais ou profundas e trombose de veias. A seqüela mais comum é o linfedema, que é o inchaço persistente e duro localizado principalmente na perna e no tornozelo, resultante dos surtos repetidos de erisipela.
O tratamento é uma combinação de várias medidas realizadas ao mesmo tempo e só deve ser administrado pelo médico:
As crises repetidas de erisipela podem ser evitadas através de cuidados higiênicos locais, mantendo os espaços entre os dedos sempre bem limpos e secos, tratando adequadamente as frieiras, evitando e tratando os ferimentos das pernas e tentando manter as pernas desinchadas. Deve-se evitar engordar, bem como permanecer muito tempo parado, em pé ou sentado. O uso constante de meia elástica é uma grande arma no combate ao inchaço, bem como fazer repouso com as pernas elevadas sempre que possível.
*Com informações de Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular e Drauzio Varella