A criação de um útero artificial para a "produção" de bebês chamou a atenção de internautas no decorrer da semana, após a divulgação de um vídeo conceitual do biotecnólogo alemão Hashem Al-Ghaili apresentando a tecnologia. Mas apesar da ideia um tanto quanto inovadora, o projeto está longe de se tornar realidade no Brasil e até mesmo em outros países - inclusive os desenvolvidos.
A avaliação é do médico geneticista pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Caio Graco Bruzaca. O especialista destacou que ainda não há nenhuma tecnologia capaz de substituir o útero feminino para o desenvolvimento do embrião e do feto. A tese, segundo ele, também se aplica ao processo reprodutivo de animais mamíferos.
“Para que uma gravidez ocorra, é preciso um útero para que o embrião se desenvolva, têm as trocas de sangue da mãe com o bebê e todo processo genético de formação do bebê, metilação de genes que ocorre durante a gravidez”, disse Bruzaca.Para o geneticista, o conceito alemão é improvável até mesmo pensando em um cenário de dez anos. “Em ficção científica, pode até ser que exista uma tendência para que esse fenômeno ocorra”, indica o médico.
Para Caio Bruzaca, a tecnologia pode ser uma realidade mais próxima a países em que as taxas de mortalidade e natalidade se apresentam em patamares semelhantes. “Mas o que a gente precisa lembrar é que não tem pesquisas em humanos para esse tipo de tendência. É ideia que a gente vê em filme de iniciação científica”, complementou o médico citando a série de filmes Matrix.
Atualmente, uma das tecnologias mais avançadas é a fertilização in vitro. Na prática, a técnica coleta óvulos diretamente de ovários da mulher para fertilização com sêmen em laboratório. O processo é feito em laboratório em uma incubadora sob a temperatura de 37º C por 5 dias até retornarem ao útero materno para desenvolvimento.
Entenda
Um vídeo de instalação 100% tecnológica capaz de carregar e parir fetos humanos fora do corpo humano chamou a atenção da internet, nesta semana, que questionam o futuro da gestação. As informações são do jornal britânico Metro.
Nas imagens, é possível ver uma fila de bebês crescendo dentro de algo que parece casulo. A iniciativa faz parte de um conceito idealizado pelo alemão Hashem Al-Ghaili, um biotecnólogo. Segundo ele, a fábrica ofereceria uma maneira para os pais produzirem bebês personalizados. Contudo, apenas restrições éticas estão impedindo a implementação.
Chamado de EctoLife, a “primeira instalação de útero artificial do mundo” é apenas um conceito, que produziria até 30.000 bebês por ano e contaria com a possibilidade de edição de genes. Em entrevista ao The Mirror do Reino Unido, Al-Ghaili argumenta que tal recurso ajudaria os países que enfrentam um grave declínio populacional.
O conceito de EctoLife é baseado em mais de cinquenta anos de “pesquisa científica inovadora” por pesquisadores em todo o mundo, diz Al-Ghaili. A instalação - que funcionaria com energia renovável - planeja abrigar 75 laboratórios, cada um equipado com até 400 cápsulas de crescimento ou úteros artificiais, relata o jornal Metro do Reino Unido.
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