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Educação

'Se não houver doações ou verba, não temos o que dar aos animais', diz gerente do antigo zoológico da UFMT após bloqueio no Orçamento


Cerca de 300 bichos, incluindo onça-pintadas e jacarés, em recuperação estão nesta situação. ONGs e associações se mobilizam para reunir doações conforme demanda diária para suprir necessidades sem gerar desperdícios. Animais na UFMT enfrentam escassez de alimentos após cortes orçamentários

Sérgio Borges/TV Centro América

A gerente do antigo zoológico da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Sandra Helena Ramiro Correa, afirmou nesta sexta-feira (9) que se não houver doações ou a viabilização da verba, os animais do abrigo podem passar fome. Isso ocorre após o bloqueio orçamentário feito pelo governo federal que atingiu todas as universidades do país.

Entidades, associações e moradores têm se mobilizado para angariar donativos conforme demanda diária dos 300 animais que vivem no, agora chamado, Centro de Medicina e Pesquisa em Animais Silevestres (Cempas).

Conforme a gerente, o centro tem alimento suficiente para apenas uma semana. As despesas semanais no local costumam ficar em torno de R$ 30 mil e, sem esse recurso, todas as atividades e a alimentação fica prejudicada. Os valores empenhados neste mês foram cancelados, de acordo com a direção do centro.

"Se não houver doações ou viabilização da verba, não temos o que dar aos animais. Alguns deles tem alimentação muito específica, como os jacarés, que só comem pescado, e as onças, que comem carne", contou.

O reitor da UFMT, professor Evandro Soares, explicou à TV Centro América que a situação é delicada e conta com ajuda da associação É O Bicho e da ONG Ampara Animal para suprir a alimentação no Cempas, mas que ainda não falta comida aos animais.

"Essa parceria foi buscada como uma garantia, caso os recursos não cheguem ou caso não fossem suficientes, nós teríamos a ajuda de todas as ONGs, que é o que está acontecendo no momento. Então, a alimentação dos animais tem ocorrido normalmente. A própria UFMT ainda tem recursos para isso", minimizou.

Segundo o reitor, a Fundação Uniselva, que é um fundo de desenvolvimento dentro da UFMT, se comprometeu a destinar aos animais parte da arrecadação de uma corrida que será realizada no fim de semana no campus.

Jacarés descama na sombra no Cempas da UFMT

Sérgio Borges/TV Centro América

Ao g1, a presidente e fundadora da associação É O Bicho, Jenifer Larrea, contou que está concentrando as doações dos alimentos sob seus cuidados, porque o Cempas não possui uma câmara fria para armazenar as frutas e legumes a serem consumidos pelos animais.

"Enquanto não tiver esse desbloqueio orçamentário específico sobre alimentação aos animais, nós vamos dar esse suporte. Temos um canal muito aberto com os responsáveis e temos toda a responsabilidade nessa ação", explicou.

Ela alerta que, apesar da situação preocupante, as doações não podem chegar todas de uma vez, pois não há como conservá-las e o risco de perder os alimentos é grande.

"Nós estamos falando de alimentos perecíveis, são frutas que, nesse calor de Cuiabá, já estamos perdendo de forma rápida. Por mais que tivesse uma câmara fria, não seria o certo. Por isso, estamos orientando para comprar conforme a demanda diária, senão a população se comove e passa a informação incorreta e acaba trazendo um transtorno, porque os alimentos podem estragar", disse.

Praça do Restaurante Universitário na UFMT

UFMT/Divulgação

Bloqueios

Na quinta-feira (8), a UFMT anunciou que irá pagar as bolsas e auxílios aos estudantes após uma liberação parcial dos recursos pelo Ministério da Educação (MEC). Ao todo, são cerca de R$ 1,4 milhões repassados à instituição depois de terem sido contingenciados.

Contudo, a universidade acumula um déficit de R$ 5,2 milhões, o que compromete serviços em geral e todas as atividades acadêmicas, além de afetar diretamente os estudantes que precisam desse auxílio para continuar os estudos.

O novo bloqueio de gastos no Orçamento de 2022 foi feito no dia 22 de novembro, na ordem de R$ 5,7 bilhões, o que afetou todas as universidades e institutos federais no país. Na UFMT, o impacto ficou em torno de R$ 13,7 milhões.

G1

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